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Confira a entrevista com o servidor Eduardo Almas do MGI
I De onde surgiu a ideia do LideraGOV?
Eduardo Almas: Havia a intenção dos gestores de 2019 em criar um programa de desenvolvimento para lideranças. Identificamos que naquela ocasião, 33% dos servidores que ocupavam cargos de alta gestão poderiam se aposentar nos cinco anos seguintes, ou seja, precisávamos, para além da intenção dos gestores, pensar no processo sucessório. Identificamos também que a Enap já possuía uma gama de cursos para os altos executivos, mas pouca coisa focada no desenvolvimento de servidores que poderiam ser potencias líderes. Nesse contexto, aliado ao fato de eu ter tido minha trajetória profissional transformada por programa semelhante, o Líderes Cariocas da Prefeitura do Rio de Janeiro, focamos o LideraGOV em servidores que apresentavam potencial, mas ainda não tinham tido a chance de ocupar cargos de liderança formal. Sempre, claro, fazendo o reforço de que participar do Programa não garante a ocupação de cargos. Afinal, tais cargos são de livre nomeação exoneração.
De que forma o Programa pode contribuir com a administração pública? E com os usuários dos serviços públicos?
Eduardo Almas: O Programa identifica servidores que querem pensar soluções para problemas da administração pública, que possuem espírito empreendedor e que são altamente engajados com a causa pública. Tais servidores, quando preparados, podem ter ainda melhores resultados quando vierem a ocupar cargos de alta liderança. Os resultados para a população serão consequência da melhoria dos processos de trabalho.
Como idealizador, como está sendo acompanhar de perto toda a trajetória do Programa?
Eduardo Almas: Aprendo muito a todo momento. Os LideraGOVers (egressos do Programa) saem transformados, mas nós que estamos nos bastidores saímos mais ainda. Primeiro, pelo exercício em si de conduzir um projeto de tamanho vulto. Depois, por ver o quanto o programa devolve aos servidores sentido e esperança. Os depoimentos dos egressos emocionam demais a todos que participam dessa construção, que é uma construção conjunta do MGI com a Enap. E veja, é um Programa e não mais um curso, pois é uma política de Estado que visa o processo sucessório e a valorização do servidor. Por isso, foi construído em quatro fases (processo seletivo, curso de qualificação, efetivação e avaliação).
Do ponto de vista do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (Sipec), quais são os principais desafios do LideraGov?
Eduardo Almas: Atingir escala, chegar a mais servidores. Como objetivo central temos o de formar uma rede de servidores aptos a ocuparem cargos de liderança. Para que essa rede se fortaleça, precisamos aumentar a quantidade de participantes, que precisam estar espalhados por todo o Brasil. Neste sentido, aumentar o investimento para a abertura de mais turmas ao ano é um grande desafio diante das limitações orçamentárias e de pessoal que temos. Outro desafio é aprimorar a possibilidade de movimentação dos egressos, que necessita de normativos para que se torne mais efetiva.
Na sua percepção, quais são os pontos fortes do Programa?
Eduardo Almas: As disciplinas são todas elaboradas com base na matriz de competências de liderança que a Enap construiu. Isso, por si só, é um ponto muito forte, pois deixará os profissionais preparados para o enfrentamento futuro de muitos desafios. Outro ponto forte é o trabalho do MGI, após conclusão do curso, para manutenção da Rede LideraGOV e da exposição de seus nomes diante das oportunidades que surjam.
Há algo que possa ser aperfeiçoado no LideraGOV?
Eduardo Almas: Sempre há. Aprendemos a cada edição e vamos ajustando. Visando isso, na construção do Programa, quatro fases foram previstas. A última etapa é justamente uma avaliação de consultores externos que identificam e apontam necessidades de melhoria.
Qual a relevância da parceira com a Fundação Escola Nacional de Administração Pública (Enap)?
Eduardo Almas: A Enap é a grande parceira da SGP em qualquer ação que vise o desenvolvimento profissional. No LideraGOV não poderia ser diferente. A Enap possui enorme competência na formação de servidores. É uma potência que deve ser aproveitada. Além disso, a SGP constrói as políticas de desenvolvimento, mas é a Enap a principal executora.
Vem aí a formação da turma 4.0, prevista para agosto deste ano. O que essa turma representa em termos de diversidade e inclusão?
Eduardo Almas: Essa turma é um marco, pensada em uma parceria MGI x MIR e Enap. Precisamos da inclusão e da presença cada vez maior de pessoas negras em cargos de alta liderança, representando de fato o povo brasileiro. O Brasil precisa ter entre seus gestores públicos a mesma representação percentual de pessoas negras existente na população. A partir dessa turma exclusiva, as futuras terão cotas para pessoas negras.
Quais foram os principais ganhos e os principais desafios dessa turma exclusiva para pessoas negras?
Eduardo Almas: Os ganhos estão nos objetivos já citados, de equalizar a representação dessa população de servidores. Os desafios são enormes. Desde a concepção, nós nos preocupávamos em construir algo no qual os servidores negros pudessem se sentir, de fato, contemplados. Ou seja, o LideraGOV para pessoas negras não podia ser falácia, tinha que ser algo que realmente se preocupasse com a dor e o desafio dessas pessoas e as ajudasse na inclusão futura em cargos de alta liderança. Erramos muitas vezes durante o curso de qualificação, mas estamos atentos às melhorias que ainda precisam ser implementadas. Inseri-los na Rede de forma ativa precisa ser algo muito elaborado e bem pensado pois daí poderão brotar as oportunidades que eles buscam para que tenham uma voz cada vez mais potente.
O que vem de novo por aí?
Eduardo Almas: O que está certo é a quinta edição do Programa, que deve ser anunciada entre outubro e novembro deste ano.
Falando sobre o Prêmio Espírito Público, qual a importância dessa premiação para a administração pública federal? E para os egressos do Programa?
Eduardo Almas: O prêmio é um incentivo para que bons servidores mantenham seu engajamento diante de tantas circunstâncias difíceis. Para o Programa e para os LideraGOVers é a oportunidade de divulgação do trabalho e da importância de que os atuais gestores busquem os nomes da Rede para ocupação de cargos de alta liderança em seus times.
Como idealizador, qual a importância de vencer esse prêmio?
Eduardo Almas: Vencer é algo muito relativo. Conquistar o Prêmio Espírito Público é importante, mas a grande vitória foi manter o LideraGOV ativo, mesmo diante da troca de governantes. Essa conquista é um reconhecimento para nós do MGI e para a Enap, ambos participamos da construção e da manutenção do Programa. É uma valorização, após árdua luta para implementar e manter o LideraGOV vivo. Gostaria de agradecer aos idealizadores do Prêmio Espírito Público pelo trabalho tão significativo para a administração pública. Precisamos desses incentivos para manter profissionais engajados ao longo da longa trajetória.