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Cursos de graduação crescem mais de 100% em cinco anos
Segundo Censo da Educação Superior, a cada dia quatro cursos são criados no País. Eles totalizavam 14.400 no ano passado
Em cinco anos, o número de cursos de graduação presenciais cresceu 107%. No País, havia 6.950 cursos, em 1998, e, no ano passado, já somavam 14.399. Nesse período, foram abertos, em média, 1.490 cursos por ano, 124 ao mês e quatro a cada dia. A expansão ocorreu, principalmente, na rede privada, que passou de 3.980 para 9.147 cursos e agora concentra 63,5% do total.
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Os dados são do Censo da Educação Superior de 2002 divulgado hoje, 17, pelo Ministério da Educação. O objetivo da pesquisa, realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) é subsidiar políticas públicas, orientar ações de alunos, pais, professores e servidores técnico-administrativos. Outra finalidade é a sua utilização nas atividades gerenciais, nos diferentes níveis da administração da educação superior. O trabalho completo está disponível na Internet: www.inep.gov.br .
O levantamento coletou informações de 1.637 instituições públicas e privadas, que tinham, pelo menos, um curso com data de início de funcionamento até 30 de outubro de 2002. Em 1998, a rede privada representava 78% do total e, no ano passado, totalizava 88%.
A expansão do número de cursos também refletiu no tamanho das instituições de ensino. Em 1998, cada estabelecimento tinha, em média, sete cursos, agora há cerca de nove por IES. Nesse período, foram criadas 664 instituições e 7.449 cursos.
Matrículas: aumenta participação da rede privada.
No ano passado, estavam matriculados nos cursos de graduação presenciais 3.479.913 alunos, cerca de 450 mil a mais que em 2002. Os dados do Censo mostram que a rede privada ampliou sua representatividade em relação ao número de estudantes. Em 1998, as instituições particulares detinham 62% da matrícula, índice que subiu para 70%.
Em cinco anos, o número de alunos cresceu 84% na rede privada e 31% nas instituições públicas. O levantamento indica que a matrícula continua concentrada na Região Sudeste, onde estão 50% dos estudantes, e mantém a tendência de aumento da presença feminina na graduação: as mulheres representam 57% do total. Além disso, grande parte do alunado, 58%, está em cursos noturnos.
De acordo com o presidente do Inep, Luiz Araújo, o crescimento na educação superior, nos últimos anos, ocorreu sem os padrões de qualidade desejáveis. Foi uma expansão privada que se esgota, pois está condicionada à renda da população. Nas regiões mais pobres, que mais precisam, não houve aumento do acesso à educação superior.
O secretário da Educação Superior do MEC, Carlos Antunes, afirmou que a política atual do ministério é voltada para a expansão com qualidade e inclusão social, visando uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico do País. Ele lembrou que apenas 9% da população de 18 a 24 anos estão matriculados no ensino superior, enquanto em países como a Bolívia e Chile esse índice é de mais de 20%.
Como forma de expandir a educação superior, Antunes ressaltou que o MEC vem estimulando a abertura de cursos noturnos, a interiorização da oferta de vagas e o preenchimento das vagas ociosas. Este a ano, dez mil das 22 mil vagas ociosas nas universidades federais já estão ocupadas. Além disso, estamos conversando com a instituições e os alunos da rede privada para seja superado o problema da inadimplência que atinge cerca de 30% da matricula das particulares.
O secretário disse também que o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) beneficiou mais 70 mil estudantes este ano. Já o Programa de Apoio ao Estudante (PAE) vai conceder 30 mil bolsas para alunos de baixa renda. O projeto foi encaminhado à Casa Civil da Presidência da República para que seja enviado ao Congresso Nacional.
Sobe concorrência nos vestibulares em instituições públicas
O aumento da demanda por uma vaga na educação superior, aliado à baixa oferta na rede pública e à acelerada expansão no sistema privado, provocou cenários diferentes na concorrência dos vestibulares do País. Estudo a partir dos dados dos últimos cinco anos evidencia uma diminuição na relação candidato/vaga nos processos seletivos do conjunto de instituições de ensino. Em 1998, para cada vaga havia 3,7 inscritos. Esse índice caiu para 2,9, em 2002.
Mas essa situação não é a mesma ao se comparar a concorrência em instituições públicas e privadas. Na rede pública, cada vaga era disputada por 7,7 candidatos em 1998, e chegou 9,4 inscritos por vaga, no ano passado. Na rede privada, ocorre o inverso. Há cinco anos, havia 2,2 inscritos por vaga e agora o índice é de 1,6.
Embora a admissão de alunos via vestibular tenha crescido bastante nos últimos anos, o Censo evidencia que o ingresso por outros processos seletivos ganha espaço. Dos 1,2 milhão de ingressantes por meio de seleção, 109 mil utilizaram-se de mecanismos diferentes, como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e o Programa de Avaliação Seriada (Pas). Hoje, um em cada 10 alunos não ingressa na educação superior via vestibular. Há quatro anos, esse número era de aproximadamente um em cada 16.
O Censo também identifica mudanças no perfil dos ingressantes. Em 2000, quando o número de ingresso por faixa etária começou a ser coletado, 64% tinham até 24 anos e 5,3%, 40 anos ou mais. Agora, o primeiro grupo representa 62% e o outro, 6,4% dos admitidos.
Concluintes: No ano passado, 466.260 alunos formaram-se nos cursos de graduação. Desse total, 68% terminaram os estudos em instituições privadas, número compatível com os 70% de participação do setor em relação à matrícula. A partir da comparação entre o número de ingressantes em 1999 e concluintes em 2002, verifica-se que 40% dos ingressantes não terminaram o seu curso no tempo mínimo. Esse fato pode ser explicado por motivos como retenção, evasão e mobilidade dos estudantes entre as instituições e cursos.
Censo registra melhora na qualificação de professores
Em 2002, o número de funções docentes nos cursos de graduação presenciais cresceu 11,6%. Em relação a 1998, o aumento foi de 38%. De acordo com o Censo, 227.884 professores estavam em exercício no ano passado, sendo 63,1% deles na rede privada. Há cinco anos, nas instituições particulares estavam 49,3% dos docentes.
A expansão da quantidade de professores é acompanhada pelo crescimento do número de doutores, tanto no setor público quanto no privado. Em 2002, do total de docentes, 49.287 (21,6%) tinham essa titulação contra 31.073 (18,8%), em 1998. Nas instituições públicas, 38,2% concluíram o doutorado e nas particulares, 12%.
O expressivo crescimento absoluto do número de doutores no setor privado, que passou, em cinco anos, a ter mais dez mil professores com essa titulação, se dilui quando se identifica que, no mesmo período, seu quadro docente teve acréscimo de 62 mil docentes. Enquanto isso, as IES públicas passaram a contar apenas 268 docentes a mais, porém houve aumento de oito mil doutores.
Essa constatação revela, segundo o diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Inep, Dilvo Ristoff, o grande potencial do setor público para contribuir com o desenvolvimento da pesquisa, o avanço da pós-graduação, e a identificação de talentos para a realização de estudos avançados com os alunos de graduação, mestrado e doutorado.
Assessoria de Comunicação do Inep