Sem calar nem explodir: o que fazer com a raiva no ambiente de trabalho?
Por Daniela Forner Castelan
Relações de trabalho são complexas por sua natureza porque envolvem lidar com pessoas diversas, em diferentes posições hierárquicas, e nos desafiam diariamente, visto que passamos boa parte de nossas vidas em nossos ambientes de trabalho. “Navegar” por essas relações nos exigirá habilidades interpessoais, como por exemplo, a capacidade de lidar com conflitos.
E a raiva? Quando ela surge, o que fazer com ela? Haverá uma maneira segura e construtiva de expressar a raiva no ambiente de trabalho?
Imagine que seu chefe solicitou um trabalho com o prazo de uma semana e te deu as diretrizes que considerou suficientes e necessárias para executá-lo. Você se empenhou em sua tarefa, produziu o trabalho solicitado e o entregou dentro do prazo. Porém, seu chefe não gostou do resultado e pediu, por e-mail, que seja refeito, indicando os pontos de melhoria e te dando novo prazo, porém desta vez de 2 dias.
Você achou seu chefe durão, insensível e intransigente e ficou com RAIVA. Não soube como expressá-la e caiu em algum dos dois polos: ou se calou e “engoliu” seu ressentimento, ou explodiu e falou mais do que seria adequado. Das duas maneiras, a forma de “resolver” o conflito não é construtiva. Isso porque essas reações não ajudam a mudar a situação e ainda podem piorar a relação com seu chefe.
A Comunicação Não Violenta (CNV) propõe quatro passos para compreender e expressar a raiva:
1. Parar e Respirar
2. Identificar pensamentos que provocam a raiva
3. Perceber as minhas necessidadade
4. Expressar sentimentos e fazer pedidos claros.
Por último, mas não menos importante: vá a seu tempo! A CNV é um repertório comportamental que exige prática e persistência:
Como você expressaria suas necessidades de uma forma que cuide dessa relação?
Quatro passos para compreender e expressar a raiva com a comunicação não violenta (CNV):
1. Parar e Respirar
Em vez de reagir imediatamente, é importante fazer uma pausa para se acalmar.
2. Identificar pensamentos
É possível que boa parte deles estejam concentrados em julgar seu chefe. Mas, direcione o foco para si. Observe os pensamentos que estão te deixando com raiva. Por que essa ação ou comportamento do outro foi um gatilho para eu me sentir assim?
3. Perceber necessidades
Em vez de focar nos julgamentos, devemos entender quais são as nossas necessidades não atendidas. Por exemplo, se estamos julgando nosso colega de trabalho como "durão, insensível e intrasigente", talvez nossa necessidade pode ser de mais clareza nas expectativas, espaço para diálogo, apoio na construção do trabalho ou prazos mais realistas.
4. Expressar sentimentos e fazer pedidos
Depois de entender nossas necessidades, podemos expressar nossos sentimentos e necessidades não atendidas, fazer pedidos claros. Antes disso, é útil tentar entender as necessidades e sentimentos do outro e oferecer empatia. Lembrar que o outro está fazendo o melhor que pode, dentro de suas possibilidades, também ajuda nesse processo.
Referência:
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
Sobre as autoras:
Texto de Daniela Forner Castelan. Servidora da Receita Federal do Brasil. Psicóloga de abordagem Comportamental-Contextual, possui a Comunicação Não-Violenta, o Mindfullness, a Terapia de Aceitação de Compromisso e a Psicoterapia Analítico-Funcional como repertórios clínicos.
Ilustração de Luciana Pellegrini Drucker. Servidora do Inmetro, sempre atuando na área de Inovação. Atualmente pilota seus pincéis e canetas fazendo facilitação gráfica, registros visuais e o que mais pedir imagens para ilustrar o mundo.