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Presidente do Inep faz críticas à "promoção automática" e
Para Maria Helena, a organização do sistema em ciclos é mais eficiente
Reprovar o aluno sucessivamente não contribui para melhorar seu aprendizado. A conclusão pode ser feita a partir da análise dos resultados das avaliações da educação básica realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Todas as avaliações feitas pelo Inep, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a Avaliação de Concluintes do Ensino Médio, e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), confirmam: quanto maior é a distorção série-idade dos alunos pior é o desempenho. Um aluno que conclui o ensino fundamental aos 18 anos, após uma série de reprovações, tem rendimento médio inferior ao do aluno que conclui as oito séries na idade adequada, ou seja, aos 14 anos.
"A cultura da repetência continua muito enraizada na escola e na sociedade brasileira. Há uma crença disseminada que a repetência é benéfica e irá favorecer o aprendizado dos alunos. Mas isso é um equívoco. As reprovações sistemáticas são um desastre para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos", avalia a presidente do Inep, Maria Helena Guimarães de Castro.
Se a repetência não contribui para melhorar a aprendizagem, o que dizer, então, da "promoção automática"? A presidente do Inep é contra. Segundo ela, a "promoção automática" e a "cultura da repetência" são duas visões extremadas, que nada contribuem para elevar a qualidade do ensino.
"Temos que superar a cultura da repetência. Mas a saída não é a promoção automática. A organização do sistema educacional em ciclos pode ser mais produtiva. Neste sistema, a reprovação se dá na passagem de um clico para outro e não anual, como ocorre quando o ensino está organizado em séries. Entretanto, a organização dos ciclos pressupõe investir pesadamente em formação de professores, reformulação do material didático e em mecanismos permanentes de avaliação", afirma Maria Helena. Nos ciclos , prossegue, os alunos devem ser distribuídos em turmas menores e precisam receber atendimento fora da sala de aula.
As avaliações feitas pelo Inep revelam, também, que a formação dos professores exerce influência decisiva no aprendizado dos alunos. Alunos que recebem ensinamento de professores com nível superior aprendem mais que os alunos de professores que cursaram apenas o ensino médio.
Para Maria Helena, o investimento na formação de professores, uma das prioridades do Ministério da Educação (MEC) para os próximos quatro anos, deve passar a ser prioridade, também, dos estados e municípios, "pois, sem valorizar o trabalho docente é impossível melhorar a qualidade da educação".
As avaliações indicam ainda que os alunos que cursam toda a educação básica em escolas públicas apresentam rendimento inferior ao dos alunos que estudaram sempre em escolas privadas.
A renda familiar também conta. E muito. Os alunos provenientes de famílias com renda mensal acima de 10 salários mínimos têm desempenho muito superior ao daqueles em que as famílias possuem renda de um a seis salários mínimos por mês.
Embora não seja significativa a diferença, os alunos que estudam no período noturno e que trabalham durante o dia têm rendimento menor do que aqueles que estudam no período diurno e não trabalham.
Assessoria de Comunicação do Inep