Planejar demais, analisar demais, aperfeiçoar demais.
Aceitar responsabilidades além da nossa capacidade e valorizar longas horas de trabalho como marcas de uma vida plena e produtiva são um conceito ultrapassado e traiçoeiro: nos fazem acreditar que somos inteligentes e perspicazes, quando a realidade é justamente o oposto.
Complicar o trabalho e a vida acreditando estar fazendo a coisa certa é um expediente reservado aos amadores. Profissionais bem-sucedidos em suas áreas trabalham para simplificar todos os aspectos de sua vida. Mais do que isso: se convenceram, há tempos, de que processos complexos produzem resultados ineficazes.
Antes de prosseguir, vale lembrar que o conceito de sucesso é elástico, pessoal e intransferível: vai do “muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender” até hobbies, uma vida no campo, o dobro do tempo com os filhos e viagens.
Viver uma vida simples (e não simplória, banal ou superficial) diminui o estresse e clareia as ideias. Aumenta o foco e a atenção diante do que se mostra relevante e indica o quê, por que e como tudo deve ser feito.
Concentrar a nossa energia nas coisas essenciais economiza tempo e preserva a saúde mental para que nos dediquemos à família, aos amigos, ao esporte e, pasme, ao trabalho.
Aquela ou aquele que é incapaz de relaxar ou aproveitar bons momentos porque persegue o sucesso a qualquer custo carrega consigo uma bagagem invisível aos olhos e letal para o coração. Uma bomba-relógio sempre prestes a explodir.
Pensar simples nos ajuda a visualizar e definir metas com prazos diversos. E a realizar mais e melhor. Sim, porque encarar processos complicados nos dá uma falsa sensação de trabalho árduo – e pode até ser mesmo, apesar de os resultados serem quase sempre abaixo da crítica.
Quem entendeu o poder da descomplicação não precisa – e nem deseja – viver como a maioria confusa, ofegante e quase travando, como um velho computador ultra carregado.
Steve Jobs, inventor e CEO da Apple, classificou a simplicidade como “mantra”: “O simples pode ser mais difícil do que o complexo: é preciso trabalhar duro para limpar seus pensamentos de forma a torná-los simples. No final, vale a pena, porque, quando chegamos lá, podemos mover montanhas”.
Jobs estava certo. A arte da simplicidade demanda visão, criatividade, lógica e congruência. Então, por onde começar?
O primeiro passo da simplificação é criar rotinas. Elas podem ser diárias, semanais, mensais, trimestrais e anuais.
Elencar, na véspera, as tarefas do dia seguinte e iniciar pela mais importante também contribui para o processo. Assim como delegar e ter a humildade para aceitar que não somos bons em tudo.
Profissionais orientados pela simplicidade evitam o multitasking (multitarefa) e as distrações tecnológicas desnecessárias, como notificações de redes sociais e a checagem sistemática do e-mail. Preferem fazê-la por períodos.
Por fim, trabalham para resolver (e não para criar) problemas.
Agir com objetividade e ser reconhecido por isso transfere a sua reputação de forma automática para o campo dos profissionais equilibrados, sofisticados e atualizados.
E te custa menos, uma vez que simplificar significa investir no que é essencial e prioritário.
É ou não é um ótimo negócio?
*Marc Tawil é head da Tawil Comunicação, comentarista da Rádio Globo e LinkedIn Top Voices