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Melhoria do fluxo escolar reduz classes de aceleração
Adotadas como uma das formas de corrigir o fluxo escolar, as classes de aceleração do ensino fundamental estão diminuindo. A comprovação pode ser percebida pelos dados do Censo Escolar. Em 1999, 1,2 milhão de estudantes estavam matriculados nesse sistema de aprendizagem. A quantidade de alunos nessa situação caiu para 682 mil, em 2003. Um dos motivos da redução é o atendimento de parte do conjunto dos estudantes em atraso escolar.
As classes de aceleração, que começaram a ser implantadas a partir da aprovação da Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, têm a finalidade de colocar o estudante na série adequada à sua idade ou mais próximo dela. Nos cinco anos analisados, a taxa de distorção idade-série no ensino fundamental baixou de 44% para 33,9%.
A redução da matrícula só não foi verificada na Região Centro-Oeste, onde o número de alunos dobrou nesse período, passando de 38,5 mil, em 1999, para 76,7 mil, em 2003. A maior queda ocorreu no Sudeste: de 425 mil para 92 mil. Entre as unidades da Federação, Minas Gerais teve a mais elevada redução. Nesse período, a quantidade de estudantes matriculados nas classes de aceleração baixou de 327,8 mil para 38,7 mil. O Censo Escolar é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC)
Desafio: A Escola Estadual Coronel Robertinho, em Bom Despacho (MG), implantou a classe de aceleração, em 2000, para atender a um grupo de crianças com 10 e 11 anos de idade da zona rural da região. "Proporcionar o aprendizado a esses alunos foi um desafio que colocamos para os professores de todas as disciplinas", conta a professora de Matemática, Tânia Maria Cardoso da Cunha.
Para facilitar a integração dos estudantes, foram produzidos materiais específicos que utilizavam informações do cotidiano deles. Como forma de evitar a discriminação, a escola atuou como se eles estivessem na 5ª série do ensino fundamental. "Também chamamos os pais para serem nossos parceiros", acrescenta Tânia.
"Durante dois anos de trabalho, nenhum deles abandonou a escola. Hoje, estão na série adequada e "enturmados" com todos. Aprender era tudo o que eles queriam na vida. A auto-estima aumentou", comemora a professora. Com o objetivo de ajudar os que ainda têm dificuldades, são realizados programas de reforço fora do horário das aulas.
Qualidade: A diretora do Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do MEC, Jeanete Beauchamp, observa nas classes de aceleração um mecanismo paliativo. "É possível que os sistemas de ensino tenham desenvolvido projetos no sentido de solucionar a defasagem idade-série, mas acredito que uma educação com qualidade social certamente não produzirá alunos que necessitem de classe aceleração".
Para Jeanete, o sistema de ensino deve trabalhar com projetos que recuperem a vontade do aluno de estudar, de ler e de aprender. "Isso não se dá por meio de projetos que reforcem determinados conteúdos, mas por projetos que promovam a leitura e a escrita dos alunos e a convivência em grupos de teatro, música e artes. É preciso mostrar que a escola é um espaço agradável, desafiador, onde é possível desenvolver a criatividade, o respeito mútuo e, sobretudo a apropriação e a construção do conhecimento", argumenta.
Assessoria de Imprensa do Inep