Notícias
Potencial turístico regional é apresentado em Seminário na Suframa
Projetos, ações e propostas para o desenvolvimento do potencial turístico da Amazônia, bem como a apresentação dos potenciais no patrimônio histórico e nas Unidades de Conservação no Amazonas, marcaram a tarde de palestras do seminário “O turismo como vetor de desenvolvimento da Amazônia”, realizado na terça-feira (9), no auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
O evento é uma iniciativa da Suframa, com o objetivo de promover o debate sobre a atividade turística, tendo em vista a vocação natural da região e a necessidade de vetores complementares à economia, predominantemente sustentada pelo Polo Industrial de Manaus (PIM).
Os trabalhos foram conduzidos, pela tarde, pelo superintendente da Suframa, Alfredo Menezes, acompanhado do representante do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Manaus (Codese Manaus), Ulisses Tapajós e do presidente da Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Manaus, vereador Amauri Colares e contou com apresentações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-AM), da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), do Observatório do Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (Observatur-UEA), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
Patrimônio
Durante apresentação sobre o patrimônio histórico e a atividade turística na Amazônia, a superintendente do Iphan-AM, Karla Bitar, informou que a Política Nacional de Gestão Turística dos Sítios do Patrimônio Mundial, assinada em abril, aborda, em 2019, o Patrimônio mais Turismo, com um conjunto de ações para estimular o turismo consciente em 21 sítios brasileiros que são Patrimônio Mundial, entre eles o Complexo de Conservação da Amazônia Central, composto pelo Parque Nacional do Jaú, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã e Estação Ecológica Anavilhanas. “Seria contraditório se o Iphan não criasse um ambiente propício para as pessoas e para o turismo, porque o entendimento contemporâneo de patrimônio é que ele tem que ter um uso. As pessoas têm que usufruir do patrimônio e as pessoas estão no centro do processo”, explicou.
Um dos patrimônios potenciais para o turismo destacado pelo Iphan-AM foi a arqueologia. “Temos pelo menos mil sítios arqueológicos conhecidos. Já existe uma visitação dos turistas na comunidade da Valéria, perto de Parintins e temos uma gruta em Presidente Figueiredo com pinturas rupestres que podem ser incluídas em roteiros turísticos”, disse a superintendente. Também foram elencados como potenciais a cultura gastronômica, tendo como exemplo o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, que é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil; e a natureza, por meio do encontro das águas e o Complexo de Conservação da Amazônia Central.
Turismo em Manaus
Apresentando as políticas de promoção turística e os projetos de infraestrutura turística para a cidade de Manaus, o diretor-presidente da Manauscult, Bernardo Monteiro de Paula, destacou os projetos de ressignificação do Centro Histórico, como ampliação e requalificação do Les Artistes Café Teatro, Museu do Porto e Casarão São Vicente, que estão em fase de captação de recursos; a construção do Centro de Atendimento ao Turista (CAT) no Complexo da Ponta Negra; e a reforma da Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista e prédio do antigo Cabaré Chinelo, que integravam o PAC Cidades Históricas e que agora passarão a ser feitos com recursos próprios da Prefeitura de Manaus.
Ele também falou sobre a promoção do destino Manaus, com participação nas principais feiras do trade; veiculação de mídia em revista de turismo; apoio à captação de eventos com foco turístico em Manaus; receptivo da temporada de Cruzeiros; além do calendário de grandes eventos da cidade, como carnaval, Boi Manaus, Passo a Paço e Réveillon. “Manaus consolidou o Réveillon como produto turístico quando o evento deixou o palco do Anfiteatro e passou a ser realizado na praia da Ponta Negra, em 2014, reunindo um público médio de mais de 200 mil pessoas e se transformando em um dos principais produtos turísticos da região Norte do País”, exemplificou.
Unidades de Conservação
Segundo dados da Sema, o Amazonas possui 42 Unidades de Conservação (UCs), sendo 34 de uso sustentável e oito de proteção integral, que representam 30,21% da área total do Estado. “O turismo pode acontecer em praticamente todas essas áreas, com maior ou menor restrição. Se não pensarmos como trabalhar todo esse potencial que temos, não vamos ter um futuro promissor no turismo porque ele é a vocação do Amazonas”, afirmou a assessora técnica da Sema, Caroline Yoshida. Segundo ela, a Secretaria atua no diagnóstico, ordenamento, planejamento, implementação de atividades, autorizações, monitoramento, além de serviços turísticos e o trabalho com parcerias.
Yoshida apresentou exemplos do que já é realizado no turismo em algumas reservas, como na RDS do Uatumã, Mosaico do Apuí, APA Caverna do Maroaga, RDS Amanã, RDS Mamirauá, Parque Estadual Serra do Acará e Parque Estadual Matupiri. Basicamente todas já possuem alguma base de turismo realizado pelos moradores, algumas com a prática de pesca esportiva, mas que ainda têm um grande potencial de crescimento.
Na oportunidade, o ICMBio também traçou um panorama das unidades de conservação federais, que são a reserva extrativista do rio Unini, o parque nacional do Jaú e o parque nacional de Anavilhanas. “O parque de Anavilhanas é muito famoso pelo turismo de interação com botos, mas a ideia é diversificar porque temos vários outros atrativos, um deles, por exemplo, é o sobrevoo na área, que possui mais de 400 ilhas e que quase não é realizado”, disse a representante do ICMbio, Paula Soares. Entre as propostas de criação de atividades para o parque, está o Complexo Anavilhanas Aventura, que será composto por torre de observação, passarela nas árvores e tirolesa.
Pesquisa e capacitação
Nos campos da pesquisa e da capacitação houve apresentações da Rede Observatur-UEA, que pretende criar indicadores para a gestão da atividade turística no Amazonas e também a atuação do Sebrae no apoio à atividade turística no Amazonas.
Apresentada pela professora Doutora Selma Batista, a Rede Observatur tem o objetivo de criar indicadores de desempenho em três linhas de pesquisa – Planejamento e Gestão Cadeia Produtiva do Turismo e Empreendedorismo e Acessibilidade – com a elaboração de uma metodologia para o levantamento dos dados, planejamento de projetos de pesquisa turística direcionados ao fomento da cadeia produtiva do turismo, criação de uma base sólida de informações turísticas que possam ser compartilhadas e utilizadas para auxiliar na tomada de decisões em relação ao turismo na região. A professora informou que o grupo já realizou reuniões prévias para captação de parcerias e, nesta quarta-feira (10), realiza a primeira reunião formal dos trabalhos da Rede Observatur.
O analista do Sebrae-AM, Carlos Fábio de Souza, fez um resumo das atividades realizadas pelo órgão em nível nacional e sobre as perspectivas para o Amazonas. Segundo ele, o sistema Sebrae vem trabalhando o turismo há mais ou menos 20 anos e geração de mais de 1,5 milhão de negócios só nos últimos cinco anos, com atuação no atendimento direto aos pequenos negócios, incentivo ao empreendedorismo, participação nas discussões das políticas públicas e em estudos e pesquisas sobre o setor.
Entre as tendências para o turismo nos próximos anos, Souza destacou os destinos turísticos inteligentes, que são estruturas turísticas diferenciadas que facilitam a interação e integração do visitante antes, durante e depois, incrementando a qualidade da experiência com o destino por meio de metodologias e tecnologias inovadoras. “Precisamos trabalhar quatro vertentes: governança, tecnologia, experiência e sustentabilidade. Já temos alguns exemplos no país, como Petrópolis e Gramado e é um potencial para a região”, afirmou.