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FERROVIAS
Transnordestina: Novo fundo assinado por Lula prevê aporte de R$ 3,6 bi e mais de 4 mil empregos no Ceará
Com um novo formato de investimentos sancionado nesta sexta-feira pelo presidente Lula, as obras da Transnordestina ganharam fôlego. A assinatura que deu esse impulso foi a de criação do Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS). A expectativa é de que o novo fundo arrecade cerca de R$ 10 bilhões, com R$ 3,6 bilhões previstos para serem aplicados na ferrovia. O ministro Renan Filho participou da cerimônia para sanção que aconteceu no Porto do Pecém (CE), onde destacou que a entrega deste projeto é uma prioridade.
“São 12 bilhões de reais ao todo, Transnordestina é a maior obra de infraestrutura do Nordeste. E vamos fazer os três braços: Piauí, Ceará e Pernambuco. Integrar a região é um compromisso. O governo passado abandonou Pernambuco na estratégia de desenvolvimento, corrigimos esse equívoco. Com esse novo aporte, a gente prevê que até 2027 concluímos a obra, mas esse evento é um convite para concluir ainda neste mandato do presidente Lula”, pontuou Renan Filho.
O presidente Lula acompanhou a fala do ministro, revelando o peso da obra em sua história pessoal e política. “Minha mãe teve que sair de Caetés (PE) como outros muitos para buscar sustento em São Paulo. E a vida inteira ouvi que tudo o que tinha de ruim era no Nordeste. Pior índice de alfabetização, no Nordeste. Pior índice de desenvolvimento humano, no Nordeste. Essa obra, eu dou importância a ela desde o meu primeiro mandato, para que essa região seja lembrada pelo progresso. Antes de eu deixar a presidência, quero andar na Transnordestina até esse porto!”.
A liberação de recursos pelo Fundo de Investimento em Infraestrutura Social vai ocorrer através de financiamento pelo Banco do Nordeste. Para a Transnordestina, estão previstos repasses no valor de R$ 1 bilhão por ano entre 2024 e 2026, e mais R$ 600 milhões em 2027. O dinheiro permitirá a conclusão de mais de mil quilômetros de trilhos que correspondem a três trechos próximos ao Porto do Pecém. A execução desta parte da obra está a cargo da Transnordestina Logística (TLSA), controlada pelo grupo CSN.
“A liberação dos recursos teve um trabalho conjunto do Governo Federal, do Ministério dos Transportes e dos governos estaduais. Fundamental para o avanço dos trabalhos.”, resumiu o presidente da Transnordestina Logística, Tufi Daher Filho.
As obras da Transnordestina retomaram o ritmo acelerado em 2023, com a volta de investimentos federais. O empenho do governo é para que a entrega da Fase 1 da ferrovia ocorra até 2027 e até 2029 a Fase 2. O empreendimento é considerado estratégico para o transporte de grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério, principalmente com fins de exportação, alavancando a balança comercial brasileira.
Ferrovia de histórias
Duas mulheres nordestinas e engenheiras. Duas histórias que se cruzam nos trilhos da Transnordestina. Larissa Araújo, 32 anos, e Islay Lopes, 30 anos, cresceram ouvindo relatos de tios e avós sobre longas viagens de trem do interior para Fortaleza. Histórias de um tempo em que as ferrovias eram um dos principais meios de transporte de pessoas para longas distâncias. Hoje, elas trabalham juntas no planejamento e execução do maior desafio de infraestrutura do Brasil e comemoram o anúncio de recursos que serão decisivos para a conclusão deste projeto.
Larissa é de Fortaleza e o traçado da Transnordestina carrega a identidade da família dela, originalmente de Cedro e que veio para a capital trazida por antigas locomotivas. “Minha primeira relação com as ferrovias foi ouvindo histórias da minha família, que usava o trem de passageiros, uma linha da FTL antiga. A mesma linha que a gente vai passar por perto, acompanhando com o novo traçado da Transnordestina. Aquela linha foi muito utilizada pela minha mãe, assim como pelos meus tios e meus avós para vir para Fortaleza. É emocionante ver que este projeto em que eu trabalho, desta nova ferrovia, passa por uma parte da minha história, pela história da minha família”.
Quando os pais souberam que Larissa iria trabalhar no projeto da Transnordestina, a sensação foi de orgulho. “Quando eu entrei para aqui [na TSLA], meus pais ficaram muito orgulhosos tanto por ter uma filha engenheira, como por eu estar trabalhando com algo que marcou nosso passado, o trem”.
Para Islay, os olhos estão no futuro. Ela conta que nunca andou de trem e espera ansiosa ver os vagões correrem pelos trilhos da Transnordestina. “Sou do interior e minha tia contava histórias de quando ela andava de trem. Eu nunca andei, não tem muitos hoje, mas trabalhar nessa ferrovia é ver o projeto saindo do papel. E quem sabe um dia eu não ando também nos trens da Transnordestina”. O trabalho dela envolve cálculo de orçamento das obras. “Meu sentimento hoje é de orgulho e felicidade. Estou muito feliz, vai chegar verba. O resultado disso é a obra saindo”, comemora.
O projeto da Transnordestina conta com 1.209 quilômetros de extensão na linha principal, que liga Eliseu Martins, no Piauí, ao porto do Pecém, no Ceará, passando por Salgueiro, em Pernambuco.Também estão previstos 548 quilômetros de trilhos partindo de Salgueiro em direção ao Porto de Suape, em Pernambuco. Este braço da ferrovia havia sido excluído do contrato de concessão na gestão anterior. Em 2023, o governo federal decidiu pela inclusão do traçado no Novo PAC e agora há previsão de que sejam destinados R$ 450 milhões para este ramal.
O Ministério dos Transportes, por meio da Infra S.A., publicou o edital de contratação da empresa que será responsável pelo projeto executivo de engenharia para implantação desse trecho pernambucano em abril deste ano. Uma vez concluída, esta parte da ferrovia vai permitir o escoamento de produtos do Agreste de Pernambuco e da região do Araripe, importante polo gesseiro. O ramal ainda é considerado fundamental para a economia dos estados vizinhos da Paraíba e Alagoas.
Hidrogênio Verde
Também nesta sexta-feira (2) o presidente Lula sancionou o projeto de lei (PL nº 2.038/2023) que define a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, voltada à transição energética. O texto estabelece diretrizes para a produção, transporte e uso do hidrogênio verde e institui uma certificação voluntária e incentivos federais tributários para estimular a produção e utilização deste combustível.
“É outra coisa especial ter essa sanção hoje. A gente discute hidrogênio verde porque o mundo precisa fazer uma transição energética e o Brasil é o país que tem a matriz energética mais limpa do mundo. Isso foi garantido pelo presidente Lula lá atrás. E é por isso que a gente tem condições de fazer essa transição com o hidrogênio verde”, comentou Renan Filho.
O Ministério dos Transportes integra o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e atua em colaboração com o Ministério de Minas e Energia e demais órgãos para desenvolver projetos que facilitem a adoção de combustíveis limpos no setor de transportes. Isso inclui a implementação de infraestrutura para produção, armazenamento e distribuição, bem como incentivos para a pesquisa em veículos movidos a hidrogênio.
Assessoria Especial de Comunicação
Ministério dos Transportes