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CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Ensino a distância se confirma como tendência
Levantamento verifica ampliação de vagas e alunos da modalidade remota. Na rede privada, total de ingressantes por EaD é maior do que no ensino presencial
Publicado em
23/10/2020 09h45
Atualizado em
31/10/2022 10h52
Colaboradores: Assessoria de Comunicação Social do Inep
Quando se trata do acesso dos alunos à graduação ao longo da última década, uma nova configuração da educação superior brasileira se mostra ainda mais evidente. O levantamento aponta que, entre 2009 e 2019, o número de matrículas em cursos a distância aumentou 378,9%. Ingressantes em cursos de EaD correspondiam a 16,1% do total de calouros, em 2009. Em 2019, esse público representou 43,8% do total de estudantes que inicia a educação superior. Ao mesmo tempo, nessa década, houve um aumento de 17,8% dos que optaram por cursos presenciais para iniciar a graduação.
Durante a coletiva de apresentação dos resultados do Censo da Educação Superior, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, chamou a atenção para a relevância da etapa educacional no que diz respeito à formação de estudantes e professores, além de destacar o impacto socioeconômico das políticas para a educação em nível superior. “O investimento na educação superior é imperativo para o desenvolvimento científico, para a propulsão da inovação e também para a empregabilidade de nossos jovens”, disse.
De acordo com a pesquisa feita pelo Inep, há 2.608 instituições de educação superior no Brasil. Dessas, 88,4% (2.306) são privadas e 302, públicas. O Censo da Educação Superior mostra ainda que a rede privada ofertou 94,9% do total de vagas para graduação, em 2019, enquanto a rede pública disponibilizou 5,1% das oportunidades. Os dados revelam que mais de 6,3 milhões de alunos estudam em instituições particulares, o que significa uma participação de 75,8% do sistema de educação superior. Nesse sentido, a cada quatro estudantes de graduação, três frequentam estabelecimentos de ensino privados.
Segundo Wagner Vilas Boas, secretário de Educação Superior do MEC, a pasta utilizará as informações levantadas para subsidiar a análise e a implementação de novas estratégias para o setor. “Tenho certeza de que esse trabalho nos ajudará muito para que possamos estabelecer políticas para melhorias na educação superior do nosso país. Observamos o crescente número de matrículas em EaD. Isso é muito forte na iniciativa privada. No setor público, atuamos fortemente na educação presencial, mas estamos iniciando um trabalho com representantes de instituições que entendem sobre educação digital para desenvolver políticas de ensino digital para a rede federal. Vamos poder ampliar o ensino a distância e atingir um número maior de estudantes, com a mesma qualidade que temos na educação presencial”, afirmou Vilas Boas.
Composição – De acordo com o censo, a rede privada configura-se, em sua maioria (83,8%), por faculdades. Das públicas, 43,7% (132) são estaduais; 36,4%, federais (110); e 19,9%, municipais (60). O levantamento mostra ainda que a maioria das universidades é pública (54,5%). Em relação às instituições federais, 63,5% são universidades, enquanto 36,5% são Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) e Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets).
Vagas ocupadas e remanescentes – Em 2019, a rede federal teve mais de 90% de ocupação das novas vagas oferecidas. Trata-se do maior índice entre as diferentes categorias administrativas. Em contraponto, mais de 87 mil vagas remanescentes (71,6%) não foram preenchidas nessa mesma rede de ensino. Já as instituições estaduais tiveram o maior percentual de preenchimento desse tipo de oportunidade: 33%.
Trajetória – Ao analisar a trajetória de estudantes ao longo de uma década, a pesquisa aponta que, em 2019, 59% dos alunos desistiram do curso que começaram, em 2010, enquanto 40% concluíram. Dos estudantes monitorados pelo censo ao longo desses dez anos, 1% continuou no curso até 2019. Para o presidente do Inep, Alexandre Lopes, esses dados são fundamentais na elaboração de estratégias para diminuir a taxa de evasão e desistência. “A baixa permanência é um problema. Para a gente aumentar a quantidade de concluintes, isso passa não apenas pelo aumento da oferta, mas também pela maior retenção dos alunos. Com a implementação do Novo Ensino Médio, vamos trabalhar um pouco mais o aspecto da vocação do aluno para sua área de interesse. Com isso, provavelmente, ao entrar na faculdade, ele vai estar mais certo da escolha que fez. Isso pode levar a uma redução da evasão e da desistência no curso de ingresso na educação superior”, avaliou Lopes.
Financiamentos e bolsas – O Censo da Educação Superior mostra que quase metade dos alunos matriculados na rede privada (45,6%) conta com algum tipo de financiamento ou bolsa. Desses, 20% correspondem ao Programa Universidade Para Todos (ProUni); 19%, ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); e 61%, a outros tipos de auxílio.
