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ENADE
Participantes com mais de 80 anos concluem graduação
Baiano da interiorana Ibicaraí, de onde saiu aos 27 anos para Salvador, com o objetivo de seguir estudando, o então sapateiro não imaginava, ao deixar a cidade onde nasceu, que se tornaria um dos 13.685 alunos de agronomia que realizaram o Enade 2019, mais recente edição da avaliação aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ao todo, 1.225 instituições de ensino participaram do exame. A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde Zilto se formou aos 83 anos, é uma das 186 instituições públicas participantes.
Além de Zilto, outros três estudantes octogenários completaram a graduação e realizaram o Enade 2019. Um deles, assim como o baiano, tornou-se bacharel em agronomia. Engenharia civil e gestão ambiental são os cursos dos demais concluintes da educação superior com mais de 80 anos. Vale destacar que, ao todo, 95,8% (373.321) dos 391.863 participantes do Enade 2019 têm a metade ou menos da idade de Zilto Lemos. “Nunca encontrei nada fácil na minha vida. Levei muito tempo fora, mas eu nunca abandonei os livros. Sempre fui amante deles, me espelhei na vida dos grandes homens e nas grandes capacidades. Essa foi a base”, afirmou Zilto à Assessoria de Comunicação Social do Inep.
Após deixar o interior da Bahia e se tornar soteropolitano por opção, Zilto seguiu para São Paulo (SP), onde viveu até 1990. Na capital paulista, trabalhou em diversas empresas, na área de contabilidade. No entanto, assim como o conserto de sapatos, a rotina contábil não foi uma escolha tão natural como seriam as Forças Armadas e, depois, a medicina, com as quais Zilto sonhou desde a adolescência. No início da década de 1990, Zilto escolheu viver em São Luís do Maranhão, onde prestou vestibular aos 75 anos. O sonho de voltar aos estudos, porém, foi interrompido por um infarto.
A situação delicada só serviu para motivá-lo. No decorrer do processo de recuperação, o gosto pela agronomia se uniu à vontade de fazer a diferença. “Queria cursar medicina. Aí, veio a orientação espiritual de fazer agronomia. Perceba a semelhança entre as duas profissões. Você vai ao médico e ele te pergunta o que você sente. E a planta? Ela apresenta todos os sintomas, que você também tem de estudar. Você vai para um terreno que não dá nada, é só pedra, e vai fazer produzir alimentos. A diferença é que as plantas não falam e nós falamos, mas elas apresentam os sintomas da doença, a praga, e você precisa combater, estudar, saber. Essa é a diferença do médico botânico para o médico humano”, explicou. Aos 84 anos, a graduação ajudou Zilto a resgatar os motivos que fizeram o jovem baiano de Ibicaraí não sucumbir. “Hoje, cheguei ao ponto de ser engenheiro agrônomo. Vou trabalhar, produzir e dar assistência aos menos favorecidos, àqueles que sabem lidar com a terra, mas não sabem o valor que a terra pode dar”, disse.
Áreas avaliadas – Na edição de 2019 do Enade, 29 áreas de avaliação fizeram parte do exame. Foram avaliados cursos de bacharelados em agronomia, arquitetura e urbanismo, biomedicina, educação física, enfermagem, engenharia ambiental, engenharia civil, engenharia de alimentos, engenharia de computação, engenharia de controle e automação, engenharia de produção, engenharia elétrica, engenharia florestal, engenharia mecânica, engenharia química, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia e zootecnia. Também foram avaliados cursos superiores de tecnologia nas áreas de agronegócio, estética e cosmética, gestão ambiental, gestão hospitalar, radiologia e segurança no trabalho.
Enade – O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, é constituído por um Questionário do Estudante e uma prova para avaliação de desempenho dos estudantes, composta por itens de formação geral, comuns aos cursos de todas as áreas, e de componente específico. Aplicado pelo Inep desde 2004, o Enade integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
Assessoria de Comunicação Social do Inep