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EMPRESAS ESTATAIS
“Sest Convida” debate diversidade nas empresas estatais na edição de agosto
Evento da Sest/MGI debateu a importância da diversidade nas empresas estatais. Foto: André Côrrea
A diversidade nas empresas estatais foi o tema de debate promovido pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) na mais recente edição do Sest Convida. O evento, realizado nesta quarta-feira (21/8), em Brasília, contou com a participação da economista e professora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Marilane Teixeira, e da especialista em diversidade, equidade e inclusão do Banco do Brasil (BB), Suellen Mascaro.
Elisa Leonel, secretária de Governança das Empresas Estatais, foi responsável pela mediação e abriu a atividade ressaltando a importância da diversidade para o governo e destacou o compromisso da Sest com essa agenda. Ela reforçou que o objetivo do debate é explorar formas de fortalecer a agenda de diversidade nas empresas estatais, reconhecendo que isso vai além dos direitos humanos e representa uma estratégia que agrega valor às organizações. "Queremos contribuir para que as empresas sejam cada vez mais diversas, não só porque isso é um direito humano, mas porque isso agrega valor às organizações, traz inovação, qualidade e resultados para a sociedade", destacou.
Elisa apontou também o compromisso da Sest e do Governo Federal em alcançar resultados efetivos nas políticas públicas de diversidade. “Na secretária de estatais estamos em um momento de pactos e de efetiva chamada à ação, e nossa reflexão e com que nos nossos processos a gente consiga internalizar essa perspectiva de diversidade. Somos responsáveis pela revisão e aprovação de todos os planos de carreiras das estatais, das remunerações, dos estatutos das empresas, então todas as discussões sobre a composição das diretorias estatutárias, dos conselhos de administração, a capacitação desses representantes nossos nas estatais, o orçamento das empresas e como o financiamento de um banco público está direcionado a perspectiva de inclusão e diversidade”, afirmou.
O secretário-adjunto da Sest, Pedro Cavalcante, foi responsável pelo encerramento do evento e falou sobre a importância de todas as pessoas se responsabilizarem com a agenda de diversidade para que participem, de fato, da transformação necessária nas empresas estatais brasileiras.
Diversidade como estratégia de desempenho
Suellen Mascaro, especialista em diversidade, equidade e inclusão do Banco do Brasil, abordou a importância do tema, destacando que a diversidade não é apenas uma questão de igualdade social, mas também um atributo que melhora a performance das instituições. "Por que falar de diversidade, equidade e inclusão? Se não bastasse ser um aspecto de igualdade social, tem também um atributo de performance e de valor para cada uma das instituições", afirmou.
Ela apresentou dados que evidenciam a importância da diversidade, como a probabilidade de 36% das empresas com equipes executivas etnicamente diversificadas superarem a performance das demais (fonte: McKinsey & Company). Outros dados revelam que 90% concordam que a prática de diversidade, equidade e inclusão contribui para inovação e qualidade da força de trabalho, e 81% dos funcionários relatam felicidade por trabalharem em uma cultura inclusiva, três vezes mais do que aqueles que não se sentem incluídos (fonte: Pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2022). Mascaro também destacou que 52% dos funcionários negros não trabalhariam para empresas que não comunicam a desigualdade racial (fonte: BCG - “Inclusive Cultures Have Healthier and Happier Workers”).
A especialista ressaltou, ainda, a relação entre diversidade e performance: "Um time etnicamente diverso performa melhor, mas se metade das pessoas negras não se sentirem incluídas, compromete-se a chance de alta performance". Ela argumentou que a valorização da diversidade amplifica os resultados das empresas.
Em uma perspectiva de mercado, Suellen mencionou que 85% dos brasileiros consideram importante que marcas abordem a diversidade em suas comunicações (fonte: Bridge Research, pesquisa Samsung Brasil 2019). 69% da comunidade LGBTQIAPN+ preferem comprar em empresas que demonstram apoio à diversidade (Fonte: Relatório do Orgulho LGBTQIA+ 2023). Além disso, 57% dos consumidores são mais fiéis a marcas que enfrentam desigualdades sociais (fonte: Pesquisa Global de Tendências de Marketing para 2022), e 70% afirmam que já deixaram ou deixariam de comprar produtos de marcas com campanhas publicitárias ofensivas ou racistas (fonte: Pesquisa Global de Tendências de Marketing para 2022).
Suellen enfatizou a importância de dados para respaldar a discussão sobre diversidade, sublinhando que evidências são essenciais para formular políticas públicas eficazes. "É muito importante que a gente consiga analisar dados e que esses dados respaldem essa discussão porque, para muitas pessoas, essa discussão pode parecer retórica demais e ela não deveria ser", afirmou. Ela concluiu destacando a responsabilidade das empresas estatais em liderar esse movimento de inclusão, especialmente por prestarem serviços emergenciais. "A iniciativa privada vem buscando cada vez mais trazer uma marca inclusiva. Se nós representamos empresas estatais que muitas vezes prestam serviços emergenciais, imagina o tamanho da nossa responsabilidade. Não é mais uma questão de querer ou não, concordar ou não. Essa é uma conversa séria, às vezes difícil, que a gente precisa ter", finalizou.
Políticas Públicas
Marilane Teixeira, economista e professora da UNICAMP, também destacou a importância dos dados na discussão sobre diversidade. Ela mencionou sua experiência com a consultoria ao Ministério das Mulheres no projeto de lei da igualdade salarial, apontando a necessidade crescente de evidências para fundamentar políticas públicas.
Ela destacou que, embora existam boas estatísticas sobre gênero, raça e cor, há uma grande deficiência em relação à orientação sexual. "Nós temos uma debilidade enorme em relação à orientação sexual, não temos dados no Brasil nem confiáveis nem que se possa desconfiar em relação ao tema", explicou. Marilane ressaltou que dados e evidências são cruciais para a formulação de políticas públicas eficazes. "Ter dados são fundamentais para formular políticas. Não se produz políticas públicas sem evidências", disse. Teixeira concluiu destacando que, enquanto algumas áreas, como etarismo e capacitismo, já possuem boas estatísticas, outras ainda precisam ser consolidadas para melhorar a formulação de políticas públicas.