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Turistas de eventos injetam U 35 milhões na economia nacional
Eventos internacionais realizados no Brasil nos últimos anos injetaram US$ 34,9 milhões na economia nacional. Deste montante, U$ 21,5 milhões (61,5%) correspondem às despesas com hospedagem e alimentação. É o que revela uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Ministério do Turismo (MTur), que aponta indicadores positivos sobre o segmento turístico de Negócios e Eventos no Brasil. As informações foram apresentadas na manhã desta terça-feira (13) na capital paulista pelo ministro do Turismo, Luiz Barretto, e pela presidente da Embratur, Jeanine Pires.
“Os números demonstram que este é um turista diferenciado, com nível escolar superior, alto poder aquisitivo e que busca praticidade, comodidade, atendimento e equipamentos altamente qualificados. Essas características se refletem nos gastos desses turistas”, afirmou o ministro do Turismo.
O gasto dos visitantes estrangeiros também gerou um valor agregado de US$ 16,3 milhões, dos quais US$ 11,3 milhões foram destinados a pagamento das remunerações dos trabalhadores e à geração de 1.563 empregos.
O estudo “Impacto Econômico dos Eventos Internacionais Realizados no Brasil”, que desde 2003 faz parte da política de captação de eventos da Embratur, analisa a movimentação econômica direta e indireta e o perfil do turista estrangeiro que participou de eventos técnico-científicos (conferências, colóquios, encontros, congressos, fóruns, simpósios, reuniões, wokshops, competições, seminários) de diversos segmentos, realizados no período compreendido entre setembro de 2007 e dezembro de 2008.
A PESQUISA
Trinta e seis eventos foram selecionados e divididos por área: Administração, Agronegócios, Aventura, Beleza, Biotecnologia, Economia, Educação, Engenharia, Esporte, Medicina, Meio Ambiente, Petroquímica, Relações Internacionais, Religião e Tecnologia.
Os pesquisadores entrevistaram 5.132 participantes estrangeiros de eventos sediados por 14 cidades brasileiras. O resultado oferece um visão geral e real a respeito do potencial do segmento, com uma margem de erro de 5%.
Entre os entrevistados, 66,2% visitavam o país pela primeira vez. “Isso faz com que a imagem desse turista sobre o país seja reforçada ou melhorada a partir dessa oportunidade”, observou Jeanine Pires.
Os gastos variam de acordo com áreas profissionais dos eventos pesquisados, ou seja, depende do perfil dos participantes. Os eventos de Medicina se destacam com o maior gasto médio de US$ 304,44, seguido pelos eventos relacionados a Tecnologia e Meio Ambiente que apresentaram gasto médio de US$ 290,07. Os eventos de Educação, Social e Esporte apresentaram o menor número para esta variável, explicado principalmente pelo perfil dos participantes, que tem maioria formada por estudantes.
Com isso, os eventos ligados à Medicina foram responsáveis por 44% de toda a renda gerada pelos eventos pesquisados. Os eventos relacionados à tecnologia e meio ambiente foram responsáveis por 27% da renda gerada pelos eventos pesquisados, enquanto os associados a Educação, Social e Esporte e Outros Tipos de Eventos, contribuíram com 15% e 14%, respectivamente.
Além de detalhar o gasto médio diário e o perfil socioeconômico (país de residência, faixa de renda etc.) do turista estrangeiro que vem ao país, o levantamento buscou o tempo de permanência no Brasil, a imagem em relação à cidade que sediou o evento e a intenção de retorno. “Sediar eventos é apresentar-se ao mundo”, definiu o ministro Luiz Barretto.
A metodologia do mapeamento permitiu calcular os efeitos diretos e indiretos desses 36 eventos na economia nacional. O espectro de atuação do mercado de eventos pode mobilizar, segundo a Organização Mundial do Turismo, mais de 50 segmentos.
Os principais mercados emissores de turistas para estes eventos são os Estados Unidos, com 10,84%, seguido pela Argentina (8,12%), Alemanha (4,29%) e Inglaterra (4,25%). O fato de o evento ser realizado no Brasil influenciou a vinda de 58% dos pesquisados.
A variável “atividades pessoais realizadas” indica que 64,7% dos entrevistados foi às compras e pagou por serviços pessoais, enquanto 40,9% desfrutou algum passeio turístico.
Do universo de pesquisa, 92,57% afirmaram que gostariam de voltar ao país pra atividades de Lazer (75,6%) e Negócios (28,9%). Para o ministro Luiz Barretto, a pesquisa incentiva um grande nicho de mercado e contribui para ampliar o conhecimento de organizações públicas e privadas a respeito da imagem que vem sendo construída sobre o país. “Isso é fundamental, à medida que teremos anos de muito trabalho, debruçados sobre um calendário de eventos que pode transformar o desenvolvimento do setor no Brasil”, analisou.
