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HOMENAGEM
Repente completa um ano de reconhecimento como Patrimônio Cultural
Repente foi reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro em novembro de 2021. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
Há exatamente um ano, uma das mais tradicionais manifestações populares do país, especialmente da região Nordeste, tinha seus versos e rimas embalados por violas elevados à condição de Patrimônio Cultural Brasileiro. Foi o que garantiu o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ao aprovar, por unanimidade, a inclusão do Repente no Livro de Registro das Formas de Expressão.
Com a decisão, o Repente, diálogo musicado em que duas pessoas se alternam cantando estrofes improvisadas, respondendo a provocações do parceiro, juntou-se ao rol de outros ilustres patrimônios já presentes no documento, como a Roda de Capoeira e a Literatura de Cordel. A iniciativa garante políticas públicas de salvaguarda da manifestação, que também devem incidir sobre bens associados, a exemplo da Embolada, do Aboio e da Glosa.
O ministro do Turismo, Carlos Brito, ressalta que o Repente ajuda a difundir a cultura nordestina e a despertar o interesse por destinos nacionais. “O Repente nasceu no Nordeste, mas também chegou a outras regiões para onde houve a migração de nordestinos. Por isso, ele representa um ativo cultural não só do Nordeste, mas de todo o país, que cativa a atenção de visitantes e dá ainda mais brilho aos variados atrativos nacionais”, aponta.
O pedido de registro foi formalizado no ano de 2013 pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno. Desde então, o Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, iniciou o processo de reconhecimento, que levou a um dossiê produzido em parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), reunindo mais de 50 modalidades de repente.
“O Repente representa a criatividade e a sensibilidade do povo nordestino. É uma arte que atravessa gerações, se difundindo por todo o Brasil. Reconhecemos a manifestação como Patrimônio Cultural Brasileiro por entender que é significativa para a nossa história, memória e identidade”, pontua a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, que também preside o Conselho Consultivo do Instituto.
REPENTE - Uma apresentação de repentistas, acompanhados de violas, é geralmente dividida em baiões, sequências nas quais as estrofes são cantadas alternadamente pelos poetas, mantendo a modalidade de estrofe, a mesma toada e o mesmo assunto. A cada baião, os repentistas respondem a “desafios” do parceiro e a demandas e reações da plateia, que propõe temas e modalidades a serem desenvolvidos pela dupla.
Há registros da prática do Repente desde meados do século XIX nos estados de Pernambuco e da Paraíba, conforme indicam fontes históricas. As ocorrências mais antigas têm origem na Serra do Teixeira, na Paraíba. No início do século XX, a manifestação teve importante papel na difusão do rádio na região. Até então, a maior parte dos repentistas era de origem rural, vivendo no interior e cantando para plateias camponesas.
O quadro se transformou na década de 1950, com os cantadores se fixando nas cidades à procura de ferramentas que auxiliassem a sua atuação, especialmente o rádio e o correio. Aos programas radiofônicos, no decorrer das décadas de 1980 e 1990, se somaram a gravação de discos e a realização de festivais, mantendo a origem rural dos poetas. Mais recentemente, a internet se tornou uma ferramenta adicional para a divulgação das “cantorias”.
Por André Martins
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo