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Avaliação internacional mostra desempenho de alunos de 41 países
Brasil é 37º em leitura e penúltimo em matemática e ciências no Pisa Ampliado, que reuniu os resultados de 2000 com os das nações que aplicaram o teste depois
Com uma nota média de 396, numa escala de zero a 800, os estudantes brasileiros ficaram em 37ª posição na prova de leitura do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Pisa, aplicado a uma amostra de adolescentes com 15 anos de idade de 41 países. Nos resultados do teste de 2000, o Brasil havia ficado em último lugar entre 31 países participantes, mas, com o ingresso de mais dez nações, o chamado Pisa Ampliado, com provas aplicadas em 2001, o patamar de colocação do País mudou.
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Na prova de leitura, o Brasil fica à frente de quatro nações: Macedônia, Indonésia, Albânia e Peru. Nas provas de matemática, com média de 334, e ciências, em que obteve pontuação de 375, o País é o penúltimo, ficando apenas em melhor posição que o Peru. Na média das três áreas avaliadas, o desempenho brasileiro também ficou em penúltimo lugar.
"Os dados revelados pelo Pisa vêm confirmar o que já era do conhecimento do Ministério da Educação", afirma Maria José Féres, secretária de Educação Fundamental do MEC. Ela lembra que, recentemente, o Ministério divulgou uma pesquisa apontando a grave crise pela qual passa a educação brasileira. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) constatou que 59% dos estudantes da quarta série do ensino fundamental ainda não desenvolveram as competências básicas de leitura.
Para a secretária, o grande desafio na gestão do ministro Cristovam Buarque será trabalhar para reverter esta "tragédia brasileira". Segundo ela, as primeiras providências já foram tomadas com o lançamento do Programa Toda Criança Aprendendo que apresentou alternativas para o resgate da qualidade do ensino por meio da implantação de uma política nacional de valorização e formação de professores , a ampliação do atendimento escolar, o apoio à construção de Sistemas Estaduais de Avaliação da Educação Básica e Programas de Apoio ao Letramento.
Atraso escolar: O objetivo do Pisa é verificar como as escolas estão preparando os jovens para os desafios futuros e detectar até que ponto os estudantes adquiriram conhecimentos e desenvolveram habilidades essenciais para a participação efetiva na sociedade. No Brasil, 4.800 adolescentes participaram da amostra representativa dos estudantes de 15 anos matriculados nas 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e nas 1ª e 2ª séries do ensino médio.
O atraso escolar - provocado pelos altos índices de reprovação e abandono, a desigualdade social, a baixa renda da população e a qualidade das escolas são apontados como as principais causas do baixo desempenho dos estudantes brasileiros no Pisa. A segunda prova da avaliação será aplicada em agosto próximo. Em 2000, a ênfase, tanto do teste como da divulgação dos resultados, foi em leitura. Neste ano, terá prioridade a matemática e, em 2006, o enfoque será em ciências.
A Finlândia (546), o Canadá (534) e a Nova Zelândia (529) obtiveram as maiores médias na parte de leitura do Pisa. Em matemática, os melhores rendimentos foram de Hong Kong - China (560), Japão (557) e Coréia do Sul (547). Esses três países também tiveram desempenho mais elevado em Ciências: Coréia do Sul (552), Japão (550) e Hong Kong-China (541).
A avaliação é coordenada mundialmente pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), instituição que reúne 29 nações, incluindo o México, e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciências e Cultura (Unesco). Devido a problemas com a amostra, os resultados da Holanda não foram incluídos. No Brasil, o responsável pela realização do Pisa é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).
Desempenho está relacionado ao volume de gastos em educação
O desempenho dos alunos das nações participantes do Pisa está diretamente relacionado aos gastos em educação. Em geral, a tendência é que quanto maior o gasto, melhor o desempenho na avaliação. Para chegar a esta conclusão, o Pisa comparou o gasto médio dos países por aluno, desde o início da educação fundamental até os 15 anos de idade, com o desempenho médio nas três áreas avaliadas.
O Brasil, onde o gasto acumulado por aluno até os 15 anos é de US$ 10 mil PPC (Paridade do Poder de Compra - medida que compara a capacidade das moedas locais comprarem os mesmos produtos e serviços), supera apenas a Indonésia e o Peru, que dispensam menos recursos na educação de seus jovens. Os países com os maiores gastos são a Áustria, com cerca de US$ 76 mil, e os Estados Unidos, com média de US$ 73 mil.
Segundo o relatório do Pisa, mesmo considerando que a qualidade do ensino depende dos investimentos na área, é preciso levar em conta que "por mais que o gasto por aluno em instituições educacionais seja um pré-requisito necessário para proporcionar uma educação de alta qualidade, não é suficiente para alcançar altos níveis de resultado. Os dados sugerem que outros fatores, incluída a eficácia com a qual se utilizam os recursos, podem desempenhar um papel decisivo".
Outro fator que está diretamente relacionado ao desempenho dos países é a desigualdade de renda, medida pelo índice de Gini. O Brasil, entre as nações avaliadas, apresenta a maior desigualdade, de 59,1 (quanto maior o índice, mais elevada é a desigualdade na distribuição de renda). A melhor distribuição de renda foi identificada na Hungria, com um índice de 24,4. De acordo com as conclusões do estudo, "os mais altos níveis de desigualdade tendem a estar relacionados com os menores índices de desempenho médio".
Países participantes do Pisa 2000
Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia, Liechtenstein, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia, Suécia, Suíça
Integrantes do Pisa Ampliado
Albânia, Argentina, Chile, Bulgária, Hong Kong - China, Indonésia, Israel, Macedônia, Peru, Tailândia.
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