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Censo Escolar
Pesquisa revela resposta educacional à pandemia em 2021
Está disponível, no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o resultado da segunda edição da pesquisa “Resposta educacional à pandemia de covid-19 no Brasil”, referente ao ano letivo de 2021. O questionário foi aplicado entre fevereiro e abril de 2022, durante a segunda etapa do Censo Escolar 2021, denominada Situação do Aluno, que tem a função de apurar informações relativas ao movimento e ao rendimento dos estudantes ao término do ano letivo. A sinopse estatística do levantamento foi publicada nesta segunda-feira, 18 de julho.
Ao todo, 91,4% (162.818) das escolas que participaram do Censo Escolar 2021 responderam ao questionário. O percentual corresponde a 95,6% (131.808) da rede pública e 76,9% (31.010) da privada. Por meio do levantamento, é possível identificar as ações adotadas pelas escolas brasileiras diante da necessidade de aplicar medidas de enfrentamento à disseminação do coronavírus. Entre essas ações está a adoção das escolas ao que o Conselho Nacional de Educação (CNE) chama de “continuum curricular”, que implica a criação de um ciclo para conciliar anos escolares subsequentes com a devida adequação do currículo, objetivando minimizar a retenção e o abandono escolar, devido à suspensão das atividades presenciais de ensino-aprendizagem. Assim, as escolas teriam dois anos para cumprir os objetivos de aprendizagem. Diante desse cenário, conforme o Censo Escolar revelou, em 2020, houve um aumento considerável no número de aprovados na rede pública. Em 2021, as taxas de aprovação apresentaram um movimento de retorno aos níveis pré-pandemia, embora ainda estejam em um patamar superior ao observado no ano de 2019.
Do mesmo modo, em 2021, uma pequena parte das escolas optou por ajustar a data do término do ano letivo (8,9%), visando ao enfrentamento das questões pedagógicas decorrentes da suspensão das atividades de ensino-aprendizagem. Ao todo, 9,5% das escolas públicas fizeram a adequação; desse modo, 90,5% delas mantiveram o calendário previsto no início do ano letivo. Por outro lado, cerca de 94% das instituições privadas seguiram o cronograma. Já na pesquisa de 2020, 43% das escolas brasileiras optaram por ajustar a data do término do ano letivo. O primeiro ano de pandemia (2020) teve uma média de 279 dias de atividades de ensino-aprendizagem presenciais suspensas.
A segunda edição da pesquisa também mostra que praticamente todas as escolas brasileiras (99,7%) adotaram alguma medida de prevenção e controle da covid-19 para a realização das atividades presenciais em 2021. Destacam-se o uso de equipamentos de proteção individual pelos profissionais escolares e alunos em 98% das escolas, seguido do aumento na frequência de limpeza dos ambientes e superfícies (96%) e da divulgação de informações e orientações sobre a doença, identificação de sintomas, assim como medidas de higiene e de redução de risco de contaminação (95,8%).
O levantamento também avaliou as estratégias de mediação de ensino adotadas durante o ano letivo de 2021: presencial, híbrida ou remota. A pesquisa mostra que grande parte das escolas brasileiras adotou atividades híbridas ou presenciais em algum momento do ano letivo. Das escolas da educação básica, 17,4% utilizaram apenas o ensino remoto durante todo o ano letivo, ou seja, 82,6% das escolas adotaram atividades presenciais e/ou híbridas em algum momento. No comparativo com 2020, em que praticamente todas as escolas suspenderam as atividades presenciais (99,3%) no início da pandemia, apenas 9,9% retornaram à sala de aula no ano letivo de 2020. Ainda em relação ao ensino remoto, 45% das escolas mediaram atividade remota combinada com alguma outra abordagem ao longo do ano letivo de 2021, com momentos presenciais e/ou híbridos. Dessa forma, a mediação remota foi assinalada por 62,4% das escolas, sendo 17,4% de forma exclusiva e 45%, combinada.
Já o ensino híbrido foi adotado durante todo o ano letivo por 25,4% das escolas que participaram da pesquisa. Outros 34,9% empregaram a aprendizagem híbrida combinada com alguma outra mediação e apenas 8% tiveram somente o ensino presencial. A combinação do ensino presencial com alguma outra mediação foi utilizada por 37,9% das escolas. A rede federal foi a que apresentou o maior percentual de escolas que adotaram exclusivamente o ensino remoto (45,4%) e a rede privada, o menor (6%).
