Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)
Descrição do conteúdo interativo:
Qualidade de vida no trabalho: dicas para práticas organizacionais efetivas
Elaborado pelas Professoras Doutoras da Universidade de Brasília, Gisela Demo e Tatiane Paschoal como parte do Comitê Científico LA-BORA! Gov
O que está acontecendo com a QVT?
O investimento em ações de qualidade de vida no trabalho (QVT) visa ao aumento do bem-estar, do envolvimento e do desempenho sustentável de trabalhadores na organização. Surpreendentemente, o estresse no trabalho e o burnout continuam sendo um problema global, com impactos diretos na saúde individual e na qualidade dos serviços e produtos oferecidos aos cidadãos.
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Observamos muitas vezes um descompasso entre o que os líderes fazem e o que eles falam, o que pode desmotivar as equipes de trabalho. Valores e metas que sustentam o planejamento estratégico da organização não são convertidos e operacionalizados em ações organizacionais e práticas gerenciais compatíveis. Portanto, os líderes devem evitar essa dissonância lembrando que o exemplo é o melhor instrumento didático que existe.
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O bem-estar no trabalho está ligado às emoções que sentimos e a condições presentes na organização. Depende de características pessoais e do ambiente de trabalho, como comunicação, autonomia e reconhecimento. Muitos programas de QVT ignoram esses antecedentes de bem-estar/mal-estar no trabalho e se restringem a ações paliativas compensatórias, de alívio momentâneo de estresse, isoladas e com foco exclusivo no indivíduo. Não consideram, portanto, as causas micro e macro das experiências de bem-estar/mal-estar no trabalho e o que significa QVT naquela organização. O termo “ofurô corporativo”, que reúne tais tipos de práticas e foi cunhado pelo professor de Psicologia da Universidade de Brasília, Mário César Ferreira, ilustra bem essa realidade e tendência nas organizações.
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72% dos brasileiros sofrem de estresse e 32% dos brasileiros sofrem de burnout.
Vamos adotar práticas efetivas de QVT nas organizações? Lembre-se sempre que a QVT é uma responsabilidade de todos na organização.
10 práticas efetivas de QVT nas organizações:
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Considere a cultura da sua organização: Evite a contratação de serviços e produtos prontos/preestabelecidos, que não levem em conta as especificidades da organização, como sua cultura, processos e práticas organizacionais e gerenciais, bem como as experiências dos seus servidores.
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Faça um bom diagnóstico: Faça um bom diagnóstico sobre como as pessoas avaliam seu contexto de trabalho na organização (por exemplo, as condições físicas e tecnológicas, a carga de trabalho, as práticas de gestão de desempenho, a qualidade da comunicação e das relações interpessoais, as práticas de reconhecimento etc.) e, principalmente, como se sentem no trabalho, afinal elas são as protagonistas dos resultados organizacionais! Assim, promover a relação sustentável entre bem-estar e produtividade deveria ser o primeiro objetivo de qualquer organização. Os resultados são consequência de um ambiente de trabalho mais saudável e humanizado.
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Estabeleça os princípios de QVT: Com base no diagnóstico, estabeleça os fundamentos normativos e os princípios de QVT que serão adotados na organização. Essa iniciativa evita os impactos de possíveis rupturas gerenciais comuns no setor público.
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Estabeleça indicadores: Estabeleça indicadores que norteiem a elaboração e o acompanhamento de um programa de QVT com base no diagnóstico traçado.
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Identifique as causas: Proponha ações que identifiquem as causas do bem-estar/mal-estar no trabalho e intervenha sobre elas.
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Evite práticas de ofurô corporativo: Práticas desse tipo são limitadas e sem conexão com as reais fontes de bem-estar/mal-estar no trabalho. Elas podem estar na moda e parecer atraentes no início, mas a tendência é que a adesão das pessoas seja cada vez menor e que os investimentos financeiros e estruturais não tragam os resultados desejados.
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Selecione bem as práticas: Programas de manejo de estresse, de orientação de carreira e mentoria, por exemplo, bem como serviços de suporte psicológico e médico são bem-vindos, só não devem ser as únicas práticas de QVT oferecidas pela organização.
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Crie uma equipe para cuidar da QVT: A promoção da QVT não é responsabilidade exclusiva da equipe de gestão de pessoas ou da equipe de saúde. Crie e formalize uma equipe de trabalho composta por profissionais de diferentes áreas da organização. Esta equipe deve coordenar as decisões e ações para promoção de QVT e estabelecer a ponte entre as equipes de gestão de pessoas e de saúde e as diversas gerências e grupos que compõem a estrutura organizacional. A promoção da QVT envolve ações de suporte ao profissional e, necessariamente, a intervenção sobre o contexto de trabalho. Portanto, precisa estar estrategicamente alinhada às diversas práticas organizacionais e gerenciais.
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Enfatize a gestão participativa: Enfatize práticas que estimulem a gestão participativa e compartilhada na organização. Esse é um ponto estruturante para a QVT. Quando as pessoas participam e tomam decisões coletivamente, elas se sentem implicadas, envolvidas e comprometidas com a organização e a equipe e, particularmente, com eventuais programas de QVT que venham a ser adotados.
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Fortaleça sua rede: É importante compartilhar experiências bem-sucedidas e conhecer as práticas de sucesso de outras organizações, além de discutir conhecimentos, dúvidas e desafios sobre a QVT no setor público brasileiro.