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Venezuela quer ‘produtos-teste’ para integração com o Brasil
Venezuela e Brasil vão definir uma lista inicial de seis produtos (ou empresas), três de cada país, que servirão de base para acelerar e intensificar o processo de integração comercial, com ênfase na relação entre o norte brasileiro com o sul venezuelano. A proposta foi feita pelo ministro do Poder Popular para as Indústrias da Venezuela, Ricardo Menéndez, que liderou a comitiva ministerial do país vizinho que esteve em Manaus na última segunda-feira (19), participando de reuniões com o objetivo de estreitar as parcerias no âmbito do Mercosul.
Na reunião realizada no auditório da SUFRAMA, o superintendente da Zona Franca de Manaus, Thomaz Nogueira, explicou o funcionamento, a regência dos incentivos fiscais e as vantagens comparativas do modelo Zona Franca de Manaus para a comitiva venezuelana. Os ministros veem no Polo Industrial de Manaus (PIM) um modelo que pode ser aproveitado nas Zonas Econômicas Especiais que serão criadas nos estados venezuelanos de Bolívar e Anzoátegui. O Brasil apoia a criação dessas zonas econômicas por considerá-las uma porta de entrada para o mercado caribenho.
O chefe da missão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na Venezuela, Pedro Silva Barros, detalhou estudos sobre as possibilidades de integração produtiva e de infraestrutura entre os dois países. “O Brasil, por exemplo, tem déficit na balança de US$ 5 bilhões em fertilizantes, importando de regiões distantes como a Rússia , Ucrânia e Egito, sendo que existe na Venezuela potencial enorme de produção”, destacou Barros. Para detalhar a política nacional de industrialização do Brasil, participou ainda da reunião o diretor do Departamento de Setores Intensivos em Capital e Tecnologia da Secretaria do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alexandre Moura Cabral.
Relações com o PIM
Para os representantes de Brasil e da Venezuela, o PIM tem um papel essencial na criação de vínculos de desenvolvimento mútuo entre os dois países. A república bolivariana poderia, por exemplo, ser fornecedora de insumos como polipropileno e polietileno, e peças semielaboradas de ferro, aço e alumínio para os segmentos de Plástico e Metalúrgico do Polo. Outra possibilidade de articulação entre as atividades produtivas dos países, destacada pelo Ipea, viria com o polo naval fluvial em Manaus, com a Venezuela fornecendo produtos petroquímicos e metalúrgicos.
Ricardo Menéndez defendeu que, inicialmente, poderia ser priorizada uma lista com três produtos (ou projetos de empresas) para servirem como experiência norteadora no processo de aprofundamento do intercâmbio comercial entre os países. “É mais fácil verificar os acertos e dificuldades em um grupo pequeno de dois ou três produtos. Por exemplo, qual foi o tempo de espera do produto no porto ou no aeroporto? Assim, ficará mais fácil adotarmos as ações necessárias para a ampliação dos negócios bilaterais”, explicou o ministro, que é também vice-presidente para a Área da Economia Produtiva.
Mercosul
A relação bilateral entre o Brasil e a Venezuela foi elevada ao status de aliança estratégica em 2005 e a tendência é de se intensificar desde que o país vizinho ingressou oficialmente no Mercosul em 31 de julho de 2012. Atualmente, a Venezuela exerce pela primeira vez a presidência temporária do bloco econômico.
A Venezuela possui 28 milhões de habitantes e um PIB superior a US$ 350 bilhões, o terceiro da América do Sul. As relações econômicas bilaterais vêm sendo aprofundadas desde 2003, quando o comércio entre Brasil e Venezuela foi de US$ 880 milhões e ampliou-se para mais de US$ 6 bilhões em 2012. A Venezuela representa atualmente o terceiro superávit comercial do Brasil, oscilando entre os três maiores responsáveis pelo saldo comercial positivo do País desde 2007.