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Livro discute racismo e educação
Livro discute racismo e educação
Publicação, que será lançada amanhã, reúne textos de professores, especialistas e militantes do movimento negro
As ações afirmativas para a inclusão social, as origens e o significado simbólico do dia 20 de novembro e a adoção das políticas de cotas são temas discutidos no livro Educação e Ações Afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. A publicação, editada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), será lançada, amanhã, 3/11, às 16h30, na Sala de Atos do Ministério da Educação.
Com cerca de duzentas páginas, o livro foi organizado pelos professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Petronilha Beatriz Gonçalves e Valter Roberto Silvério e reúne textos de especialistas e militantes do movimento negro. As origens do racismo como construção social e os obstáculos à formação de pesquisadores negros são alguns dos destaques apresentados. Mas o tema central é a questão das ações afirmativas, a exemplo das cotas para ingresso nas universidades, como recurso eficaz para compensação contra distinções sociais.
Segundo os organizadores, o que se observa na literatura é que, qualquer que seja a posição do debatedor, seja favorável ou contrária à implementação das ações afirmativas, a educação aparece como condição central para superação ou manutenção das desigualdades.
Para eles, o debate em torno das cotas tem sido feita em duas direções: uma delas argumenta que a injustiça decorre da desigualdade econômica, a outra, vista na maior parte das vezes como posição antagônica àquela, argumenta que a injustiça é fruto de relações sociais que geram hostilidade e desrespeito social, gerando injustiça simbólica. Os textos pretendem contribuir para a compreensão e superação dessas duas formas de injustiça social, concluem.
Exclusão racial
Na introdução do livro, José Marcelino de Rezende Pinto, diretor de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, mostra o tamanho da desigualdade racial no País. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001, a renda média dos negros é inferior à metade do que recebem os brancos. Em relação ao analfabetismo, a situação também é pior entre os afrodescendentes. Constatamos que a taxa entre a população negra de 15 anos ou mais é de 18,7%, contra 7,7% entre os brancos, afirma.
Ronald Acioli da Silveira, coordenador de Linha Editorial e Publicações do Inep, destaca o compromisso da instituição ao lançar uma obra em consonância com as políticas de governo para combate às desigualdades raciais. Muito se tem falado na questão de racial no Brasil, dos preconceitos velados, implícitos e explícitos. Este livro é uma importante contribuição a esse debate na medida em que reúne o pensamento de algumas das principais lideranças e estudiosos do assunto no País.
Sumário da publicação:
Apresentação: Ronald Acioli da Silveira
Introdução: José Marcelino de Rezende Pinto
As origens do vinte de novembro e a construção social do racismo
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Vinte de Novembro: história e conteúdo Oliveira Silveira;
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Negros na universidade e produção do conhecimento Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva;
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O papel das ações afirmativas em contextos racializados: algumas anotações sobre o debate brasileiro Valter Roberto Silvério.
Ações afirmativas como estratégia política
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Políticas de educação, educação como política: observações sobre a ação afirmativa como estratégia política Andréa Lopes da Costa Vieira;
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Ação afirmativa para negros(as) nas universidades: a concretização do princípio constitucional da igualdade Hédio Silva Júnior;
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Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas Kabengele Munanga.
A formação de uma elite intelectual desracializada e a questão da pesquisa científica no Brasil
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Ação afirmativa na Universidade do Estado da Bahia: razões e desafios de uma experiência pioneira Wilson Roberto de Mattos;
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A formação de pesquisadores negros: o simbólico e o material nas políticas de ações afirmativas Henrique Cunha Júnior;
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Ações afirmativas para negros na pós-graduação, nas bolsas de pesquisa e nos concursos para professores universitários como resposta ao racismo acadêmico José Jorge de Carvalho.
O sentido e a urgência das ações em curso
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O acesso de negros às universidades públicas Antonio Sérgio Alfredo Guimarães;
- Ações afirmativas: dois projetos voltados para a juventude negra Nilma Lino Gomes;
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Projeto Vida e História das Comunidades Remanescentes de Quilombos no Brasil: um ensaio de ações afirmativas Rachel de Oliveira.