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Conferência Mundial de Radiocomunicações 2023 (WRC-23) termina com expressivos resultados para o Brasil
- Foto: ITU
Na terça-feira, dia 19/12, ocorreu a última reunião da série de três importantes reuniões vinculadas à Conferência Mundial de Radiocomunicações 2023 (WRC-23). As reuniões fecham um ciclo de estudos de quatro anos (2020-2023) e já estabelecem, também, os itens que serão estudados no próximo ciclo (2024-2027), com foco na conferência de 2027. O maior evento de radiocomunicações do mundo reuniu representantes de mais de 140 países para discutir diretrizes que vão impactar no futuro do setor. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) participou do evento, que ocorreu em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
A delegação brasileira para os eventos contou com mais de 50 pessoas, entre delegados governamentais, do setor privado e da sociedade civil, que se intercalaram entre os períodos e formatos de participação para garantir a defesa dos itens de interesse do Brasil, conforme posicionamentos previamente aprovados pelo Conselho Diretor da Agência. O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, chefiou a delegação brasileira, juntamente com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
No evento houve o fortalecimento de laços multilaterais e bilaterais do Brasil nas relações internacionais e foram firmadas posições importantes para o país. O diálogo foi peça fundamental nas reuniões realizadas com representantes de diversos países e o setor privado.
Com intuito de obter o fortalecimento das relações externas, o Brasil realizou um evento institucional antes da conferência que contou com participação do presidente Baigorri, do ministro Juscelino Filho e do embaixador do Brasil em Abu Dhabi Sidney Leon Romeiro, secretaria Geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin e diretor de Radiocomunicações, Mario Maniewicz.
Depois de quase 40 dias de intensos debates e adoção de estratégias para garantir os resultados para o país, o Brasil retorna com a totalidade de seus objetivos atendidos de maneira satisfatória. De acordo com o presidente da Anatel, o Brasil tirou nota 10. “Conquistamos tudo que era nossa prioridade: nova resolução sobre Sustentabilidade Espacial, identificação das faixas de 6GHz e 10GHz para o IMT, aprovação de novas faixas para uso das ESIMs (Earth Stations in Motion), aprovação de novo item para estudar faixas para a comunicação direct-to-device. Foi uma grande vitória para todo setor de telecomunicações brasileiro”, disse Carlos Baigorri.
Sobre a inclusão do nome do Brasil na nota de rodapé para identificação da faixa de 6245-7125MHz para o IMT (Telecomunicações Móveis Internacionais), a denominada faixa dos 6GHz, Vinícius Caram, superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, destacou que a estratégia visa a dar flexibilidade para que o país possa avaliar os cenários futuros possíveis. “A inclusão do nome Brasil na nota de rodapé não significa que já tomamos uma decisão interna em relação à faixa. Significa que manteremos a possibilidade em aberto, para avaliação dos melhores caminhos possíveis e com alinhamento do país aos regramentos internacionais”, disse o superintendente.
Após contribuição inicial enviada pelo Brasil nas reuniões regionais da Comissão Interamericana de Telecomunicações (CITEL), agora o estudo de novas faixas para habilitar a comunicação direta do satélite com dispositivos móveis (direct-to-device) é realidade. Na avaliação de Rodrigo Gebrim, gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão e responsável por chefiar a delegação técnica brasileira em Dubai, a comunicação direct-to-device representa um grande avanço para garantir conectividade em áreas remotas. “Em um país tão grande quanto o nosso, esse tipo de comunicação direta dos celulares convencionais com os satélites, permitindo a transmissão de dados e voz, representa a possibilidade de se ter conexão onde quer que esteja. É um grande avanço em termos de disponibilidade de conectividade”, falou o gerente.
Além disso, novas faixas para o desenvolvimento das redes móveis de sexta geração (6G) também serão estudadas no novo ciclo. Para a Região 2 (Américas) definiu-se o estudo para as faixas entre 7125-8500 MHz e 14.8-15.35GHz, o que traz novas possibilidades de conectividade em faixas médias e mais altas.
Sobre a atuação brasileira na Conferência, Baigorri concluiu que “a Conferência Mundial de Radiocomunicações 2023 mostrou que o Brasil está no topo das discussões, com grande relevância e influência nas decisões das Américas e do Mundo.”
A apresentação detalhada dos resultados da Conferência para o Brasil será realizada em reunião pública cuja data, local e forma de acesso serão divulgados em data posterior.
Conferência Mundial de Radiocomunicações
A Conferência Mundial de Radiocomunicações é organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias de informação e comunicação (TIC). Essas reuniões são realizadas a cada três ou quatro anos para analisar e, se necessário, revisar o Regulamento de Radiocomunicações, tratado internacional que rege o uso do espectro de radiofrequências e as órbitas de satélites geoestacionários e não geoestacionários.
As revisões são feitas com base em uma agenda determinada pelo Conselho da UIT, que considera as recomendações feitas por conferências mundiais de radiocomunicações realizadas anteriormente.