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PATRIMÔNIO CULTURAL
Iphan registra Ciranda do Nordeste como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil
Ciranda de Roda se junta a mais 50 outras manifestações culturais do país. Crédito: Secult (PE)
A Ciranda do Nordeste, tradicional manifestação artística do país, foi registrada na manhã desta terça-feira (31.08) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A decisão ocorreu durante a 97ª Reunião Ordinária do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, coordenada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo. Com a inclusão, a dança se junta a um rol de 50 bens culturais já registrados, como a Roda de Capoeira, o Carimbó e o Maracatu Nação.
Para o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, o registro da Ciranda do Nordeste preserva a cultura e, principalmente, a história de um povo e sua singularidade. “Eu, na condição de nordestino e pernambucano, estou muito feliz com mais essa expressão cultural em nosso rol de patrimônios. Essa dança é uma mistura de música e poesia e encanta a quem conhece, pois traz uma rica história. Vamos cuidar desse patrimônio como um tesouro cultural do nosso país”, disse.
O pedido de registro da Ciranda do Nordeste na lista de Patrimônios Culturais do Brasil partiu da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco e contou com apoio maciço da população, por meio de um abaixo-assinado entregue ao Iphan. Além da solicitação popular, houve pesquisa de identificação com aplicação do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), mobilização da comunidade e a produção de um dossiê de registro, além da apresentação de material audiovisual e fotográfico.
Segundo a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, a inclusão do bem será de grande valia para a cultura do país. “Com mais um registro, reconhecemos a relevância da Ciranda do Nordeste em âmbito nacional, na medida em que aporta elementos importantes para a memória, a identidade e grupos formadores da sociedade brasileira. Os saberes, modos de fazer e valores dessa expressão coletiva estão sendo constantemente reiterados, transformados e atualizados, o que constitui uma tradição vital enquanto canal de expressão e de fortalecimento de laços de pertencimento”, completou.
Unindo música, poesia e dança de roda, a Ciranda do Nordeste é destacada como um modo coletivo de celebrar a vida, sem distinções pessoais, delimitações ou temporalidades rígidas. A dança está rodeada de significados, que envolvem o balanço do mar, os ciclos da vida e as brincadeiras de criança, sendo elementos centrais para vivenciá-la. Em geral, ela acontece com os participantes dando as mãos em um círculo fechado e dançando em uma única direção.
Apesar das variações de passos complexos, o mais importante no “cirandar” não é a dificuldade dos movimentos, mas a simplicidade e a união. A roda pode ocorrer em diferentes contextos, como o Carnaval, o encerramento de uma atividade pedagógica ou em festejos juninos, em espaços abertos ou fechados, como ruas, bares a praças. Na roda de ciranda, são trazidos à tona sentimentos de celebração e pertencimento a um lugar e a uma história, seja das cirandas à beira-mar, seja das noites de festa nos engenhos da Zona da Mata Norte de Pernambuco (composta por 19 municípios do estado).
REGISTRO - O registro de bens culturais de natureza imaterial foi instituído pelo Decreto 3.551/2000. Com o reconhecimento, a Ciranda do Nordeste passa a ser acautelada pelo Iphan, que atuará na salvaguarda da manifestação, coordenando a execução de políticas públicas para a reprodução e a sustentabilidade da expressão cultural.
*Com informações do Iphan
Por Victor Maciel
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo