Como a Emoção Impulsiona a Motivação e o Comportamento no Trabalho

Por Denise Zappelli Ferreira Jorge e Janice dos Santos 

O filme “Evidências do Amor” é uma comédia romântica protagonizada por Marco (Fábio Porchat) e Laura (Sandy Leah) que se conheceram numa noite de Karaokê, ao cantarem juntos o clássico “Evidências”. Após ser abandonado por Laura, Marco Antônio, sempre que ouve a música favorita do casal, viaja no tempo e fica lembrando dos momentos em que ele aparentemente não era tão perfeito como imaginava.

O filme demonstra como experiências geram memórias, memórias geram emoções e emoções geram comportamento.

A motivação é o resultado de processos cerebrais que ocorrem a partir de estímulos internos (fome, sede, desejo) e externos (oportunidades e ameaças) que funcionam como gatilhos impulsionando o comportamento a ser exibido em direção a um determinado fim.  

A “motivação não se refere a comportamentos reflexos ou localizados, mas envolve a aprendizagem e outros processos cognitivos que se encarregam da organização das ações que melhor garantam a sobrevivência”. (Conzenza, 2011 p. 81).  

Em síntese, a motivação humana tem por base evitar os estímulos negativos e buscar os positivos. Dessa forma, o comportamento pode ser considerado como a expressão da motivação, ou seja, são as ações realizadas a partir dos estímulos que agem sobre o sujeito.  

Experiências geram memórias, memórias geram emoções e emoções geram comportamento. 

Nesse contexto, considerando que a motivação nos leva a repetir ações que tiveram resultado satisfatório no passado ou gerem expectativas futuras favoráveis, é possível afirmar que as experiências vivenciadas pelos indivíduos exercem grande influência sobre o comportamento.  

Por outro lado, a desmotivação surge diante de estímulos negativos ou quando o sujeito não consegue identificar de forma clara as recompensas decorrentes de seus esforços. Assim, sempre que temos que executar alguma tarefa, o cérebro: 

1. Identifica o estímulo - O quê? 

2. Avalia a importância desse estímulo (Por que fazer?) e  

3. Avalia a viabilidade (Épossível fazer?).  

Essas avaliações recebem influência de fatores como: expectativa de recompensa, crenças limitantes, emoções, significado (relevância), propósito e autoeficácia. 

Como ocorre esse processo? 

Diante de diferentes situações, a partir de estímulos condicionados (aprendidos), o cérebro tende a fazer representações neurais do ambiente (representação contextual pelo hipocampo) por meio de associações com base nas informações obtidas a partir das experiências vividas e armazenadas na amígdala (responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções). Esses estímulos (aversivos ou apetitivos) produzem emoções que estão intimamente ligas à motivação.  

Quando os estímulos geram gatilhos emocionais positivos as pessoas tendem a ficar motivadas a agir.  

Por outro lado, diante de estímulos que geram um gatilho emocional negativo (evento aversivo ou traumático), tendemos a ficar desmotivados (motivação negativa ou de evitação) podendo reagir de maneira impulsiva ou arredia (por medo ou ansiedade), a partir da previsão de eventos futuros com base em experiências do passado. 

Assim sendo, de acordo com estudos da Neurociência, podemos afirmar que a comunicação e o clima organizacional desempenham papéis fundamentais para um bom gerenciamento das organizações.  

Uma comunicação violenta no ambiente organizacional, baseada no medo e caracterizada pelo autoritarismo, gritos, palavras agressivas, insegurança e falta de empatia gera uma série de consequências como estresse, medo e desmotivação.  

Na mesma linha, um clima organizacional caracterizado por conflitos, falta de diálogo e clareza, desconfiança e comunicação ineficiente e/ou violenta gera emoções de valência negativa levando à insatisfação no trabalho e, consequentemente, ao desinteresse, a alta taxa de rotatividade e a queda do desempenho.  

Em contrapartida, um clima saudável, em que servidoras e servidores se sintam valorizados, reconhecidos e respeitados tende a gerar emoções positivas promovendo um bom estado de humor, a motivação e o engajamento de maneira orgânica. 

Em resumo, compreender a relação entre as emoções e a motivação é fundamental na gestão das organizações, uma vez que permite a criação de estratégias eficazes para regulação dos comportamentos, de forma adaptativa e saudável, com reflexo em um ambiente de trabalho harmonioso e mais produtivo. Você tem alguma história para contar que demonstra como o clima organizacional afeta a motivação e o comportamento das pessoas? 

Neurociência: emoção, motivação e comportamento.

Referências:

Portal Ingresso.com Disponível em: <https://www.ingresso.com/filme/evidencias-do-amor> 

COSENZA, Ramon M.. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: 

Editora ArtMed, 2011 

Sobre as autoras

Denise Z F Jorge é servidora do Instituto Nacional do Seguro Social com formação em Química Ambiental pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Formação Pedagógica pela Universidade Estácio de Sá. Também é especialista em Neurociência e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema Educação e aluna no curso de Especialização em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional na PUC/MG e do
MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com linha de pesquisa voltada para inclusão e diversidade em ambientes escolares e com foco em educação corporativa.

Janice Farias, formada em Letras-Português e pós graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Empregada Pública pela Ebserh, filial He-Ufpel.