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Empresas demonstram confiança no Pólo de Duas Rodas em meio às discussões para revisão do PPB de Motocicletas
Em tempos de crise econômica, o nível de confiança no Pólo de Duas Rodas da Zona Franca de Manaus (ZFM) permanece em alta. Essa foi a percepção tida pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) em reunião realizada nessa quinta-feira, 15, junto a empresários, consultores e técnicos governamentais, com o objetivo de discutir alterações no Processo Produtivo Básico (PPB) de motocicletas.
Durante a reunião, mesmo nos momentos em que foram consultados pela autarquia, os representantes das empresas não abordaram assuntos relacionados à crise e confirmaram os investimentos previstos para este ano no Pólo Industrial de Manaus (PIM). A postura de otimismo por parte da classe empresarial permitiu, sobretudo, progressos satisfatórios em torno das discussões para a revisão do PPB de motocicletas, que vêm sendo conduzidas pela Suframa desde 2007 com ampla participação dos fabricantes de pequeno, médio e grande porte do PIM, entidades representativas do segmento de componentes, como a indústria de plásticos, e órgãos governamentais.
Com o objetivo principal de agregar valor produtivo e social à indústria de motocicletas da Zona Franca de Manaus, as alterações do PPB trazem como principais novidades a obrigatoriedade da soldagem completa do chassi por parte das empresas que produzem acima de 20 mil unidades anuais – atualmente, a exigência para essas empresas é da soldagem de apenas quatro partes do chassi – e a exigência da utilização de peças plásticas injetadas no PIM no processo produtivo das motocicletas.
Segundo o coordenador-geral de Acompanhamento de Projetos Industriais da SUFRAMA, Gustavo Igrejas, a soldagem integral do chassi no PIM, além de contribuir para a atração de novos investimentos e a geração de empregos, vai permitir também a absorção de tecnologia pelas empresas do parque industrial. “O chassi é a parte principal, é o esqueleto da moto. Trazer a soldagem para Manaus vai permitir a adequação de novos processos tecnológicos e auxiliar, sobretudo, na fabricação de novos modelos”, destaca o coordenador.
Com relação à exigência da injeção plástica com peças produzidas no PIM, a idéia principal é evitar as importações e estimular o crescimento da indústria de plásticos da Zona Franca de Manaus. Atualmente, as maiores fabricantes do pólo de duas rodas, pelo grande volume de produção, fazem o processo de injeção internamente ou o terceirizam em empresas sediadas em Manaus. O objetivo com a nova medida do PPB é exigir que as empresas de médio e pequeno porte e aquelas que vierem a se instalar futuramente no parque industrial também passem a utilizar peças plásticas produzidas no PIM, ao invés de importar componentes injetados de outros países.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Plásticos de Manaus (Simplast), Ulisses Tapajós, o pólo de plásticos da Zona Franca de Manaus é o segundo maior do país e tem condições de abastecer quantitativa e qualitativamente os fabricantes de motocicletas do PIM. “Comprar plástico em Manaus não é uma penalização para as empresas, mas sim uma forma de agregar valor social, na forma de geração de empregos, à população que as recebe”, afirma Tapajós.
O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Moacyr Paes, destacou os avanços obtidos pelo setor de duas rodas com as medidas recentemente anunciadas pelo Governo Federal e pelo Governo Estadual, tais como a isenção temporária do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), a redução de 3% sobre o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF) e a flexibilização para pagamento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
Paes afirmou que essas medidas têm auxiliado as empresas no enfrentamento da crise e que o principal compromisso do setor de duas rodas é a manutenção dos empregos. “A produção de motocicletas aumentou em 2008, mas houve queda na comercialização, devido principalmente às dificuldades na oferta de crédito aos consumidores. Temos dezesseis mil empregos diretos gerados apenas dentro das montadoras e nosso compromisso é continuar promovendo acordos entre governo e indústria para que não ocorram demissões”, afirma o diretor da Abraciclo.
As discussões realizadas na reunião de ontem serão incluídas na proposta de alteração do PPB de motocicletas, a qual deverá ser concluída em nova reunião marcada para o dia 3 de fevereiro. Após a conclusão dos trabalhos de revisão do PPB pela SUFRAMA, a proposta será submetida ao Grupo Técnico de Análise do Processo Produtivo Básico (GTPPB), formado por membros do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC) e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Após a aprovação da proposta pelo Governo Federal, as empresas terão um prazo para se adequar às mudanças e revisar planos de investimentos no setor.