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SUFRAMA participa de fórum panisocrático sobre a ZFM na Ufam
A SUFRAMA participou de um fórum - no formato ‘panisocrático’ - cujo tema foi a “ZFM e modelos alternativos para o desenvolvimento do Amazonas”, nesta quinta-feira (15), na sala de reuniões da Câmara de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Amazonas (Proext), localizada no 2º piso do prédio da Reitoria, no setor Norte do Campus Manaus.
A autarquia foi representada pelo economista da Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Empresariais (Cogec), Renato Mendes Freitas, que ressaltou a resiliência do modelo ZFM durante seus 51 anos de existência. “A ZFM já enfrentou e superou várias crises, como a do petróleo, nos anos 70, a economia do chamado ‘anos perdidos’, nos anos 80, a abertura comercial no governo Collor, anos 90, e, recentemente, as impactantes crises de 2008 e 2014”, enumerou.
O economista afirmou que o modelo precisa avançar em questões como a difusão do desenvolvimento sustentável na Amazônia e destacou a importância de um maior alinhamento entre a academia, o setor produtivo e a SUFRAMA para o desenvolvimento de soluções que tragam mais qualidade de vida para os moradores da região. “É preciso refletir por que fora daqui a ZFM é tão combatida? Se ela é tão ruim, como alguns falam, por que tantos Estados e países querem replicar nosso modelo?”, observou.
Durante o fórum, o pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, apresentou a proposta da criação de um minidistrito industrial indígena, a ser instalado no município de São Gabriel da Cachoeira e que seria financiado pelas indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM).
O minidistrito de cooperativas terá o nome “Nipe’tirã Wahpata’se”, na linguagem tucana significa “todos ganham”, e, inicialmente, será constituído de 14 pequenas fábricas de produção de bens de transformação de matéria-prima regional e, conforme Bessa, deverá fomentar mais de 1500 empregos diretos e 300 indiretos. “O melhor da cooperativa é que ela elimina a figura do patrão. Serão 14 fábricas voltadas para a produção de bens como: extração e beneficiamento de madeira; produção de patê de pupunha e tucumã; extração e beneficiamento de ouro, metais preciosos, gemas e diamantes; extração de minérios de nióbio e tântalo; e extração e lapidação de granito”, detalhou Bessa, frisando que a ideia veio de lideranças indígenas da região.
O líder tucano Lucas Sagüé afirmou que o projeto é essencial para as comunidades indígenas. “Já existe a exploração ilegal desses minérios na região. Queremos quebrar a ideia de que índio é coitadinho e preguiçoso. Queremos oportunidade para mostrar que nós também podemos realizar e conquistar grandes coisas”, frisou.
Outra representante da Cogec da SUFRAMA, Rosângela Alanis, frisou a importância de estudos aprofundados da cadeia de produção e da logística envolvida para a efetivação da proposta. Alguns dos participantes do fórum ressaltaram, ainda, fatores como o fornecimento de energia elétrica, abastecimento e escoamento, efeitos da cultura empreendedora na cultura indígena, exploração racional e sustentável e mercado consumidor. “Não estamos priorizando o mercado, mas, sim, as relações internas e solidárias de produção. É, claro, porém, que o projeto deverá receber adaptações e aperfeiçoamentos”, disse Bessa.
Panisocracia
O conceito utópico da panisocracia é resultado da união dos prefixos gregos pan (tudo, todos), isos (igual) e do sufixo krátos (governo) cujo significado aproximado seria “Todos mandam igualmente". “Em um fórum no formato panisocrático, todos tem o direito de fala”, resumiu o professor Bessa.
O Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas foi criado por professores aposentados da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para debater problemas e propor soluções para o futuro da região amazônica. As reuniões ocorrem semanalmente nas tardes das quintas-feiras.