Notícias
Seminário discute inovações e tendências da TV Digital no País durante a FIAM 2008
Os diversos serviços interativos que devem revolucionar nos próximos anos o cotidiano do telespectador brasileiro, bem como as propostas que estão sendo discutidas no âmbito do Fórum Brasileiro de TV Digital, foram os principais destaques do último dia de palestras do seminário “TV Digital e segmentos conexos: cenário atual e tendências emergentes na região”. O evento é um dos 16 seminários que compõem a programação da Jornada de Seminários da quarta Feira Internacional da Amazônia (FIAM 2008), que ocorre até este sábado, dia 13, em Manaus.
No dia de encerramento do seminário, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer plataformas, inovações e as vantagens que a implantação da TV Digital deve proporcionar a milhões de brasileiros. Entre elas, destaca-se a aplicação T-Banking, cuja principal funcionalidade é oferecer o acesso a serviços bancários, como transferências entre contas corrente, extratos e saldos, na tela da televisão, mediante simples toques no controle remoto.
Outras aplicações apresentadas que também devem conquistar o telespectador são os acessos, com grande facilidade e de forma instantânea, a serviços comerciais e governamentais, como extratos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e informações relacionadas ao instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Inclusão digital
As ferramentas interativas apresentadas durante o evento foram destacadas pelos especialistas presentes como a principal aposta do Governo Brasileiro para popularizar a TV Digital no País. As discussões convergiram também para a importância de se envolver no processo todas as classes sociais e a ampliação do acesso da população com menor nível de renda (classes D e E) às novas tecnologias, em especial a internet.
Segundo o consultor sênior da diretoria de inclusão e TV Digital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CPqD), Sidney Longo, 59% da população brasileira nunca utilizou computador ou internet. Entretanto, 98% da população brasileira possui ao menos um aparelho de televisão em casa. A idéia é aproveitar a preferência popular por esse meio e, a partir das possibilidades da TV Digital, conquistar, progressivamente, a confiança do telespectador brasileiro para a utilização da internet e novas tecnologias.
“Muitas pessoas nunca usaram um computador ou a internet por desconhecer ou achar que é muito difícil. Como esses serviços vão estar disponíveis na televisão, um meio que elas estão acostumadas a utilizar, poderemos ampliar o acesso consideravelmente. A TV digital é uma ferramenta muito forte de inclusão digital”, destaca o consultor, um dos palestrantes do seminário.
Desafios de mercado
Para o professor doutor da Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e coordenador do grupo técnico do middleware do fórum brasileiro de TV digital, Luiz Fernando Soares, um dos principais desafios dos especialistas no segmento, atualmente, é definir como será possível disponibilizar o set-top box (conversor de sinal digital) para todas as classes sociais. “Estamos em um período de implantação do sistema, com a estruturação do mercado e a transição da tecnologia”, afirma Soares.
“Os preços dos conversores continuam elevados, mas já caíram muito desde o lançamento. Acreditamos que as vantagens da interatividade vão atrair o consumidor e trazer o barateamento dos custos. Mesmo assim, precisamos de uma política industrial mais definida nesse campo”,completa. Há cerca de um mês a fabricante Proview lançou um conversor com preço popular que está contribuindo para a expansão do acesso à TV digital nas capitais onde o sinal já está disponível.
A política industrial brasileira é um dos pontos que são discutidos nas reuniões do Fórum Brasileiro de TV Digital Terrestre, que reúne profissionais dos principais setores interessados no segmento no País. O moderador do seminário, Aguinaldo Silva, que ocupa o cargo de gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa Envision e é integrante do Fórum, afirma que o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), apesar do pouco tempo de implantação (dezembro de 2007), já é um dos melhores do mundo por adotar técnicas e plataformas próprias, como o middleware (mediador de comunicação de protocolos) GINGA, totalmente desenvolvimento no País.
“Diferentemente do Japão, por exemplo, que iniciou os estudos e os testes sobre o sistema com muita antecedência, o Brasil teve o seu sistema estruturado recentemente. Mesmo com as dificuldades envolvidas, estamos avançados no cronograma e bastante satisfeitos com os progressos realizados”, destaca Silva.
O cronograma de implantação da TV digital no Brasil prevê um período de dez anos de transição das tecnologias - até 2016, todos os sinais analógicos devem ser desligados. Para atender à demanda nacional por conversores, que atualmente tem potencial para chegar ao patamar de 60 milhões de set-top boxes, as empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) são vistas como fundamentais.
De acordo com dados da Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Empresariais da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), 14 fábricas do PIM produzem TVs, sendo que quatro já colocam no mercado o aparelho com o conversor integrado. Outras 16 produzem ou têm projeto aprovado de set-top box para transmissão via satélite, nove o produto para sinal via cabo e 14 estão operando ou aptas a fabricar o aparelho para a TV digital. Para este ano, a projeção é uma produção de 12 milhões de TVs e 6,5 milhões de conversores.