Ao avaliar o número médio de dias em que a mediação de ensino remota foi aplicada na rede pública por etapas de ensino, a pesquisa revela uma tendência de redução gradativa dessa média da pré-escola ao ensino médio: média de 134 dias na pré-escola; 121 dias nos anos iniciais do ensino fundamental; 103 dias nos anos finais do ensino fundamental e 86 dias no ensino médio.
Contexto internacional – Ao comparar o cenário de diferentes países em relação ao número de dias em que as atividades de ensino-aprendizagem ficaram suspensas, é possível observar que, em 2021, o Brasil continuou apresentando um período considerável de aulas remotas. O levantamento revela que o País teve, em média, aproximadamente cem dias de aulas remotas, considerando escolas públicas e privadas das diferentes etapas de ensino.
Dados do monitoramento global do fechamento de escolas causado pelo coronavírus, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mostram que o México, por exemplo, registrou 252 dias sem atividades presenciais entre 20 de setembro de 2020 e 21 de agosto de 2021. Na Alemanha e no Paraguai, foram registrados 63 dias de paralisação, enquanto a Argentina, a Austrália, o Canadá, o Chile e os Estados Unidos não suspenderam as aulas presenciais durante o período.
Professores – Em relação às estratégias adotadas pelas escolas junto aos professores, o levantamento mostrou que a realização de reuniões virtuais para planejamento, coordenação e monitoramento das atividades continuou sendo a abordagem mais adotada pelos docentes para dar continuidade ao trabalho durante a suspensão das aulas presenciais no Brasil, sendo empregada por 92,3% das escolas. Na sequência, está a reorganização ou a adaptação do planejamento ou do plano de aula, com o objetivo de priorizar habilidades e conteúdos específicos. Essa estratégia foi adotada por 83,7% das escolas.
Na rede estadual, 76,6% das escolas treinaram os professores para usarem métodos ou materiais dos programas de ensino não presencial. Na rede municipal, 62,8% fizeram o treinamento. Ao todo, 61,6% das escolas estaduais disponibilizaram equipamentos, como computador, notebooks, tablets e smartphones, aos docentes. No caso das municipais, esse percentual é de 28,7%. Já quando o assunto é acesso gratuito ou subsidiado à internet em domicílio, o levantamento mostra que 32,4% dos estabelecimentos da rede estadual adotaram medidas nesse sentido; na rede municipal, o número registrado foi de 6,3%. Nas duas redes, os percentuais foram superiores aos registrados na pesquisa de 2020.
Alunos – Assim como ocorreu em 2020, em 2021, a comunicação direta entre aluno e professor, por meio de e-mail, telefone, redes sociais e aplicativo de mensagem, continuou sendo a estratégia mais adotada para manter contato e oferecer apoio tecnológico junto aos estudantes. A medida foi realizada por 87,2% das escolas. Em seguida, está o uso desses canais de comunicação com a escola, utilizado por 84,2% dessas. Depois, vêm a disponibilização de equipamentos, como computador, notebooks, tablets e smartphones, aos estudantes (14,2%); e o acesso gratuito ou subsidiado à internet em domicílio, adotado por 9,6% das escolas.
No que diz respeito às estratégias e ferramentas para o desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem, a disponibilização de materiais impressos para retirada na escola desponta entre as mais utilizadas, sendo assinalada por 92,8% das escolas. Em seguida, está a oferta de materiais de ensino-aprendizagem na internet (80,2%), seguida de atendimento virtual ou presencial escalonado para os alunos (68,6%) e, por fim, a realização de avaliações e testes, remotamente, com envio/devolução de material físico (64,5%).
Aulas síncronas – Quando se trata da realização de aulas ao vivo (síncronas), verifica-se que 78,7% das escolas estaduais e 45,0% das municipais implementaram a estratégia. Em 1.063 cidades, nenhuma das escolas municipais adotou essa medida. Por outro lado, em 701 cidades, todas as escolas da rede municipal fizeram o uso desse meio — em 2020, essa situação foi verificada em 478 redes municipais.
Censo Escolar – O Censo Escolar é uma pesquisa estatística da educação básica, realizada em regime de colaboração entre as secretarias estaduais e municipais de Educação, com a participação de todas as escolas públicas e privadas do País. O levantamento abrange as diferentes etapas e modalidades da educação básica: ensino regular, educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e educação profissional.
Acesse a Sinopse Estatística da Pesquisa Resposta Educacional à Pandemia de COVID-19
Confira a apresentação com os resultados da Pesquisa Resposta Educacional à Pandemia de COVID-19