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Saúde Indígena
Uso de plantas medicinais no DSEI Potiguara é destaque em encontro na UFPB
O poder das plantas medicinais e a necessidade de preservar os recursos ambientais foi tema de uma reunião, na última sexta-feira (28), no XX Encontro de Plantas Medicinais Utilizadas na Atenção Básica, realizado no Centro de Treinamento dos Servidores da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa (PB). O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Potiguara foi representado pela enfermeira Teresa Silma Nunes Alves, que falou sobre o uso de plantas medicinais na comunidade indígena da região.
“Defender o que Deus nos deu não podemos recuar, temos consciência de avançar com sabedoria”, disse a professora-doutora Maria Salete Horácio da Silva, que coordena e está à frente do Centro de Defesa do Saber Popular em Saúde da Paraíba (CEDESPS/PB), promotora do encontro, que tem ainda o objetivo de divulgar as terapias integrativas e complementares visando a promoção e preservação da saúde no âmbito familiar e desenvolver a defesa do saber popular em saúde com intercâmbio técnico e científico interdisciplinar.
Na exposição da representante do DSEI Potiguara, a enfermeira Teresa Silma destacou a atuação do “Grupo Amor de Planta Medicinal Potiguara”, que tem fortalecido a identidade indígena, enriquecendo a cultura e a valorização dos saberes da comunidade Potiguara, grupo criado em 2012, na aldeia Jaraguá, no Polo Base de Rio Tinto, iniciativa do cacique Anibal.
O grupo da aldeia Jaraguá vem se fortalecendo com a participação da comunidade indígena da região, com representantes da aldeia Forte (Baía da Traição) e aldeia Três Rios (Marcação), além de profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) do DSEI, com ênfase dos técnicos da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASE) do Polo Base de Rio Tinto e apoio técnico do Centro de Defesa do Saber Popular em Saúde da Paraíba (CEDESPS/PB).
Teresa Silma ressaltou, ainda, que as reuniões são realizadas mensalmente na aldeia Jaraguá com o objetivo de desenvolver as atividades e aperfeiçoar os conhecimentos com as plantas medicinais que são encontradas na terra indígena Potiguara. “A natureza é elemento supremo sendo expressão da criação divina, onde as plantas fazem parte desse universo”, observou a enfermeira que explicou que a mescla, a jurema e o alecrim são consideradas ervas ‘sagradas’ pelo povo Potiguara sendo, inclusive, usadas nos rituais do Toré e em pedidos de proteção.
Mais de 15 participantes estiveram no encontro, entre os quais sete enfermeiras e uma estudante de Enfermagem, que teve ainda outras apresentações, como o da enfermeira Cleonice Oliveira dos Santos, enfocando que o próprio governo brasileiro, valorizando a sabedoria popular, criou o Programa de Práticas Integrativas e Complementares para serem utilizadas pelo SUS e entre elas está a Fitoterapia que utiliza as plantas como base para a fabricação de remédios com eficácia comprovada cientificamente através de pesquisas. Na ocasião, ela explicou os efeitos da planta medicinal cana-do-brejo, anti-inflamatório, indicado principalmente em casos de inflamação no trato urinário e popularmente conhecido por apresentar efeitos depurativos e diuréticos.
Testemunho
Solicitando uma intervenção, a indígena da aldeia Jaraguá, Maria das Mercês Lima, a Dona Lenita como é reconhecida na comunidade, agradeceu a ajuda pelo tratamento que recebeu na cura de um problema em seu joelho. “Graças a Deus estou boa, fiquei sem andar, mas a planta me curou, sem precisar de cirurgia”, testemunhou emocionada, acompanhada da neta Maria Fernanda, de 10 anos.
Ao final do encontro, a professora Salete deu uma aula prática produzindo uma alcoolatura com associação das plantas medicinais alecrim pimenta, rabo de raposa e nim, de ação antimiótica e antiinflamatória.
Por João Bosco de Araújo