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Especialistas mostram políticas educacionais compensatórias na França
Para combater a desigualdade no seu sistema de ensino, a França criou, há 20 anos, as Zonas de Educação Prioritárias (ZEPs), que recebem, por meio de políticas compensatórias, recursos adicionais por estudante da ordem de 10%. As informações foram apresentadas hoje, 13, por dirigentes do Ministério da Educação daquele país durante o segundo dia da reunião do Grupo de Trabalho de Cooperação em Pesquisas e Estudos Educacionais Brasil-França. O encontro, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas (INRP) francês, termina amanhã, em Brasília.
Na França, existem, atualmente, 530 ZEPs, envolvendo mais de seis mil escolas (10% do total), do maternal ao liceu (da educação básica ao ensino médio, no Brasil). Essas áreas atendem a 15% da população escolar francesa, que é de cerca de 12 milhões de alunos. Elas têm quatro eixos prioritários: aprendizagem de matemática e francês, comunicação com as famílias, abertura cultural e ação sanitária e escolar. Metade dos recursos das ZEPs é do Ministério da Educação e o restante oriundo de outros ministérios e associações.
"O objetivo é intervir para estabelecer um equilíbrio entre as regiões, levando em conta critérios sociais como renda, desemprego e atraso escolar", explica Emmanuel Fraisse, diretor-geral do INRP. Além dos recursos adicionais, nessas áreas os professores têm vantagens financeiras e na carreira profissional. Segundo ele, os efeitos positivos são, principalmente, o progresso dos estudantes no comportamento social e a satisfação dos professores.
"Um dos aspectos mais importantes das ZEPs é a confiança das famílias em relação à escola", comenta Jacqueline Levasseur, chefe do Serviço de Avaliação de Estudantes do Ministério da Educação da França. De acordo com ela, os alunos não chegam no colégio (segundo ciclo do ensino do ensino fundamental no Brasil) com o mesmo desempenho dos estudantes das classes mais favorecidas, "mas a distância entre eles seria maior se não freqüentassem as ZEPs".
Pelo lado brasileiro, foram apresentadas as políticas direcionadas ao desenvolvimento escolar, como os programas de merenda, livro didático e transporte, e as propostas para a ampliação e melhoria da formação dos professores. Os indicadores que mostram as desigualdades regionais no sistema de ensino brasileiro também foram destacados.
Amanhã, os participantes falarão sobre as perspectivas para a educação básica e a participação das universidades no processo de avaliação. Serão definidas, ainda, as próximas etapas do intercâmbio bilateral. O objetivo desse encontro é implementar uma cooperação técnica em avaliação e informações estatísticas de educação básica entre os dois países.
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