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Por melhor gestão pública
A população foi às ruas para protestar, em um levante que não se via no Brasil havia um bom tempo. A mensagem foi clara: Há algo de errado na condução da política econômica e social do país, e a população, no geral, não está satisfeita. Em meio a tantos cartazes expostos nas recentes semanas, o resultado que fica é o de que o Brasil não atua de forma sincronizada com os anseios populares.
Nota-se visível descompasso e falta de alinhamento das instituições federais, estaduais e municipais para o atendimento das necessidades básicas da sociedade. É preciso utilizar melhor os recursos para gerar mais valor à sociedade. Temas estratégicos, como saúde, educação, segurança e transporte público não podem estar sujeitos à sazonalidade político-partidária, mas a planos consistentes estruturados para o longo prazo.
O ranking do Fórum Mundial de Economia, que funciona como índice de competitividade global, mostra que o Brasil não está bem posicionado frente a outros países do globo. Embora tenha avançado posições no índice geral, ao longo dos anos, o Brasil está entre os últimos colocados em aspectos relacionados ao setor público, como desperdício em gastos públicos e eficiência do setor.
"É o caso de descentralização da gestão, pensamento estratégico, foco em resultados e metas. Esforço na desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor para o país e os cidadãos." - Jairo Martins
A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou, em janeiro de 2013, pesquisa que procurou entender os fatores que afetam a competitividade brasileira. Em consonância com os pedidos das ruas, surgiram questões bem próximas dos clamores da população: foram citados, como barreiras ao crescimento do país, aspectos como educação (pública e privada), burocracia, legislação trabalhista, política econômica, segurança pública.
Assim como a iniciativa privada vem fazendo há algum tempo, está na hora de discutir no setor público temas condizentes à busca pela excelência da gestão que, por vezes, integra a agenda das organizações privadas. É o caso de descentralização da gestão, pensamento estratégico, foco em resultados e metas estabelecidas, implantação de processos claros e esforço na desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor para o país e os cidadãos.
A FNQ observa mobilização silenciosa do setor público para implantação de práticas de gestão sistêmica, seguindo os princípios da iniciativa privada. Um exemplo é o Gespública (Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização), que estabeleceu modelo de gestão permanente, seguindo os fundamentos e critérios do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado pela FNQ, que atua como instrumento referencial para a melhoria de práticas e o alcance do sucesso de organizações de todos os portes e setores. Adaptado ao setor público, o modelo prevê que governos municipais, estaduais e federais e órgãos e empresas públicas possam melhorar também a gestão e contribuir para o aumento da competitividade da economia.
O modelo de gestão sistêmico da FNQ, adaptado à realidade do setor público, permite que organizações públicas e privadas façam avaliação constante da gestão, identificando os pontos fortes e as oportunidades de melhoria. Ao profissionalizar a gestão, a organização consegue atender a população com mais rapidez e eficiência, possibilitando processos mais claros, além de reduzir entraves burocráticos e de infraestrutura que vêm tornando o Brasil menos competitivo frente a outras economias.
Talvez seja o momento de ouvir as manifestações de forma positiva, mudar o modelo mental para fazer uma política mais realizadora, demonstrando atitude proativa frente às demandas declaradas. É hora de anunciar um plano para o Brasil mais condizente com o que pede a população e menos ligado em ações pontuais e cosméticas. O momento pode ser propício para a aproximação mais efetiva aos reais anseios da população. Temos condições, de sobra, para construirmos um Brasil melhor.
Correio Brasiliense, Jairo Martins. Superintendente Geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), 21/11/2013.