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Seminário de Cosméticos da FIAM 2015 discute projeto estruturante para sete Estados da Região Norte
As oportunidades, os gargalos e a rede de conhecimentos já existentes sobre o setor de cosméticos estiveram em pauta na manhã desta quarta-feira (18) durante o III Seminário de Cosméticos de Base Florestal da Amazônia, que integra a programação da Jornada de Seminários da oitava edição da Feira Internacional da Amazônia (FIAM 2015). O debate contou com a participação de representantes de indústrias, varejistas, consultores e pesquisadores interessados em desenvolver cadeias produtivas locais, padronizar os insumos, ampliar a competitividade dos produtos e ampliar seus canais de comercialização no Brasil e no exterior.
Com recursos orçados em aproximadamente R$ 5 milhões, o Projeto Estruturante de Cosméticos de Base Florestal da Amazônia é o foco do seminário. Desenvolvida desde 2013 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) nos sete Estados da região Norte, esta iniciativa tem encerramento marcado para 2017. Além do Sebrae, o projeto conta com o envolvimento de comunidades fornecedoras, micro e pequenas indústrias de cosméticos e instituições de ensino e de pesquisa.
Segundo a coordenadora do projeto no Sebrae-AM, Wanderléia Oliveira, o recurso programado para a realização do projeto no Estado é de R$ 1,3 milhão. No “pacote” de informações apuradas até o momento, já constam os entraves e também as oportunidades do segmento de Higiene, Beleza e Cosméticos. No Amazonas, há apenas nove empresas oficialmente cadastradas no ramo, enquanto na região Norte são 48.
“As oportunidades são muito grandes. Nos últimos 18 anos, o mercado brasileiro de cosméticos apresentou crescimento médio anual de 10%, ocupando a terceira posição no ranking mundial de consumo. Então precisamos ampliar a participação do Norte. Temos em nossa região a fonte de insumos para cosméticos naturais e nosso desafio é deixar de ser apenas fornecedor de matéria-prima para desenvolvermos produtos com valor agregado”, avaliou a coordenadora.
Sobre as dificuldades, Wanderléia cita que as principais são a falta de padronização da matéria-prima, a baixa qualificação da mão de obra e os custos logísticos, que interferem no preço final dos produtos. “Nosso objetivo é desenvolver conhecimentos normativos, tecnológicos e mercadológicos e, por meio deles, proporcionar maior segurança ao setor”, afirmou Oliveira.
Para a coordenadora nacional do projeto, Hulda Oliveira, uma das contribuições do seminário realizado na FIAM 2015 será a oficina que acontece nesta quinta-feira (19) na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), das 9h às 16h, com a participação de representantes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A tônica do encontro será a identificação de demandas de normalização para insumos utilizados na indústria cosmética. “Mapeamos todo o conhecimento da produção de cosméticos e agora vamos iniciar a elaboração da norma técnica para nortear as análises laboratoriais. A norma técnica será publicada pela ABNT e disponibilizada para todo o setor”, explicou.
De acordo com a representante da consultoria Planeta Orgânico, Maria Beatriz Costa, as indústrias instaladas na Amazônia devem aproveitar as demandas que estão surgindo nos países europeus para ampliar sua atuação. “A bioeconomia é o tema do século 21. Só a Alemanha está disponibilizando 2.6 bilhões de euros para projetos destinados à bioeconomia”, destacou.
Orientação para empresas
Dentre os participantes do III Seminário de Cosméticos estava o diretor presidente da indústria Amazon Green, Francisco Aguiar. Para ele, os principais avanços proporcionados pelo projeto do Sebrae serão o levantamento de dados para a implementação da cadeia produtiva e o direcionamento para quem quer produzir na Amazônia. Desde 2007, a Amazon Green vem ampliando seu portfólio de produtos (shampoo, hidratante, sabonete, óleo, perfume etc) e hoje possui pontos de venda em shoppings de São Paulo e Manaus, além da distribuição feita por meio de parceria com outros lojistas.
“O cosmético que realmente tem ingrediente amazônico, como é o nosso caso, faz parte de um nicho de mercado próprio, diferente dos itens de supermercado. São artigos premium mais voltados à classe A que realmente trazem resultado. Não é apenas apelo de marketing”, ressalta.
O carro-chefe de vendas da Amazon Green é a linha de produtos feita com manteiga de cupuaçu. Um hidratante para mãos, por exemplo, chega ao mercado com o preço médio de R$ 50, enquanto o perfume da linha custa até R$ 150 (100 ml).
Acesso a novos mercados
O empresário Schubert Pinto, diretor executivo da indústria Pharmakos d’Amazônia, também participou do seminário e fez algumas considerações sobre os desafios do segmento. Em seu entendimento, as empresas têm uma grande necessidade de acesso a novos mercados e também carecem de orientação jurídica, sobretudo, para atendimento às demandas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde 2001, a Pharmakos d’Amazônia fabrica cosméticos no Estado. Segundo o diretor, a empresa produz 123 itens e detém uma participação de 80% no mercado local, tendo como diferencial a construção de uma cadeia produtiva que beneficia fornecedores do município de Manaquiri e de cooperativas de pequeno porte. “Atender aos requisitos legais é a parte principal de uma empresa do setor. Além disso, é condição básica para exportar. Outra questão vital é a estrutura física da indústria”, disse.
Para Schubert, o fornecimento de matéria-prima não é um gargalo para a empresa porque a Pharmakos d’Amazônia realiza o cultivo orgânico de plantas medicinais certificadas, por meio do projeto denominado “Abonari”. Mensalmente, são extraídos da área de plantio 300 quilos de biomassa de crajiru. A planta é beneficiada e depois incorporada aos produtos.
Seminário
O III Seminário de Cosméticos é uma realização da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), do Sebrae-AM, da Associação Brasileira dos Sebrae Estaduais (Abase-Norte) e da consultoria Planeta Orgânico. Em complementação às discussões promovidas durante o seminário, até a próxima sexta-feira (20) serão realizados eventos e oficinas relacionados ao segmento de cosméticos dentro da programação da FIAM 2015, como a “Reunião Técnica com os Gestores do Projeto Estruturante de Cosméticos e “Encontro de Fornecedores e Demandantes de Insumos Amazônicos Utilizados na Indústria Cosmética”, ambos no dia 20.