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Estudo mostra realidade da educação no campo
Para os jovens que vivem na zona rural do Brasil, conciliar o estudo e o local de residência é uma equação difícil de ser resolvida. Da população de 15 a 17 anos, que totalizam 2,2 milhões de pessoas, 34% não freqüentam a escola. Entre os matriculados, apenas 12,9% estão no ensino médio, nível adequado para a idade. A constatação faz parte do estudo Referências para uma política nacional de educação no campo, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).
O estudo, divulgado hoje, 23, durante o Seminário Educação no Campo, em Brasília, subsidiará as atividades do Grupo Permanente de Trabalho criado pelo Ministério da Educação, em junho deste ano, com o objetivo de elaborar propostas que visem à ampliação da oferta e à melhoria da qualidade do ensino na zona rural.
Um quinto da população do País encontra-se na zona rural, somando 32 milhões de pessoas. A rede de ensino da educação básica, de acordo com o Censo Escolar 2002, tem 107.432 estabelecimentos. Metade dessas escolas possui apenas uma sala de aula e oferece, exclusivamente, o ensino fundamental de 1ª a 4ª série. São atendidos 8.267.571 estudantes, que representam 15% da matrícula nacional. 60% dos alunos estão cursando as primeiras quatro séries do ensino fundamental.
De acordo com o estudo, a escolaridade média da população de 15 anos ou mais que vive na zona rural é de 3,4 anos e corresponde a quase metade da estimada para a urbana, que é de 7 anos. No campo, 29,8% dos adultos são analfabetos, enquanto na cidade esse índice é de 10,3%. Dos estudantes de 10 a 14 anos, 23% estão na série adequada à sua idade, taxa que na área urbana é de 47%. As desigualdades educacionais ajudam a explicar a diferença de renda. Um chefe de família recebe, em médio, R$ 328,00, que é 38% menor do que é pago na zona urbana, de R$ 854,00.
Em relação à infra-estrutura, as escolas rurais também estão em desvantagem. Enquanto na área urbana, 58,6% dos estabelecimentos de ensino têm biblioteca, essa é a realidade em apenas 5,2% das escolas do campo. O mesmo cenário é verificado quanto a laboratórios de informática (27,9% e 0,5%), microcomputadores (66% e 4,2%) e laboratórios de Ciências (18,3% e 0,5%).
O estudo conclui que, diante da precariedade do capital sociocultural, decorrente do desamparo histórico a que a população do campo vem sendo submetida, e que se reflete nos altos índices de analfabetismo, a oferta de um ensino de qualidade é uma ação prioritária para o resgate social dessa população. A educação, isoladamente, pode não resolver os problemas do campo e da sociedade, mas é um dos caminhos para a promoção da inclusão social e do desenvolvimento sustentável.