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Garimpo ilegal e omissão na saúde são os principais responsáveis pela tragédia do povo Yanomani
- Foto: Foto: Isaac Amorim/MJSP
Brasília 23/01/2023 – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou, nesta segunda-feira (23/01), ofício à Polícia Federal, determinando a instauração de procedimento para investigação da autoria do cometimento, em tese, dos crimes de genocídio, além de outros crimes a serem apurados pela autoridade policial, na região do povo Yanomami, em Roraima.
Flávio Dino, afirmou, nesta segunda-feira (23/01), durante entrevista coletiva no Palácio da Justiça, em Brasília, que os principais responsáveis pelo drama humanitário vivido pela população Yanomami, na região, são o garimpo ilegal e a retração de ações de saúde na região.
De acordo com o ministro, o garimpo ilegal causa violação grave de direitos humanos, poluição dos rios e nega o acesso dos povos originários a fontes naturais de alimento. Já a diminuição de ações da saúde foi notificada pelos próprios indígenas na visita ocorrida no local, no último sábado (21/01), liderada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Precisamos investigar a fundo a ação do garimpo ilegal na região e, também, essa retração nos serviços oferecidos pela Saúde. Alguém mandou isso ocorrer? Foi uma medida intencional? Ou se trata de negligência, imperícia ou imprudência?”, questionou Flávio Dino.
O objetivo da investigação, afirma o ministro, é atingir vários níveis. “Não existem zonas de perseguição ou de imunidade. Eu determino investigação de fatos e não de pessoas”, disse o ministro. Assim, cita Flávio Dino, podem ser investigados desde ex-dirigentes de saúde indígena a ex-presidentes de órgãos como a Funai. Ou, ainda, agentes públicos de alto escalão e ex-ministros, por exemplo.
“Quem definirá isso será a Polícia Federal, mas os fatos mostram que houve omissão da alta administração federal”, garantiu o ministro Flávio Dino.
Sofrimento
O Ministério dos Povos Indígenas divulgou que 99 crianças do povo Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre um e 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia.
A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Além disso, em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pela faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.