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Ganhos ambientais da ZFM são apresentados à comissão da Europa
A preservação ambiental no Amazonas a partir do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), mais especificamente com a criação do Polo Industrial de Manaus (PIM), norteou as apresentações realizadas nesta segunda-feira (20), no auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), para uma comitiva formada por dois membros da Comissão da União Europeia e cinco profissionais da Apex-Brasil.
Recepcionada pelo superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, a comitiva assistiu a apresentações da autarquia, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplan) e da Fundação Amazonas Sustentável (FAS). O foco do trabalho foi o painel “Zona Franca de Manaus: conservação ambiental na Amazônia com desenvolvimento”.
O superintendente iniciou a rodada de apresentações com dados históricos do modelo, bem como os principais indicadores econômicos do PIM. “A ZFM é uma realidade econômica que gera riquezas, reparte riquezas, integra-se à economia nacional e mundial e preserva a Amazônia”, afirmou.
Os professores da Ufam, Alexandre Rivas e Mauro Thury, apresentaram o estudo que resultou no livro “Impacto virtuoso do Polo Industrial de Manaus sobre a proteção da floresta amazônica: discurso ou fato?”, desenvolvido nos anos de 2009 e 2010 e que foi amplamente utilizado nos debates acerca da prorrogação da ZFM em razão de seu conteúdo. “O objetivo do trabalho foi demonstrar cientificamente que o PIM contribui para evitar o desmatamento da floresta amazônica”, explicou Rivas.
Segundo o professor, a ZFM gerou uma “externalidade ambiental positiva”, ou seja, um resultado não intencional, uma vez que o modelo foi criado essencialmente com a ideia do desenvolvimento e da integração nacional, mas acabou produzindo benefícios não esperados, garantindo a preservação de 97,9% da floresta no Amazonas.
Ensino e pesquisa
O reitor da UEA, Cleinaldo Costa, fez uma apresentação sobre a atuação da universidade no ensino, na pesquisa e na inovação, lembrando que são recursos das empresas do PIM que mantém a instituição. Ele informou ainda que a UEA criou uma comissão permanente junto ao Centro e à Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam e Fieam), cujo foco é a inovação com vistas às necessidades industriais. “A inovação nada mais é do que transformar o conhecimento em dinheiro, fechar o elo da cadeia do conhecimento e temos universidade e indústria, ambas trabalhando juntas para este objetivo”, observou.
O secretário de Planejamento, Airton Claudino, classificou a ZFM como o único modelo de desenvolvimento que o Amazonas possui. “Temos diversas atividades econômicas, mas nenhuma apresenta ainda resultados que possam ser transformadores da realidade local e também não há ainda no Estado outra atividade que impacte menos o ambiente do que a ZFM. O desafio é justamente esse, de viabilizarmos novos modelos econômicos sustentáveis”, observou.
Por fim, o diretor da FAS, Virgílio Vianna, apresentou diversos dados sobre os benefícios da floresta amazônica para o Brasil e para o mundo, entre eles o fluxo de vapor d´água que desce até as demais regiões do Brasil, ocasionando as chuvas, fundamentais para a manutenção dos níveis dos rios, que contribuem na geração de energia elétrica e também são os maiores responsáveis pelo abastecimento da água urbana. Vianna observou, ainda, que o atual debate da União Europeia (UE) com o governo brasileiro sobre o contencioso da ZFM não pode ser visto apenas como uma questão comercial. “Precisamos olhar à luz do que a ONU e a própria União Europeia estão prestes a assinar, em setembro de 2015, com os objetivos do desenvolvimento sustentável. Seria uma incoerência absoluta a UE ir contra um mecanismo que é a favor dos objetivos do desenvolvimento sustentável que ela será signatária em setembro de 2015 na assembleia geral da ONU”, afirmou.
Agenda
Fabienne Alcaraz, membro da comissão europeia que, este ano, passou a integrar a unidade encarregada de relações internacionais com as Américas, fez algumas perguntas sobre as parcerias públicas e privadas que a SUFRAMA faz para incrementar a administração do modelo e, ao final, agradeceu pela receptividade e pelo empenho de todos os participantes no esclarecimento da equipe sobre as questões relativas ao modelo Zona Franca de Manaus. A comitiva seguiu, pela tarde, em uma visita a fábricas do Polo Industrial e nesta terça-feira (21) programa uma visita ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), seguindo na quarta para o Estado Pará, como parte dos trabalhos que estão realizando no Brasil.