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#OutubroCiberSeguro
Roda de conversa destaca estratégias de proteção e empoderamento para meninas e mulheres no ambiente digital
No último evento do #OutubroCiberSeguro, promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nessa terça-feira (29), a psicóloga Juliana Cunha, diretora de projetos especiais da SaferNet Brasil, a publicitária Saula Ramos, gerente de projetos do Instituto Palavra Aberta, e Carla Daniela Badauy, coordenadora de Satisfação e Educação para o Consumo da Anatel, discutiram a vulnerabilidade das mulheres no ambiente digital e formas eficazes de proteção e combate à violência online.
Iniciada pela superintendente de Relações com Consumidores da Anatel, Cristiana Camarate, que reforçou a importância das parcerias institucionais para enfrentar a violência digital contra as mulheres, foi consenso, na roda de conversa online, que com a promoção de suporte educacional e emocional, junto com uma rede de apoio, é possível promover um ambiente online mais seguro e inclusivo às meninas e mulheres no País. Segundo Saula Ramos, 95% dos ataques virtuais são direcionados a mulheres, alertando para a urgência de uma abordagem coletiva e preventiva.
Medidas práticas para maior segurança digital, como revisar configurações de privacidade, ter atenção com a proteção das senhas e limitar o compartilhamento de informações, foram recomendadas pela gerente de projetos do Instituto Palavra Aberta. No entanto, ela enfatizou que a proteção vai além da esfera individual, denunciar agressões e buscar apoio são essenciais para combater a violência de forma abrangente. "A educação digital consciente é essencial para fortalecer nossa proteção," afirmou.
O impacto grave da violência online sobre o direito das mulheres à expressão foi abordado pela diretora de projetos especiais da SaferNet Brasil. Juliana também enfatizou que práticas como cyberstalking e a divulgação de imagens íntimas sem consentimento causam traumas que, muitas vezes, afastam mulheres de projetos pessoais e profissionais. “A violência atinge as mulheres onde elas deveriam ter voz”, destacou. Ela reforçou a necessidade de mobilização coletiva e de políticas públicas que responsabilizem agressores.
A coordenadora de Satisfação e Educação para o Consumo da Anatel questionou sobre o desafio de equilibrar exposição e segurança, em um mundo que valoriza o compartilhamento online. Carla ressaltou a importância de se estabelecer limites no compartilhamento de informações pessoais e nas relações digitais. Para ela, a existência de delegacias especializadas é um caminho a quem sofre crimes digitais.
Juliana sublinhou a importância da educação emocional dentro de casa para desconstruir estereótipos de gênero. Ela sugeriu iniciativas como o "Stop NCII" e "Take It Down" para remover imagens íntimas não autorizadas das redes e encorajou o uso de plataformas de denúncia, como a SaferNet, onde mulheres podem relatar crimes digitais com mais segurança.
Além disso, ela apontou que a violência contra as mulheres reflete problemas culturais e sociais, e defendeu a necessidade de ações coletivas e de mais compromisso das autoridades para enfrentar o machismo e a violência de gênero. Juliana e Saula destacaram também que é fundamental que crianças e adolescentes aprendam sobre consentimento, respeito e direitos, temas que, segundo Juliana, têm espaço na Base Nacional Comum Curricular, especialmente no ensino médio. Outro aspecto discutido no evento foi o fortalecimento de redes de apoio. Nas escolas, muitas meninas buscam apoio em colegas para enfrentar situações de vulnerabilidade, por isso é importante promover vínculos de apoio entre as estudantes.
Saula alertou sobre o impacto da desinformação e do discurso de ódio, reforçando que o olhar crítico sobre a mídia é essencial. "A educação midiática é fundamental para que todos, especialmente as mulheres, analisem cuidadosamente o conteúdo consumido", concluiu. Para assistir ao vídeo da roda de conversa para meninas e mulheres sobre proteção digital, acesse o canal da Anatel no YouTube.