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Dia das Meninas nas TIC 2023 é comemorado neste 27 de abril
Neste dia 27 de abril é comemorado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) o Dia das Meninas nas Tecnologias da Comunicação e da Informação (Girls in ICT Day), data que tem como objetivo inspirar e encorajar meninas a buscarem um futuro nas TICs e capacitá-las, garantindo que tenham as habilidades, a confiança e o apoio necessários para atingir seus objetivos
Para celebrar a data, cujo tema este ano é “Habilidades digitais para a vida”, a Anatel realizou em conjunto com o Escritório Regional para as Américas da UIT um encontro em sua sede em Brasília (DF) com 30 estudantes de duas escolas da região no dia 24 de março.
A superintendente de Relações com Consumidores, Cristiana Camarate, falou às estudantes da importância de as jovens “saberem que têm essa possibilidade de entrar nas TICs (termo usado para designar profissões ligadas à Tecnologia da Informação e Comunicação)” e a representante da UIT, Ana Veneroso, afirmou que mesmo as profissões clássicas, como medicina e ensino, necessitam de pessoas que inovem na ciência e tecnologia.
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, destacou que as TICs têm uma grande demanda de mão de obra e alto potencial de crescimento na economia. Ele também citou o fenômeno do nômade digital, recurso adotado por empresas, incluindo multinacionais, que, em alguns casos, permite o trabalho remoto com o profissional sediado em um país diferente do contratante.
Atualmente, apenas 28% da força de trabalho das carreiras STEM no mundo é composta por mulheres, informou Felipe Dantas, da UIT. Marise De Luca, do Grupo Mulheres do Brasil, destacou a necessidade de incentivo às mulheres nas TICs e que infelizmente, mesmo com o esforço, o número está diminuindo. A professora do centro de cosmologia e gravitação da Universidade de Yangzhou na China e criadora do Canal Bariogênese no YouTube, Larissa Santos, afastou um receio de muitas meninas, a de que mulheres teriam se masculinizar para entrar na carreira científica, o que não ocorre na Física, informou.
A força do exemplo
A engenheira de telecomunicações e servidora da Anatel Adriana da Silva descreveu sua trajetória de desafios e conquistas. Estudante de escola pública, se graduou no ano de 2001 em um ambiente predominantemente masculino. Vitoriosa na carreira, lembrou como um capacete rosa, que recebeu no seu primeiro emprego como engenheira e que pode ser visto como um gesto de gentileza da corporação, facilitava aos colegas a identificarem em momentos de desafios, como ao escalar torres e altas infraestruturas, e se tornava, assim, um incômodo profissional por receber uma atenção não desejada.
O professor do Centro de Ensino Fundamental 1 (CEF 1) da Candangolândia Flávio Sérgio da Silva analisou que “as vivências e o exemplo das palestrantes vão motivar com que o trabalho em sala de aula das meninas seja feito com mais ânimo”. “Se aquelas mulheres chegaram lá, a gente também pode”, disse, resumindo o efeito do exemplo das mulheres no pensamento das meninas.
A estudante Beatriz de Lima acha interessante mulheres na ciência e que essa possibilidade pareceu mais concreta após o Girl in ICT. “As mulheres devem mostrar que têm capacidade de fazer bastante coisa e, também, de entrar na ciência”, disse. E para a sua colega Júlia Campos Gomes, o Girl in ICT a faz pensar também em entrar nesta área “porque tem poucas mulheres e mostrar para outras como é interessante o mundo da robótica”. A importância das mulheres que trabalham com isso se destacou para ela, que sonha em “levar o nome do Brasil para fora”.
Para a supervisora do Centro de Ensino Médio Juscelino Kubitschek, Graice Araújo dos Santos, a importância do evento foi produzir perspectivas para o futuro nas estudantes. A professora planeja que as estudantes repliquem os conhecimentos adquiridos. “Planejamos fazer uma ação para que elas possam repassar a experiência que tiveram (aos outros alunos)”, disse. Lara Nazario, aluna do segundo ano do ensino médio que pensa em fazer uma graduação em Biomedicina, repercutiu a fala de Marise De Luca. “Ela disse que se alguém falar que você não consegue, eu vou perguntar: por que eu não consigo? E vou tentar aquilo que eu gosto, aquilo que eu quero fazer”. Perguntar o porquê ao outro permite revelar a motivação do julgamento, se é por uma preocupação genuína com a pessoa ou motivado por um preconceito a ser combatido.
Meninas na Computação
As estudantes receberam uma aula de programação em arduino (uma placa de circuitos eletrônicos de código aberto) oferecida pelo projeto Meninas na Computação, que atende estudantes de escolas públicas do Distrito Federal e Goiás. O professor de matemática e programador Carlos Alberto explicou que a equipe é composta por ex-alunas do projeto quando estudantes do ensino médio e que atualmente são estudantes universitárias. Muitas ex-participantes desenvolvem carreiras tecnológicas em multinacionais ou órgãos públicos, informou.
A graduanda em Ciência da Computação na Universidade de Brasília e integrante do Meninas na Computação Ana Beatriz de Sousa disse que o projeto foi importante para que ela se direcionasse à carreira científica. “Abriu meus horizontes e fez ter a perspectiva de que poderia chegar lá”, afirmou. “É muito bom poder repassar esse conhecimento que recebi no ensino médio”, completou.
Confira mais informações sobre o Girls in ICT Day na página da UIT, em https://www.itu.int/women-and-girls/girls-in-ict/.