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AÇÕES INTERNACIONAIS
Brasil adere ao estudo internacional TIMSS
Ministro da Educação, Victor Godoy (ao centro); secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim (à esq.); e presidente do Inep, Danilo Dupas (à dir.), durante evento de divulgação da adesão do Brasil ao TIMSS, nesta quinta-feira (2). Crédito: Luis Fortes/MEC
O Brasil aderiu, oficialmente, ao Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciência (TIMSS). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) será responsável pela aplicação no País. A adesão foi anunciada nesta quinta-feira, 2 de junho, em evento no Ministério da Educação (MEC). Dirigido pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), o TIMSS avalia o desempenho, os contextos e a evolução dos alunos na trajetória do 4º ao 8º ano do ensino fundamental, a partir de evidências comparáveis entre os países-participantes. A primeira aplicação será em 2023, para uma amostra de 56 mil estudantes, no caso do Brasil. Estima-se que 56 nações participem desta edição.
O ministro da Educação, Victor Godoy, destacou a importância de o Brasil fazer parte de estudos que proporcionem parâmetros globais. “Tendo como pressuposto a máxima de que nós não gerimos o que não medimos, o MEC e o Governo Federal têm feito importantes avanços no sentido de colocar o Brasil nas avaliações internacionais, como o Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), em 2019, e, agora, o TIMSS”, afirmou. “O objetivo é que possamos avaliar ainda melhor a educação brasileira e compreender como estamos posicionados em relação a outros países”, acrescentou. Victor Godoy também chamou a atenção para o fato de a adesão se dar em um contexto de busca pela recuperação da aprendizagem, impactada pela pandemia de covid-19. “Já temos iniciativas para identificar essas perdas e a participação no TIMSS vem agregar mais valor ainda a esses diagnósticos, para que possamos, no prazo mais curto possível, colocar os nossos estudantes nos níveis de desenvolvimento adequados”, disse o ministro.
Para o secretário de Educação Básica do MEC, Mauro Rabelo, a adesão ao TIMSS traz, entre outros fatores, “a busca por um olhar externo, no intuito de evidenciar situações que, por vezes, não são evidentes nos processos de avaliação interna da educação”, analisou. “Essa comparação com outros países vai lançar luz sobre as ações que estamos desenvolvendo” , complementou Rabelo. O secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, estima que a participação no estudo “contribuirá para as discussões de aprimoramento das políticas públicas educacionais, em especial, aquelas relativas à temática curricular”. Nadalim também destacou o aspecto contextual aplicado na avaliação. “Há o benefício do cruzamento dos resultados com dados sobre o capital familiar disponível para a aprendizagem e sobre a composição social das escolas, que são produzidos por meio da aplicação de questionários aos pais, alunos, professores e gestores”, explicou.
De acordo com o presidente do Inep, Danilo Dupas, os resultados do TIMSS “irão possibilitar ao MEC ainda mais subsídios para a formulação de políticas educacionais, já que proporcionará amostragens representativas do País como um todo e de cada unidade da Federação, individualmente” , pontuou. “O Inep é o responsável pela aplicação brasileira e, como instituição, está pronto para mais essa atribuição”, afirmou. Dupas também anunciou que, em breve, o Inep conduzirá, de forma inédita, mais uma avaliação em parceria com a IEA. “O ICCS, sigla em inglês para Estudo Internacional de Civismo e Cidadania, será aplicado, em setembro, aos estudantes do 8º ano do ensino fundamental” , garantiu. “O alinhamento às tendências e boas práticas globais vão ao encontro do que temos como missão, visão e valores, considerando nossos pilares de governança e inovação. Na atual gestão do Inep, houve forte evolução das avaliações internacionais, com a viabilização das aplicações inéditas do PIRLS, TIMSS e ICCS”, acrescentou.
Comparar para evoluir – A diretora de Avaliação da Educação Básica do Inep,Michele Melo, reforçou a importância das contextualizações realizadas no TIMSS. “As pesquisas demonstram a relação substantiva entre os ambientes de aprendizagem e o desempenho do aluno. A participação no estudo é um avanço importante porque vai nos trazer referências internacionais, não em termos de competitividade, mas no sentido de estabelecer parâmetros que nos permitam avaliar como a educação brasileira está em comparação à de outros países”, analisou Michele.
O diretor executivo da IEA, Dirk Hastedt, corroborou o discurso da diretora do Inep, no que diz respeito aos objetivos da avaliação. “Fazemos esse estudo a cada quatro anos, desde 1995, e ele nos dá dados comparativos internacionalmente sobre como está o desempenho dos estudantes, além das informações contextuais. Porém isso não deve ser visto como uma competição entre os participantes. O intuito é comparar os fatos coletados e compartilhá-los entre os países, para que possamos melhorar a educação dessas nações” , pontuou Hastedt.
Para o diretor de políticas de alfabetização do MEC, Fábio Gomes, “em termos de política pública, o foco na avaliação educacional é fundamental para identificar a qualidade do sistema de ensino” . No entanto, o consultor em avaliação educacional Helder Sousa fez um alerta. Segundo ele, “sobretudo quando os resultados estão aquém das expectativas, a tendência é desvalorizar os dados contextuais do estudo, mas, geralmente, essas informações são as que acrescentam, para além dos rankings e tendências”, disse. “ É importante trabalhar esses dados em tempo útil e fazê-los chegar àqueles que vivem a educação, no dia a dia, em sala de aula” , finalizou.
Assessoria de Comunicação Social do Inep