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Enem
Primeira aplicação do Enem completa 20 anos nesta quinta-feira, 30 de agosto
Há 20 anos, 115 mil estudantes brasileiros trocaram a tarde de domingo por um programa no mínimo desconhecido. Era 30 de agosto de 1998 e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aplicado pela primeira vez. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), já reconhecido pelos censos educacionais, pela avaliação da educação básica e superior e por suas publicações, focava-se, de forma inédita, em uma avaliação do indivíduo. Vinte anos depois, quase 100 milhões de brasileiros já se inscreveram dispostos a fazer o mesmo movimento: dedicar algumas horas de um fim de semana pelo sonho de uma transformação de vida permitida pela educação.
O Enem foi uma proposta inovadora pelo caráter transdisciplinar e pela ênfase na avaliação de cinco competências e 21 habilidades do cidadão ao término da educação básica. Já em sua concepção, propunha-se a oferecer parâmetros para o prosseguimento dos estudos ou para o ingresso no mundo do trabalho. Tinha participação voluntária e permitia que os resultados individuais fossem utilizados como modalidade alternativa ou complementar aos tradicionais exames de acesso ao ensino superior. Desde a primeira edição a maioria dos participantes (157 mil pessoas se inscreveram em 1998) teve direito a isenção da taxa de inscrição, prática que permanece até os dias atuais. Muitas outras coisas mudaram.
Idealizadora do Enem, em 1998, e presidente do Inep no ano em que o Exame celebra seus 20 anos, a professora Maria Inês Fini tem a oportunidade de refletir sobre a trajetória de sucesso de sua criação. "Reconheço, com muito orgulho e gratidão, o trabalho de centenas de professores colaboradores externos e de todos os servidores do Inep que nesses 20 anos emprestaram suas inteligências, seus talentos e suas emoções para construir o sucesso desse Exame que hoje é um patrimônio do Brasil. Como líder dos pioneiros, e agora líder do grupo atual, divido esse sucesso com todos os personagens dessa história: gestores, professores, pais e participantes que mudaram suas vidas pelo Enem", afirma.
Vinte anos depois da primeira aplicação, o Enem de hoje tem muitas diferenças. A experiência na produção de itens e provas, e na logística de aplicação, e mesmo a transformação da sociedade, foram conduzindo mudanças ao longo de duas décadas. Pioneiros na implantação do Exame, especialistas em avaliação e os próprios participantes dividem opiniões sobre esses rumos. Para resgatar essa história o Inep está montando o Enem 2018, pensando nas próximas edições e relembrando os grandes marcos do passado. Em novembro, mês em que será aplicada mais uma edição do Exame, a 21ª, o Instituto promoverá uma série de atividades para resgatar a memória do Enem, homenagear os profissionais que contribuíram para sua história de sucesso e anunciar mais aprimoramentos.
Relembre 20 marcos do Enem
1999
- Instituições de ensino superior passam a utilizar o Enem como critério de acesso aos cursos de graduação. A PUC-RJ e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foram as primeiras.
2000
- Exame se operacionaliza para atender pessoas com necessidades especiais, passando a oferecer prova em braile, prova ampliada, auxílio para leitura e transcrição e tradutor/intérprete em Libras.
2001
- Começa a política de inscrição gratuita para concluintes do ensino médio no ano da edição.
2004
- Resultado individual do Enem passa a ser critério de participação dos candidatos a bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação de instituições privadas por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), lançado naquele ano, por Medida Provisória, e transformado em Lei em 2005.
2009
- Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Enem na seleção de alunos para os seus cursos de graduação das instituições federais de ensino superior, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) passa a ser adotada para a correção das provas. Além de estimar as dificuldades dos itens e a proficiência dos participantes, a metodologia permite que os itens de diferentes edições do exame sejam posicionados em uma mesma escala.
- Matriz de Referência passa a ter quatro grandes áreas: Ciência Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
- Exame passa a ter 180 questões objetivas, além da redação. A aplicação que antes era em um domingo passa a ocupar o sábado e o domingo.
- Exame passa a ser usado também para certificação de conclusão do Ensino Médio, com o mínimo de 400 pontos em cada área e 500 pontos na redação.
2010
- Exame começa a ser aplicado para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL).
2012
- Integrantes de família de baixa renda que tem Número de Identificação Social (NIS) e renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos (Decreto 6135/2007) passam a ter direito à isenção da taxa de inscrição.
2013
- Pela primeira vez, todas as instituições federais de ensino superior passaram a utilizar o Enem como critério de seleção para novos alunos.
- Nota do Enem passa a ser utilizada na concessão de bolsas de estudos do programa Ciência sem Fronteiras.
2014
- Assinado o primeiro acordo interinstitucional com uma Instituição de Educação Superior Portuguesa, a Universidade de Coimbra, para uso das notas do Enem no acesso a vagas.
2015
- Começa a política de atendimento por nome social. Já no primeiro ano 286 travestis e transexuais usaram o benefício.
2016
- Estreia a coleta de dado biométrico e o uso de detectores de metal na entrada e saída dos banheiros.
2017
- Após Consulta Pública, Exame passa a ser aplicado em dois domingos consecutivos, evitando o “confinamento” de participantes que “guardam o sábado” por motivos religiosos.
- Enem deixa de certificar o Ensino Médio, função que retorna ao Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Encceja), criado com esse objetivo, e de divulgar as notas de escolas, o chamado “Enem por Escolas”.
- Estreia a prova personalizada com o nome do participante e outros recursos de segurança, como o detector de ponto eletrônico.
- Participantes surdos e deficientes auditivos passam a ter novo auxílio de acessibilidade, a videoprova em Libras.
2018
- Concluindo uma série de mudanças iniciadas em 2016 para conter o desperdício do dinheiro público, e após estudo que revelou prejuízo de R$ 1 bilhão com participantes isentos faltantes, é implantada etapa de justificativa de ausência e solicitação de isenção em período anterior à inscrição.