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Uma em cada sete brasileiras vai viajar sozinha nos próximos meses
Por Lívia Nascimento
Marília Sampaio viaja sozinha desde os 16 anos. Crédito: Arquivo pessoal
A vontade de conquistar o mundo tem inspirado cada vez mais mulheres a viajarem sozinhas. Para elas, o desejo de viver novas aventuras independe de ter ou não uma companhia. E não adianta lançar mão das famigeradas perguntas “tá louca?” ou “você não tem medo?”. Nada é capaz de deter a ansiedade de descobrir novos destinos e culturas. De acordo com o estudo Sondagem do Consumidor - Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, 14% das mulheres que pretendem viajar nos próximos seis meses deverão fazê-la sozinhas, número 35% que o verificado no sexo masculino - 10,4%.
Segundo recente levantamento feito pelo site Airbnb, a Ásia tem as mulheres mais aventureiras em comparação a qualquer outra região. No Japão, em Taiwan e na China, elas são a maioria entre as pessoas que fazem viagens internacionais sozinhas. A Rússia e o Brasil também estão entre os cinco países com mais mulheres que viajam por conta própria para outros países.
Apesar de o número de mulheres que viajam sozinhas ser ainda pequeno, esta é uma realidade que está mudando. Cada vez mais elas deixam de esperar por uma companhia para o passeio e assumem o controle de decidir o destino e a programação da viagem. Mas ainda há importantes avanços a serem feitos para garantir a igualdade entre homens e mulheres e por isso, alguns cuidados são necessários para assegurar uma viagem segura para elas.
Na lista de recomendações algumas dicas como a pesquisa do lugar que será visitado para entender os costumes locais e algumas regrinhas de segurança. Vale também se informar com outras mulheres que já tenham visitado o destino e evitar situações potencialmente perigosos. Outra dica de viajantes é compartilhar o roteiro que será feito com amigos e parentes para que acompanhem remotamente o trajeto.
ELAS MOSTRAM QUE PODEM!
Mochileira:
Em apenas dois anos, Marcia Lupiano tomou gosto por viajar sozinha. Crédito: Arquivo pessoal
Com 23 anos, Marcia Lupiano coleciona muitas histórias de suas viagens pelo Brasil e pela América Latina. A primeira experiência de fazer turismo sozinha no Rio de Janeiro tem apenas dois anos e de lá para cá, ela tomou gosto. “Estava com um pouco de medo e até tentei ir com uma amiga, mas acabei indo sozinha e foi incrível. Fiquei em um hostel - também pela primeira vez - e conheci muita gente. Tinha liberdade para fazer o que queria, na hora que queria e percebi que era possível viajar sem companhia”, relembra.
Após a formatura no curso de Relações Internacionais no final de 2015, Márcia foi além e se aventurou em um mochilão de oito meses pela América Latina onde acampou, pegou carona e fez novos amigos. Apesar das boas lembranças, ela reforça que é preciso tomar alguns cuidados. “São países machistas, então nunca dizia que estava sozinha, avisava onde ia e ficava atenta ao ambiente onde estava”, diz. Mesmo assim ela encoraja que outras mulheres vivam essa experiência. “A vida é uma só e tem muita coisa boa no mundo para ser vista. No fim das contas tem mais gente boa do que má por aí”, conclui.
Ativista:
Marília no Vale da Lua, na Chapada dos Veadeiros (GO). Crédito: Arquivo Pessoal
Com a experiência de quem viaja sozinha desde os 16 anos, a assistente social Marília Sampaio reserva 10 dias por ano para curtir a própria companhia. Vale revisitar lugares especiais ou conhecer novos destinos. “Dizem que sou corajosa, mas para mim é normal. Comecei ainda adolescente e fui pegando o gosto e desenvolvendo algumas manhas. Não abro mão desse tempo pra mim, mas tenho o cuidado de ver os roteiros disponíveis na internet antes e pegar a avaliação dos lugares”, explica.
Da última viagem para João Pessoa e Pernambuco, além do sol e das aventuras, uma lembrança incômoda de que viajar só ainda tem limitações e por isso é preciso ter atenção. “Depois de um dia na praia resolvi ir embora e no meio do caminho percebi que havia esquecido o chinelo na areia. Ao retornar fui surpreendida por um homem na praia já deserta. Fiquei com medo e pensei mil formas de escapar até que vi que teria que voltar pelo mesmo caminho e tomei coragem. Nada aconteceu, mas acredito que as mulheres não devem parar de fazer as coisas porque tem medo. Se tivessem mais mulheres ali, ele não teria se aproximado”, defende.