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Karipunas pedem proteção em Rondônia
Ministro em reunião com representes do Conselho Indigenista Missionário e lideranças indígenas Foto: Isaac Amorim
Brasília, 8/3/2018 - Acompanhados do secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário, Cléber Buzatto, os caciques Adriano e André Karipuna, líderes do povo karipuna, de Rondônia, entregaram ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, na tarde desta quinta-feira (8), um mapa com fotos de satélite denunciando grilagem e extração ilegal de madeira dentro do seu território. Adriano afirmou que a situação é tensa. “Tenho medo que meus parentes queiram resolver o problema do jeito deles”, afirmou. “Já fizemos várias denúncias ao Ministério Público de Porto Velho e até agora, nada...”, completou André.
Torquato Jardim se comprometeu a levantar a documentação do território junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) e a acionar a Polícia Federal. “Vejamos qual a providência mais rápida que podemos tomar”, respondeu. “Mas lhes digo de antemão: evitem o confronto. Porque se houver confronto, acabou o diálogo”, completou.
O povo karipuna foi contatado pelo homem branco pela primeira vez em 1978. Desde então, experimentara decréscimo na população e quase foi extinto – chegou a somar 5 indivíduos na década de 90. Hoje, são 58. Ocupam uma área de 152 mil hectares no Sul da Amazônia brasileira, nos limites dos municípios de Nova Mamoré, Buritis e União Bandeirante. O território é demarcado há mais de 20 anos.
Segundo contaram os caciques, madeireiros e grileiros vem lançando mão da estratégia de desmatar, vender a madeira ilegalmente, lotear e por a terra a venda. O território dos karipuna é rodeado de fazendas e, segundo dizem, há um garimpo clandestino instalado perto da divisa com União Bandeirante.
“Eles são muito ousados. Derrubaram a mata numa área a só uma hora de caminhada da nossa aldeia”, reclamou Adriano. “Quando eles botam a terra para vender, pedem o cadastro rural no Governo do Estado e conseguem”, informou. Os líderes indígenas avaliam, com base em informações do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), que tenha havido desmatamento em seis mil hectares de suas terras nos últimos seis meses.
“O Estado está muito ausente da nossa região”, avisou o cacique. “Por isso viemos pedir a proteção do governo sobre a terra demarcada”, completou o advogado Rafael Modesto, assessor jurídico do CIMI.