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Palestra de economista alerta para o superendividamento dos brasileiros
Foto: Isaac Amorim/MJSP
Brasília, 12/12/2023 - No segundo dia da programação da 32ª reunião do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o economista e professor Eduardo Moreira palestrou sobre o superendividamento, destacando a organização do sistema financeiro no Brasil como um fator facilitador do problema. Em sua fala aos representantes de órgãos de defesa do consumidor de todo o país, ele levantou questões relacionadas às práticas bancárias e seus efeitos sobre a população.
Segundo o professor, o sistema financeiro facilita o superendividamento da população. Eduardo enfatizou que o Brasil é o país onde os bancos têm a maior lucratividade do mundo. "O principal problema do nosso país é a forma como o sistema financeiro está estabelecido e como ele é uma máquina de ‘Robin Hood’ às avessas, tirando o dinheiro das pessoas mais pobres para transferir para as pessoas mais ricas. E enquanto a gente não enfrentar isso, todo o resto vira enxugar gelo", afirmou Moreira.
O economista também criticou as altas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras no país e a falta de transparência, salientando que muitos consumidores fazem empréstimos sem compreender totalmente os encargos financeiros envolvidos na operação. “Isso vai escravizando a classe trabalhadora brasileira. Eu já peguei algumas pessoas que têm dívidas de 50, 100, 400 mil reais porque compraram um sofá, uma geladeira, uma televisão”, disse.
Em consonância com as preocupações levantadas por Moreira, o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, reforçou a gravidade do superendividamento. "O superendividamento de boa parte do povo brasileiro é uma mazela social, uma vergonha. É algo que nos impõe o enfrentamento como ele deve ser feito, a partir das nossas atribuições. Nós temos um compromisso de mitigar esse drama das famílias", declarou Damous.
Juros abusivos
Walter Moura, representante da Comissão Especial de Defesa do Consumidor do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), corroborou a visão de que os juros abusivos são os maiores responsáveis pelo endividamento dos consumidores. “O superendividamento era para ser apenas uma fase transitória do enfrentamento da superdívida. A única solução para tratar superendividamento é redução de juros”, afirmou.
A necessidade de reformas no sistema financeiro, maior transparência nas práticas bancárias e educação financeira foram destacadas como elementos fundamentais para reverter o cenário atual.