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Ministro César Borges nega risco de desabastecimento geral após bloqueios nas rodovias
O ministro dos Transportes, César Borges, negou nesta quarta-feira (03/07) a possibilidade de uma crise no abastecimento de alimentos e combustíveis no Brasil em virtude dos bloqueios nas rodovias federais, promovidos pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), comandado pelo empresário Nélio Botelho. “Achamos que, por trás desse movimento, há interesses específicos, que devem ser apurados, para não prejudicar a Nação brasileira e a economia do país. Não há nenhum sinal de desabastecimento. O movimento é pontual, minoritário”, destacou César Borges. O aviso foi dado durante entrevista coletiva concedida no Ministério da Justiça, com a presença do ministro José Eduardo Cardozo e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
O ministro dos Transportes lembrou que, desde a semana passada, o ministério acompanha a situação nas rodovias brasileiras após o MUBC conclamar a paralisação geral. Assim, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) começou a manter contato com todas as entidades que representam o setor, inclusive a Confederação Nacional de Trabalhadores Autônomos.
“Todos disseram que não tinham intenção de deflagrar esse movimento de paralisia”, destacou César Borges. O diálogo foi feito com transportadores autônomos, caminhoneiros brasileiros, confederações e entidades. Segundo o ministro, também foram ouvidos motoristas, “os verdadeiros trabalhadores do setor, que guiam os caminhões e não são proprietários, mas têm contratos de trabalho”. “E não vimos nada desses setores, nenhuma vontade de levar avante esse movimento. Muito pelo contrário, se posicionando de forma muito afirmativa contra essa situação. Apenas o MUBC insistiu nessa posição”, lembrou César Borges.
“O que está existindo é uma tentativa de bloqueio. Muitas vezes, a impressão é de que há uma fila longa, mas causada por poucos que estão à frente. É muito fácil se fazer bloqueio com dois, três ou cinco caminhões. O quer nós queremos é assegurar que os caminhões possam passar e usufruir o direito de ir e vir. Quem quiser parar, que fique à margem da rodovia”, explicou.
Investigações - Os indícios de que o movimento não é defendido por todos os trabalhadores do setor motivaram o pedido ao Ministério da Justiça pelo aprofundamento das investigações. O objetivo é identificar a causa do movimento de um grupo minoritário na representação de quem realiza o transporte de cargas no Brasil. Da mesma forma, o ministro César Borges lembrou que o diálogo continua aberto com todas as categorias, seja quais forem as reivindicações.
Sobre Nélio Botelho, César Borges afirmou tratar-se de um frotista, um empresário que mantém contratos com empresas, inclusive do governo. Segundo o ministro, o caminhoneiro e seus aliados estão “à procura de benefícios próprios para suas organizações”. Ao comentar a tentativa de Nélio Botelho de “trazer caos à sociedade brasileira e à nossa economia”, César Borges voltou a minimizar os impactos da ameaça de desabastecimento no país. Sobre o principal incitador do MUBC, o ministro disse que ele pode “prometer o que quiser”. As providências estão sendo tomadas pela Polícia Rodoviária Federal no sentido de desobstruir as rodovias.
César Borges também comentou a pauta de reivindicações divulgada pelo MUBC. As principais respostas dadas pelo ministro dos Transportes foram:
Lei dos Caminhoneiros
“A Lei 12.619, chamada Lei dos Caminhoneiros – também poderia ser chamada de ‘Lei dos Motoristas’ para segurança e vida a todos que trabalham no setor – já foi aprovada e sancionada pelo Congresso Nacional no ano passado, mas que merece algumas revisões. A Casa Civil se debruçou sobre essa lei e apresentou suas propostas ao Congresso Nacional. Então não pode se dizer sobre falta de atenção com a Lei dos Caminhoneiros”.
Pedágio
“O não pagamento de pedágio é algo que vem a contrariar contratos existentes e que não está na pauta rever esses contratos, no momento onde o país precisa, mais ainda, investir na melhoria de suas estradas, especialmente na duplicação da malha rodoviária brasileira”.
Óleo diesel
“Há reivindicações do MUBC para subsídio ao óleo diesel. É um combustível que todos sabem que é subsidiado no Brasil para baratear o transporte das cargas, já que o modal rodoviário é o principal para o transporte das cargas brasileiras. Então não há como fazer outro subsídio para transporte de cargas, uma vez que o óleo diesel serve a vários setores, e não seria possível controlar o que iria para o transporte de cargas ou não. E o subsídio já é dado, numa compensação com os diversos combustíveis brasileiros”. (AJ)