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Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem revela impacto do bullying nas escolas
Os resultados brasileiros da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na manhã desta quarta-feira, 19 de junho. Paralelamente, os dados globais da pesquisa, internacionalmente conhecida como Teaching and Learning International Survey, foram apresentados em Paris, na França, por representantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A Talis coleta dados comparáveis internacionalmente sobre o âmbito da aprendizagem e as condições de trabalho dos professores e diretores nas escolas de diversos países. Em 2018, foram 48 participantes. A percepção dos professores e diretores é coletada por meio de questionários, que pela primeira vez tiveram aplicação on-line. No Brasil, a aplicação é responsabilidade do Inep, que aproveitou sua articulação com secretarias de estado de educação, em função do Censo Escolar, para a aplicação.
Na pesquisa, diretores de escolas brasileiras apontam que 28% das instituições que ofertam os anos finais do ensino fundamental identificam, semanalmente, situações de intimidação ou bullying entre os estudantes. Na realidade brasileira, também chama atenção uma diminuição do tempo que os docentes dedicam às atividades de ensino. De 2018 para 2013, caiu o tempo dedicado ao planejamento e à preparação para as aulas. No Brasil, Croácia, Estônia, Geórgia, Coreia, Portugal, Romênia e Cingapura, os professores gastam uma hora a menos que a média dos países participantes.
Essa é a terceira edição da pesquisa Talis, que acontece a cada cinco anos e, nesta rodada, englobou 48 países. Nesse levantamento, professores e diretores mostraram sua percepção sobre temas como liderança escolar, desenvolvimento profissional e satisfação com o trabalho, ensino em ambientes com diversidade e segurança. No conjunto de países da Talis 2018, 3% das escolas enfrentam problemas de intimidação ou ofensa verbal a professores ou funcionários ao menos uma vez por semana. No Brasil e na Bélgica, o problema ocorre semanalmente em mais de 10% de escolas.
Participaram 2.447 professores e diretores de 185 escolas dos anos finais do ensino fundamental (5º ao 9º ano) e 2.883 de 186 escolas do ensino médio, das redes pública e privada. A divulgação dos resultados será feita em duas etapas. O primeiro volume do relatório tem como tema Professores e Diretores Escolares como Aprendizes ao Longo da Vida, com foco no conhecimento e nas habilidades envolvidas no trabalho. Em março de 2020, a OCDE e o Inep divulgarão o segundo volume.
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, destaca a importância de o Inep estar ao lado da OCDE também na realização da Talis, assim como no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). “Ao abordar questões sobre a vida profissional do professor no ambiente escolar, desde como interagem com colegas até suas práticas de ensino, podemos ajudar o Ministério da Educação e as secretarias estaduais e municipais de ensino a abordarem a realidade do ensino e aprendizagem de forma mais assertiva”, explicou.
Em 2018, diferentemente das edições de 2008 e 2013, a Talis examinou o nível de profissionalismo no ensino e a atratividade da carreira docente, analisando cinco pilares. “Fomos saber as percepções dos professores e diretores sobre o conhecimento e as habilidades necessárias para ensinar; o prestígio percebido da profissão; as oportunidades da carreira; a cultura colaborativa entre docentes; e o nível de responsabilidade profissional e autonomia dos professores e diretores escolares”, explica Carlos Eduardo Moreno Sampaio, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep.
Percepção sobre a educação – 97% dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental afirmaram que estão preparados para lecionar o conteúdo de algumas ou de todas as disciplinas incluídas em sua formação inicial ou complementar. O percentual brasileiro supera consideravelmente a média Talis 2018, de 86%. A percepção no ensino médio é semelhante.
A Talis 2018 também perguntou aos professores para quais áreas dariam prioridade caso o investimento em educação fosse aumentado em 5%. Destacaram-se entre os professores brasileiros dos anos finais de ensino fundamental: desenvolvimento profissional de alta qualidade para os professores (95%), aumento salarial (93%) e apoio aos alunos com necessidades especiais (88%). Esse resultado brasileiro está bem acima da média dos países participantes da Talis 2018, com 58%, 69% e 49%, respectivamente, em relação aos mesmos quesitos. Comportamento semelhante foi identificado entre professores do ensino médio.
Valorização da profissão docente – Em geral, os participantes da pesquisa têm satisfação em exercer a profissão. Entre os professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental, cerca de 65% concordam que as vantagens de ser professor superam as desvantagens. Essa percepção está abaixo da média Talis 2018 (75%) e da média América Latina (74%). Professores das escolas públicas concordam menos com essa afirmação (63%) que os das escolas privadas (72%). Entretanto, pouco mais de 10% dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental acreditam que a profissão docente é valorizada pela sociedade.
Recursos – Perguntados sobre recursos ligados ao ambiente escolar e o quanto sua escassez prejudica a oferta do ensino de qualidade, os diretores brasileiros das escolas de anos finais do ensino fundamental destacaram maior dificuldade quando falta acesso suficiente à internet (64%) e quando não contam com um quantitativo de professores com competência para ensinar a alunos com necessidades especiais (60%). Essas percepções estão bem acima das médias da América Latina (51% e 41%, respectivamente) e da Talis 2018 (23% e 31%, respectivamente).
Perfil etário – A Talis 2018 mostra o envelhecimento da população de professores em alguns sistemas de ensino. A proporção de docentes com 50 anos ou mais aumentou cinco pontos percentuais no Brasil, Estônia, Geórgia, Islândia, Coreia, Letônia, Portugal e Xangai (China) desde 2013. Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, a idade dos professores brasileiros fica ligeiramente abaixo (42 anos) da média global dos países participantes da Talis 2018 (43 anos para o ensino fundamental e 44 anos para o ensino médio). Os diretores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental estão entre os mais jovens, considerando os países participantes. A média de idade é de 46 anos, superada apenas pela Turquia e pela Arábia Saudita (43 anos). A média global dos países é de 51 anos.
Mulheres docentes e diretoras – Em todos os países participantes da Talis 2018, as mulheres docentes são maioria, com exceção do Japão (42%). No Brasil, o percentual de mulheres nos anos finais do ensino fundamental é de 69%; e, no ensino médio, de 58%. Nas escolas brasileiras dos anos finais do ensino fundamental, destaca-se o percentual de mulheres no cargo de diretor (76%), bem acima da média Talis 2018, de 49%. Essa proporção é uma das maiores entre os países participantes da pesquisa, ficando abaixo somente da Letônia (84%). No ensino médio brasileiro, 68% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres.
Diversidade – Mais de 40% dos professores no Brasil, Chile, Colômbia, França, México, Portugal, África do Sul e Estados Unidos trabalham em escolas com mais de 30% de alunos desfavorecidos socioeconomicamente, de acordo com a percepção dos diretores. Esse padrão pode sinalizar, igualmente, altos níveis de pobreza/desigualdade nesses países e/ou altos graus de segregação social em seus sistemas educacionais. Quanto à diversidade em termos de necessidades educacionais, a proporção de professores trabalhando nas escolas com mais de 10% de alunos com necessidades especiais aumentou em seis países desde 2013: Brasil, Chile, República Tcheca, Itália, Portugal e Cingapura.
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Assessoria de Comunicação Social