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Saúde Indígena
Grupo de Trabalho que discute nova Política de Saúde Indígena reúne-se pela segunda vez
Representantes do Grupo de Trabalho (GT) criado para discutir e revisar a nova Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) reuniram-se em Brasília, nesta segunda-feira (21), para o segundo encontro do colegiado, desde a sua criação. O objetivo foi debater o planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS), o conceito de Redes de Atenção à Saúde e o modelo da atenção básica no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).
O diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Eduardo Melo, disse que as redes de atenção podem resolver grande parte dos problemas que envolvem a questão indígena. “As redes são essenciais para garantir o acesso integral desses pacientes e para que possamos identificar onde existem desigualdades e vazio assistencial. É um processo difícil de articulação para garantir que os indígenas sejam atendidos em outras localidades. Por isso, as práticas de promoção e prevenção são estratégias muito importantes, principalmente na atenção básica”.
O representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Clóvis Boufler, defendeu a organização de um sistema diferenciado. “A rede precisa se antecipar e oferecer as condições de atenção e cuidados e não esperar que surja a necessidade do usuário. Para mim, esse é o centro do processo. Hoje, nós temos condições de fazer isso de forma resolutiva”, afirmou Clóvis.
Lucivan Bernardo, do Departamento de Atenção à Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), lembrou as dificuldades enfrentadas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) na remoção dos pacientes. “Esse é o momento oportuno para tentarmos contemplar nesta nova Política a questão do transporte sanitário, que tem onerado significativamente os distritos. Hoje, nós temos dificuldades de acesso ao Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e isso causa um grande transtorno para toda a rede de atenção”, observou.
A presidente do Sindicato dos Profissionais e Trabalhadores da Saúde Indígena (Sindicopsi), Carmem Pankararu, acrescentou que os municípios de pequeno porte desconsideram as necessidades da população indígena. “A saúde indígena é vista como uma dificuldade por esses municípios, que acham que esses pacientes têm uma rede específica e que o DSEI tem a total responsabilidade por eles”.
Para ela, outra questão importante é que o trabalhador da saúde indígena tem que ter uma preparação específica. “Quem vai trabalhar com indígenas precisa passar por capacitações na área de antropologia, por exemplo, justamente no sentido de auxiliar na integração dos saberes tradicionais do povo com a medicina aplicada nos centros de saúde”, pontuou.
“A Sesai vem discutindo vários programas, como o Requalifica UBS [Unidades Básicas de Saúde] e o Telessaúde [uso de tecnologias da informação e comunicação para atividades à distância relacionadas à saúde]. Porém, são várias as lacunas que ainda precisamos preencher. As atividades desse Grupo de Trabalho são importantes para nos trazer reflexões a fim de que possamos ser inseridos também nesses outros contextos”, concluiu o coordenador do GT e chefe de gabinete da Sesai, Daniel Lacerda.
Os trabalhos do GT continuam nesta terça-feira (22) com a divisão dos participantes em três subgrupos que vão debater os seguintes temas: Atenção Integral à Saúde, Segurança Alimentar e Nutricional, e Sistemas e Práticas Tradicionais de Saúde Indígena; Gestão e Organização dos Serviços e Saneamento e Edificações de Saúde Indígena; e Controle Social, Gestão Participativa e Etnodesenvolvimento. A terceira reunião do grupo está prevista para o mês de novembro.
Por Graziela Oliveira
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS
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