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Aviação cresce na América do Sul, mas integração é baixa, diz BID
Encontro de conselho da Unasul no Rio discute medidas para ampliar conexão entre países do continente
A América do Sul é uma das regiões do planeta com maior crescimento no transporte aéreo esperado para os próximos 20 anos. No entanto, o continente é pouco conectado, com oferta de assentos concentrada em apenas quatro empresas e poucos voos regulares fora das capitais. As conclusões são de um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) apresentado nesta quarta-feira durante reunião do Cosiplan, o Conselho de Infraestrutura e Planejamento da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), no Rio de Janeiro.
O encontro, que vai até quinta-feira e reunirá representantes de todos os países sul-americanos, visa aprofundar as discussões sobre a situação da aviação regional na América do Sul, enfatizando a possibilidade de dar maior grau de liberdade para as rotas sub-regionais. A ideia é avaliar o cenário da integração aérea no continente, diagnosticar o sistema de aeroportos da região e retomar estratégias de conectividade que dependem de maior protagonismo dos governos nacionais.
“Desde a colonização ibérica, feita a partir do litoral, os países da América do Sul estão de costas uns para os outros. Mas o forte crescimento econômico, em especial no interior, tornou inadiável a necessidade de uma forte integração pelo modal aéreo, tanto de carga quanto de passageiros”, afirmou o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco. Ele abriu o encontro do Cosiplan, juntamente com os ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores).
Segundo o estudo do BID, a América Latina deverá responder, entre 2013 e 2032, por um aumento expressivo na demanda por transporte aéreo: o crescimento esperado é de 6,9% ao ano segundo a fabricante de aviões americana Boeing, o que torna a região o lugar do planeta onde o modal aéreo mais crescerá nesse período. Dados da europeia Airbus projetam o crescimento em 6%, atrás apenas do Oriente Médio. De qualquer forma, esse crescimento será maior do que a média global da última década – 4,6% ao ano. Somente entre 2007 e 2014, a oferta de assentos em vôos regionais na América do Sul cresceu de 16,4 milhões para 22,7 milhões.
Esse incremento vem na esteira do aumento do PIB da região e é fortemente influenciado pela explosão da demanda no Brasil. Em toda a América Latina, por exemplo, a rota que mais teve aumento percentual foi São Paulo-Fortaleza (11% entre 2002 e 2012), e o aeroporto que mais cresceu em movimentação foi Confins (37% no mesmo período).
Segundo o BID, porém, nem o tamanho do mercado, nem as mudanças regulatórias implantadas desde 2006, que abriram o mercado em vários países, têm bastado para impulsionar a conectividade aérea dentro da região. Expressivos custos aeroportuários, elevadas taxas de embarque internacional, altos custos de aquisição de combustível e a ausência de incentivos para a criação de rotas aéreas regionais são algumas dificuldades, além da baixa demanda de certas regiões, o que leva as maiores empresas – Latam, Avianca, Aerolíneas Argentinas e Gol, que concentram 80% da oferta – a não ter interesse comercial por essas rotas.
O programa brasileiro de aviação regional, coordenado pela Secretaria de Aviação Civil, será exposto na oficina do Cosiplan como uma possível baliza para a integração aérea sul-americana. Além dos investimentos em infraestrutura de 270 aeroportos regionais, o Brasil está também implementando subsídios às companhias aéreas que operem rotas regionais. “A política de aviação regional vai ao encontro do diagnóstico elaborado pelo BID. O programa brasileiro pode servir de exemplo ao resto do continente”, afirma João Batista Lanari, assessor especial de Relações Internacionais da SAC.
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