Graus acadêmicos – Ao todo, 40.427 cursos de graduação foram oferecidos, em 2019, entre bacharelados, licenciaturas e cursos superiores em tecnologia. Do total, 88,7% (35.898) são presenciais e 11,3% (4.529), a distância. O bacharelado predomina entre os graus acadêmicos ofertados (60,4%). Vale destacar que bacharelandos optam, em sua maioria, pela modalidade presencial. Já no EaD, o predomínio é de estudantes de licenciatura. Os cursos de bacharelado também continuam concentrando a maioria dos ingressantes da educação superior (57,1%), seguidos pelos tecnológicos (22,7%) e pelos de licenciatura (20,2%). Entre 2018 e 2019, houve um aumento de 3,1% no número de ingressantes no grau de bacharelado. Os cursos de grau tecnológico apresentaram a maior variação positiva, com 14,1% de ingressantes em 2019. Na década (2009 a 2019), o grau tecnológico registrou o maior crescimento percentual: 132,5%. No caso dos cursos de licenciatura, houve uma alta de 3,5% entre 2018 e 2019.
Licenciatura e docência – Em uma análise mais detalhada sobre os cursos de licenciatura, nota-se que 48,3% dos estudantes cursam pedagogia. A qualificação nesse curso é apropriada para a atuação nos anos iniciais do ensino fundamental. Nesse sentido, vale destacar que a licenciatura tem particular impacto no que diz respeito à formação dos estudantes na educação básica. Por outro lado, o censo mostra que a busca por licenciaturas em disciplinas específicas é consideravelmente menor.
Para Carlos Eduardo Moreno Sampaio, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, esses dados são fundamentais para a implementação de políticas que incentivem a formação de professores em áreas específicas, com o objetivo de atender à demanda de professores e proporcionar uma educação básica de qualidade. “Há uma concentração de alunos nos cursos de pedagogia. O país tem o desafio de criar mecanismos para atrair os estudantes de licenciatura a cursarem uma formação em áreas específicas, como ciências, matemática, letras e artes”, pontuou.
Quando se trata da trajetória dos estudantes que cursam licenciatura para disciplinas ministradas na educação básica, o censo aponta um baixo índice de conclusão de curso. “Se a gente quiser definir estratégias para ampliar o número de professores para atuar na educação básica, temos de ampliar não apenas a oferta de vagas, mas também os instrumentos de permanência dos alunos nesses cursos até sua conclusão”, avaliou Moreno.
Professores – Ao todo, 386.073 docentes atuam na educação superior no Brasil. Desses, 54,3% são vinculados a instituições privadas e 45,7%, ao sistema público de ensino. Do total de professores, 37,5% (144.874) possuem mestrado e 45,9% (177.017), doutorado. Nesse sentido, os dados mostram que a meta 13 do Plano Nacional de Educação (PNE) foi alcançada. A diretriz educacional estabelece, como objetivo, a ampliação da “proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores”. Os resultados refletem a melhoria da qualificação dos docentes que atuam na educação superior no Brasil.
De acordo com o Censo da Educação Superior 2019, a presença de docentes com doutorado nos cursos de licenciatura é de 59,9%, enquanto os cursos de bacharelado e superiores em tecnologia registram 55,1% e 31,9% de doutores no corpo docente, respectivamente. O levantamento também mostrou que a maioria dos professores de cursos presenciais é composta por profissionais com doutorado. Já na modalidade de EaD, a maior parte é de mestres. Nos cursos presenciais, 88,1% dos docentes possuem mestrado ou doutorado. Em contraponto, nos cursos a distância, esse percentual é de 89,2%.
Censo da Educação Superior – O objetivo do levantamento é oferecer informações detalhadas sobre a situação e as tendências do setor, assim como guiar as políticas públicas de educação. Após a divulgação, os dados passam a figurar como estatísticas oficiais da educação superior. O censo subsidia a formulação, o monitoramento e a avaliação de políticas públicas da educação superior, além de contribuir para o cálculo de indicadores de qualidade, como o Cálculo Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC). A atuação do Inep se concentra na apuração, na produção e no tratamento das estatísticas.
Apresentação | Censo da Educação Superior 2019
Microdados | Censo da Educação Superior 2019
Notas Estatísticas | Censo da Educação Superior 2019
Sinopse Estatística | Censo da Educação Superior 2019
Tabelas de Divulgação | Censo da Educação Superior 2019
Indicadores de Fluxo da Educação Superior
Press kit | Censo da Educação Superior 2019
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Assessoria de Comunicação Social do Inep