Nos próximos 7 anos, a captação de turistas estrangeiros e o desenvolvimento do segmento de Negócios e Eventos serão favorecidos não só pela nova posição política do Brasil no cenário internacional, mas principalmente pela motivação de viajantes atraídos por grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (2016).
De acordo com Barretto, é vital ter instrumentos para planejar o futuro. “Essa pesquisa é uma radiografia e por isso nos orienta, baliza nosso trabalho de prospecção. O país vai bem, mas os desafios são enormes”.
Segundo o ministro, “nos próximos anos, vamos destinar R$ 440 milhões em projetos e ações para promover a certificação e a reciclagem do conhecimento de mais de 300 mil profissionais da cadeia turística. E outros R$ 200 milhões em ações de promoção internacional, direcionadas segundo as especificidades e os interesses de cada país”. Ele lembrou também a negociação da expansão em, US$ 1 bilhão, da linha de crédito Prodetur, que deverá financiar a infraestrutura turística nas 12 cidades-sede da Copa. “Isso mostra que grandes chances estão surgindo num grande momento do país”.
RESULTADOS POR SEGMENTO
Ao analisar todos os eventos pesquisados, o estudo concluiu que a maior parte deles pertence aos segmentos médico (28%), de tecnologia (17%) e biotecnologia (11%). Os certames se concentraram no Rio de Janeiro (30,5%) e em São Paulo (19,4%), seguidos por Recife, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Foz do Iguaçu, destinos dotados de infraestrutura pré-existente para o segmento. Para o ministro Barretto, a inclusão de pólos regionais nesta lista indica que “a descentralização dos eventos estimula o fortalecimento do setor em diferentes regiões do país”.
PESQUISA DO IMPACTO ECONÔMICO DOS EVENTOS INTERNACIONAIS
REALIZADOS NO BRASIL
MINISTÉRIO DO TURISMO/ EMBRATUR/ FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
RESULTADOS NACIONAIS
Perfil do turista
• Grande parte dos turistas reside nos EUA (10,84%) e na Argentina (8,12%).
• 66,1% visitaram, pela primeira vez, o Brasil.
• 81,93% visitaram pela primeira vez a cidade-sede do evento.
• O taxi foi o principal meio de transporte utilizado do aeroporto até o meio de hospedagem (47,66%).
• O meio de hospedagem mais utilizado foi o hotel (96,31%).
• Os turistas permaneceram, em média, sete noites no País.
• Dos turistas estrangeiros participantes, de pelo menos 22 países, 23,27% têm entre 25 e 34 anos, 28,98%, entre 35 e 44 anos e 26,21% entre 45 e 54 anos.
• Com relação à escolaridade, 96,83% têm mestrado, doutorado ou especialização.
• Faixa mensal de renda: 10,74% declararam renda entre US$ 1 mil e US$ 2 mil; 13,79% entre US$ 2 mil e US$ 3 mil; 12,60% entre US$ 3 mil e US$ 4 mil; 14,51% entre US 4 mil e US 6 mil mensais; e 29,12% afirmaram ganhar acima de US 6 mil.
Movimentação econômica
• Hospedagem, compras, alimentos, cultura e transporte são os principais responsáveis pelo gasto individual médio diário do turista estrangeiro de eventos no Brasil, que foi de US 285,10.
• O número é bem superior à média de gastos de turistas que vêm ao País a negócios (US 112,90) e a lazer (US 73,40), segundo estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP), encomendado pela Embratur, realizado em 2007.
• O impacto econômico direto dos gastos realizados pelos participantes estrangeiros durante os 36 eventos realizados no Brasil foi de US 34,9 milhões.
Informações sobre a viagem/Percepção do destino
• 39,71% dos entrevistados permaneceram na cidade-sede antes ou após o evento, ao passo que 29,55% também ficaram em outras cidades brasileiras.
• 92,57% declararam ter intenção de retornar ao Brasil, enquanto 76,37% disseram querer retornar à cidade-sede do evento. 47,13% afirmaram querer retornar em até dois anos.
• Em resposta de múltipla escolha, os participantes dos eventos disseram que o principal motivo do retorno seria lazer (72,62%), seguido por negócios (28,97%).
• 79,14% dos entrevistados disseram que a imagem da cidade-sede do evento permaneceu positiva ou melhorou após a viagem.
• 33,71% tiveram a internet como fonte de informação e 30,62% buscaram o organizador do evento no Brasil.