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Estudo baseado no Censo Escolar analisa permanência na escola
Um estudo baseado nos dados longitudinais do Censo Escolar aponta que 52% dos estudantes nascidos entre os anos 2000 e 2005 concluem o ensino fundamental na idade certa. No caso do ensino médio, quando analisado o mesmo conjunto de estudantes, verifica-se que 41% finalizam essa etapa educacional na idade esperada. Principal pesquisa estatística da educação básica, o Censo Escolar é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em regime de colaboração entre as secretarias estaduais e municipais de Educação, com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país.
Os resultados foram apresentados na última quarta-feira, 20 de março, na Câmara dos Deputados, em um evento que contou com o apoio da Fundação Itaú Social. O estudo é resultado do trabalho desenvolvido por Maria Teresa Gonzaga Alves, Diretora de Estudos Educacionais do Inep; Clarissa Guimarães Rodrigues, pesquisadora do Instituto; Francisco Soares, especialista em educação e ex-presidente da Autarquia; Izabel Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e Esmeralda Macana, da Fundação Itaú Social.
- Em 2016, o Inep criou um painel longitudinal que possibilita o acompanhamento da trajetória escolar dos estudantes.
Os pesquisadores analisaram a trajetória escolar de mais de 16 milhões de estudantes ao longo do ensino fundamental e médio, no período de 2007 a 2019. Essas trajetórias foram classificadas em quatro categorias: regular (idade certa); de pouca irregularidade (1 a 2 anos de defasagem); de muita irregularidade (mais de três anos de defasagem); e interrompida (evadidos que não retornam no período de acompanhamento).
“É um trabalho que mostra a enorme importância do Censo Escolar como retrato da educação brasileira. Não há equivalente ao censo no mundo. Todas as crianças possuem um registro na escola porque a legislação brasileira determina que todas ingressem no sistema. Isso é feito anualmente. Então, nos traz inúmeras possibilidades de acompanhar o que acontece com essa população”, disse Maria Teresa Gonzaga Alves.
Aspectos sociais – Ao analisar os fatores sociodemográficos relacionados aos estudantes, o estudo aponta que a trajetória irregular é mais frequente entre determinados perfis. São eles: estudantes de baixo nível socioeconômico; com deficiência; indígenas; e do sexo masculino. Estudantes das regiões norte e nordeste do país também possuem um índice maior de repetência ou abandono escolar.
“Quando analisamos as diferenças entre grupos sociodemográficos, verificamos que a população declarada preta no Censo Escolar alcançou apenas 42% de concluintes do ensino fundamental na idade adequada, enquanto a população branca atingiu 62%”, pontuou Clarissa Guimarães Rodrigues.
“Essa desigualdade também foi observada entre os estudantes de baixo nível socioeconômico (39%) e alto nível socioeconômico (69%)”, acrescentou a pesquisadora. “Embora todas as crianças consigam acessar o sistema de ensino em algum momento de suas vidas, muitas, especialmente aquelas em condições de maior vulnerabilidade, interrompem seus estudos de forma precoce e não têm o seu direito à educação concretizado”, concluiu.
Assessoria de Comunicação Social do Inep