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Anatel e Huawei realizam evento sobre IPv6
Nessa quarta-feira, dia 05/04, a Anatel e a Huawei realizaram um workshop para tratar sobre o IPv6, que é a versão mais atual do Protocolo de Internet, crucial para sustentar o crescimento da Internet, tendo em vista o esgotamento dos endereços da versão anterior (IPv4). No Brasil o tráfego por IPv6 já chegou a 43%, em 2023, percentual acima da média mundial. E com objetivo de estimular ainda mais a adoção do IPv6, por empresas de telecomunicações e pelos provedores de conteúdo, diversas ações foram discutidas e acordadas no evento, como a elaboração de um white paper sobre o tema no Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel), a realização de um novo evento (Ipv6 Day) e a possível implementação de um barômetro para acompanhar o crescimento do protocolo no Brasil.
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, mencionou que na França foi criado um grupo de trabalho sobre o assunto, em 2019, para fomentar o uso do IPv6 no país, com utilização de um barômetro para medição. O presidente destacou os diversos benefícios da adoção do IPv6 para o setor de telecomunicações, especialmente referente à segurança. Ele explicou que a adoção do IPv6, em especial pelos provedores de conteúdo, ainda está engatinhando e que é preciso dar um empurrão neste assunto para fomentar a adoção do protocolo de internet, pois será fundamental para o 5G e para o desenvolvimento das telecomunicações no Brasil.
O assessor da Superintendência de Planejamento e Regulamentação, João Zanon, falou sobre o grupo de trabalho sobre IPv6 (GT-IPv6), instituído em 2014, que foi coordenado pela Anatel, com participação do Nic.BR e prestadoras, considerando a competência da Agência de regular a compatibilidade, operação integrada e a interconexão entre as redes e equipamentos de telecomunicações dos usuários, lembrando que a Internet é na realidade um conjunto de redes de telecomunicações integradas.
O GT-IPv6 teve como objetivo três pilares: i) que as prestadoras de telecomunicações disponibilizassem o protocolo na interconexão/interligação entre as redes e para o usuário final; ii) garantir que os novos equipamentos de telecomunicações fossem compatíveis com o Ipv6 e; iii) implantar uma solução de transição do IPv4 para o IPv6 que garantisse acesso ao conteúdo no protocolo legado com o menor impacto possível.
Ele explicou sobre a solução Dualstack adotada na certificação de equipamentos no Brasil, que é o uso do IPv4 e do IPv6 juntos, permite ao usuário o acesso a conteúdos e aplicações disponíveis tanto no novo protocolo Ipv6 como no anterior.
Zanon também mencionou que em 2022 a Anatel abriu a Consulta Pública nº 81 para atualizar os requisitos técnicos de IPv6 com as normas e padrões internacionais mais recentes e colheu subsídios sobre a necessidade de incluir outros produtos ou tecnologias. As contribuições se encontram em análise.
O assessor também explicou que, com efeito adverso da implantação da solução de transição que permite o compartilhamento dos endereços IPv4 entre mais de um usuário, torna-se necessário a guarda da porta TCP/IP para que seja possível atender os pedidos de investigação e quebra de sigilo solicitados por órgãos de Segurança Pública. Hoje as prestadoras já realizam a guarda da porta TCP/IP, em atenção a Resolução nº. 73/98 da Anatel. Contudo, grande parte dos provedores de aplicação e conteúdo não o fazem, além de não implementarem o IPv6.
Mais recentemente a Agência abriu a Tomada de Subsídio nº 13 sobre os deveres dos usuários dos serviços de telecomunicações, que tem como objetivo obter insumos sobre a necessidade de regras específicas para os grandes usuários ou aqueles que demandem algum tratamento regulatório peculiar como, por exemplo, grandes provedores de aplicação e conteúdo que não implementaram o IPv6 ou realizam a guarda da porta TCP/IP.
O superintendente de Planejamento e Regulamentação, Nilo Pasquali, destacou no fim do evento a necessidade e importância de construir um white paper no Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel), realizando avaliação e estudo sobre o tema. Concordou com a ideia de realizar um IPv6 day, trazendo mais parceiros para o debate, e com a sugestão da criação de um barômetro (mecanismo de avaliação de maturidade do IPv6 no Brasil). O superintendente também destacou a necessidade de aumentar o tráfego em IPv6, já que não há mais disponibilidade de IPv4 no mundo, sendo o novo protocolo essencial para o crescimento de novas tecnologias com as Redes 5G e IoT, dentre outros.
Também participaram do evento representantes da Conexis, do NIC.BR, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da Huawei.
Confira as apresentações realizadas no evento: