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Estatísticas revelam os impactos da pandemia na educação
Carlos Eduardo Moreno Sampaio (D), diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, e Helber Ricardo Vieira (E), secretário adjunto de Educação Básica do MEC, durante o evento desta quinta-feira (12). Crédito: Reprodução/MEC
“É sempre um grande desafio buscar traduzir fenômenos educacionais para que a maioria das pessoas entenda o que dizem os números”. A fala é do diretor de Estatísticas Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Carlos Eduardo Moreno Sampaio. Moreno abriu o debate sobre os impactos da pandemia na educação brasileira, em webinário promovido pelo Ministério da Educação (MEC), nesta quinta-feira, 12 de agosto. Durante o evento, o diretor do Inep apresentou dados sobre os contextos e as consequências da crise gerada pela covid-19 no ensino e na aprendizagem.
Moreno detalhou informações colhidas no Censo Escolar 2020. Em julho, o Inep divulgou os resultados da pesquisa “Resposta educacional à pandemia de covid-19 no Brasil”. O levantamento coletou informações inéditas, que revelam como os estudantes, as escolas e as redes de ensino responderam aos desafios impostos pela pandemia no ano letivo de 2020. “Poucos países no mundo conseguem fazer uma pesquisa com tanta abrangência e velocidade. O censo tem a participação de todas as escolas brasileiras, públicas e privadas. Traz um potencial incrível para a produção de estatísticas e indicadores”, ressaltou.
A pesquisa foi realizada entre fevereiro e maio de 2021, por meio de um questionário suplementar, durante a segunda etapa do Censo Escolar 2020, a Situação do Aluno, que tem a função de apurar informações relativas ao movimento e ao rendimento dos estudantes, ao término do ano letivo. Ao todo, 94% (168.739) das escolas responderam ao questionário. O percentual corresponde a 97,2% (134.606) e 83,2% (34.133) das redes pública e privada, respectivamente.
As informações coletadas estão disponíveis no portal do Inep. Os dados aferidos são imprescindíveis para compreender as consequências da pandemia no sistema educacional brasileiro. Os resultados também são considerados importantes para a elaboração de estratégias e políticas voltadas ao enfrentamento dos impactos da crise sanitária no ensino e na aprendizagem.
Estatísticas – Entre outros dados, o levantamento mostra que 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as atividades presenciais em virtude da pandemia. Em função disso, parte delas também ajustou a data do término do ano letivo de 2020, visando ao enfrentamento das questões pedagógicas decorrentes dessa suspensão. As escolas públicas sentiram uma necessidade maior de fazer adequações. Pouco mais de 53% ajustaram o calendário. Por outro lado, cerca de 70% das escolas privadas seguiram o cronograma previsto.
O percentual de escolas brasileiras que não retornaram às atividades presenciais no ano letivo de 2020 foi de 90,1%, sendo que, na rede federal, esse percentual foi de 98,4%, seguido pelas escolas municipais (97,5%), estaduais (85,9%) e privadas (70,9%). Diante desse contexto, mais de 98% das escolas do País adotaram estratégias não presenciais de ensino.
Ao todo, 28,1% das escolas públicas planejaram a complementação curricular, com a ampliação da jornada escolar no ano letivo de 2021. Na rede privada, 19,5% das escolas optaram por essa alternativa. Para Carlos Eduardo Moreno Sampaio, o cenário alinha-se às recomendações do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de organismos internacionais. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por exemplo, editaram documentos com orientações para a mitigação dos reflexos da pandemia na educação.
A presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Suely Menezes, destacou a resolução publicada pelo conselho no Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira, 6 de agosto, com diretrizes nacionais que orientam as medidas para o retorno às atividades de ensino e aprendizagem presenciais, além da regularização do calendário escolar.
A resolução elenca algumas das prioridades para a retomada, como respeito aos protocolos sanitários; reorganização dos calendários de acordo com o cenário do município, do estado e da rede de ensino; busca ativa dos alunos que evadiram; avaliação diagnóstica; recuperação das aprendizagens; replanejamento curricular contínuo; complemento das aulas de forma não presencial; metodologias híbridas e ativas; formação continuada dos professores e investimento em tecnologias.
Suely Menezes falou sobre a importância de ações coordenadas durante esse processo. “Para que esses passos sejam efetivos, precisamos de um grande pacto nacional. Toda a sociedade educacional brasileira deve se engajar na busca pelas melhorias, com o objetivo de solucionar ou mitigar esses prejuízos que a pandemia trouxe”, disse. “Aquilo que não vencemos em 2020, vamos buscar em 2021 e 2022”, complementou.
O secretário de Educação do município de Senador Canedo (GO), Marcelo Ferreira, chamou a atenção para a importância das estatísticas na elaboração de novas políticas públicas voltadas à redução dos danos causados pela pandemia. “Esses dados têm nos ajudado muito na tomada de decisão em âmbito municipal”, afirmou. Marcelo prospectou, ainda, a evolução das políticas educacionais, ao passo que novas pesquisas sejam realizadas.
Ciclo de debates – O evento desta quinta-feira (12) teve como tema “O que dizem as estatísticas educacionais sobre os impactos da pandemia na educação”. O encontro virtual foi o segundo do ciclo de webinários promovido pelo MEC a respeito das consequências da crise sanitária no sistema educacional. O primeiro, no dia 5 de agosto, abordou o retorno às aulas presenciais e as ações para uma retomada segura.
O ciclo está organizado em 12 encontros com eixos temáticos, sempre às quintas-feiras (10h), até o fim de outubro. Os eventos são transmitidos pelo canal do MEC no YouTube, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Por meio do chat do canal, os participantes podem participar dos debates, fazer comentários e enviar perguntas.
Entre outros objetivos, o conjunto de seminários busca apresentar diagnósticos e propor soluções que permitam a adoção de medidas articuladas para verificar as respostas aos efeitos provocados pela pandemia, por meio das trocas de experiências entre os atores envolvidos. Os próximos seminários abordarão os impactos da pandemia na educação básica e a busca ativa escolar no contexto pós-pandemia.
Saiba mais sobre a pesquisa “Resposta educacional à pandemia de COVID-19 no Brasil”
Confira as sinopses estatísticas da pesquisa
Saiba mais sobre o Censo Escolar
Assessoria de Comunicação Social do Inep