Notícias
SEMINÁRIO INTERNACIONAL
Implantação de data centers no Brasil é objeto de debate na Anatel

O painel Infraestrutura Pública Digital: Atratividade para Data Centers e Desenvolvimento Econômico reuniu diferentes atores para debater como tornar o Brasil um hub global de infraestrutura. O debate, realizado durante o seminário internacional "Convergência Digital: O Papel Multissetorial na Regulação das Telecomunicações", na segunda-feira, dia 10/2, foi mediado pelo conselheiro do Conselho Consultivo da Anatel, Fabrício da Mota Alves.
A mesa contou com a participação do assessor especial do Ministério da Fazenda, Igor Marchesini Ferreira; do diretor de Cibersegurança e Soluções da Huawei, Marcelo Motta; do presidente da Elea Data Centers, Alessandro Lombardi; e da coordenadora do programa de Consumo Responsável e Sustentável do Idec, Júlia Catão Dias.
Marchesini explicou que o tema traz desafios importantes, tanto positivos quanto negativos. “O primeiro ponto é garantir que tenhamos uma regulação no Brasil moderna e alinhada, compatível com a tecnologia”, frisou o assessor do Ministério da Fazenda. Ele relatou que 60% da carga digital do Brasil está rodando fora do país. “Fomos investigar por que isso acontece e verificamos que é 30% mais caro fazer isso no Brasil do que no exterior”. Segundo ele, a reforma tributária vai resolver parte desse problema, e outras medidas estão sendo tomadas para aumentar a competitividade do Brasil nesse mercado.
O diretor da Huawei destacou que a empresa tem trabalhado no Brasil para expandir a conectividade. Ele afirmou que um dos entraves para tornar o país um hub global de infraestrutura é a falta de mão de obra qualificada. “O Brasil forma 50 mil engenheiros por ano, enquanto a China forma de 20 a 30 vezes mais. Para que possamos dar vazão a esses projetos, precisamos também estar atentos à formação da mão de obra local”, destacou Motta.
O presidente da Elea Data Centers ressaltou que o que torna um país atrativo para o mercado de Inteligência Artificial é a energia. “Além da energia, é preciso ter máquinas com capacidade para o processamento de dados”, frisou. Ele destacou que, além de ser caro importar esses equipamentos, a América Latina como um todo investe muito pouco em pesquisas sobre IA, comparada ao restante do mundo.
Para a coordenadora do programa de Consumo Responsável e Sustentável do Idec, é essencial garantir que o desenvolvimento ocorra dentro de um vetor socioambiental, para evitar que isso seja apenas mais um fator de aumento das desigualdades. Júlia Catão destacou que os data centers têm um consumo energético absurdo. “Uma planta em São Paulo consome o equivalente a toda a Região Metropolitana de Brasília”, afirmou.
O painel reforçou a importância de políticas públicas e investimentos em infraestrutura, formação de mão de obra e sustentabilidade para que o Brasil possa se consolidar como um polo global de data centers e impulsionar o desenvolvimento econômico de forma equilibrada e inclusiva.
O seminário foi promovido pelo Conselho Consultivo.