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Saúde Indígena
Atenção psicossocial é tema de oficinas para conselheiros de saúde indígena em AL e em SE
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alagoas e Sergipe reuniu profissionais de psicologia, assistência farmacêutica e serviço social para capacitar conselheiros locais de saúde indígena, em aldeias de seu território de abrangência. Durante quatro encontros, entre julho e setembro, mais de 100 pessoas debateram questões sobre o fortalecimento e integração das lideranças indígenas no cuidado integral e no manejo dos casos dos usuários em saúde mental.
Eline Juvita, assistente social e secretária do Conselho Distrital de Saúde Indígena do DSEI AL e SE, acredita que as oficinas de atenção psicossocial estreitam os laços de cuidados e garantem mais protagonismo e empoderamento dos indígenas. “As comunidades, com seus saberes e tradições, têm condições de se tornarem protagonistas do cuidado com sua própria saúde. Cabe às equipes multidisciplinares colaborar com este processo”, diz.
A psicóloga Regina Juliana, responsável técnica pela saúde mental no DSEI, explica os métodos utilizados nas oficinas. “Utilizamos uma metodologia vivencial na qual os conselheiros pensam e problematizam seus territórios, redes, vulnerabilidades, potencialidades e formas de se produzir os cuidados em saúde mental”, afirma.
De maneira lúdica, os instrumentos utilizados propiciaram um processo dialógico entre conselheiros e profissionais de saúde em que o aprendizado se deu de maneira recíproca, valorizando os cuidados tradicionais, os arranjos locais de cuidado do território e o fortalecimento da comunidade, colaborando para o empoderamento dos conselheiros locais.
“Com essas oficinas, aprendemos que as 12 etnias das áreas indígenas de Alagoas e Sergipe têm realidades e potenciais diferentes. Vivenciamos as especificidades de cada território, assim como suas formas de cuidados, compreendendo que as mudanças serão constantes para que possamos dialogar, cada vez mais, com as diferenças”, pontua Thatyana Wanderlei, da assistência farmacêutica do Distrito.
Na programação, além de debates e vivências sobre saúde mental, controle social e organização dos Conselhos Locais de Saúde Indígena e o uso racional de medicamentos, foram construídas, numa parceria entre conselheiros e equipe de saúde, cartografias do território – ou seja, mapas territoriais identificando contexto cultural das aldeias, limites territoriais e afetivos e vulnerabilidades sociais que interfiram no bem viver das comunidades.
SAÚDE MENTAL NO TERRITÓRIO
A saúde mental no território do DSEI Alagoas e Sergipe é marcada por ações de promoção à saúde e prevenção de doenças, numa lógica antimanicomial, inclusiva e de empoderamento do território. Há áreas de intenso contato com comunidades não indígenas e, àquelas próximas às rodovias e estradas são flagradas situações de extrema vulnerabilidade, não apenas social e de saúde, mas econômica, com poucas oportunidades profissionais e conflitos e dificuldades de acesso à terra.
Assim, desde 2013, a coordenação do DSEI desenvolve apoio matricial às 13 equipes multidisciplinares no Distrito, em parceria com os cuidadores tradicionais, com projetos terapêuticos singulares (PTS) e cuidados em consonância com os saberes locais. Como potencialidades para o trabalho no território, identifica-se grande organização social, principalmente entre as mulheres e jovens.
Por Déborah Proença