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Trabalho de servidores combate o adoecimento no trabalho
De Londrina (PR) – Um trabalho de pesquisa, iniciado ano passado, com trabalhadores que adoeceram por causa da ocupação em frigoríficos de aves, desencadeou, no último dia 13 de maio, uma operação que interditou parte do maquinário e lacrou empresa de abate de frangos em Rolândia (PR). A pesquisa foi realizada por servidoras que atuam no Serviço Social da Agência da Previdência Social (APS) Rolândia.
Considerada a maior operação do setor no Brasil, a Força-Tarefa Previdenciária intitulada a “Grande Escolha” contou com a participação da Gerência Executiva do INSS em Londrina, do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Receita Federal e da Advocacia-Geral da União (AGU).
Durante os atendimentos individuais, as assistentes sociais Cintia Guedes, Milena Simon e Paula Ramos, identificaram o adoecimento ocupacional dos trabalhadores e constataram que se destacavam nessa condição aqueles oriundos dos frigoríficos de aves da região.
Na pesquisa, foram convocados 177 trabalhadores de quatro abatedouros de aves, de um universo de 218 trabalhadores em gozo de benefício em janeiro de 2014. A Pesquisa Social evidenciou a necessidade de fortalecer a parceria com a rede pública de saúde e sindicatos da categoria, a fim de ampliar a proteção ao trabalhador. Também a Universidade Estadual de Londrina (UEL) colaborou embasando cientificamente a questão da Saúde do Trabalhador.
Durante a ação da força-tarefa, entre os dias 11 e 15 de maio, os servidores da Gerência Executiva aplicaram in loco a pesquisa com os trabalhadores da empresa de abate de aves. A pesquisa, realizada com cerca de 400 trabalhadores, mostrou que nos últimos 12 meses, mais da metade (52,9%) dos entrevistados assumiram ter tomado remédio ou aplicado emplastros ou compressas para conseguir trabalhar. Apenas 15,6% disseram não sentir qualquer tipo de desconforto durante o trabalho, como dor, formigamento ou perda de força, enquanto 38% disseram sentir dor forte na realização de suas atividades. Do total de trabalhadores entrevistados, 49,6% relataram sentir frio durante a realização de suas atividades e 25,8% disseram sentir frio às vezes.
Diariamente, são abatidos pelo frigorífico em torno de 400 mil frangos. Para essa tarefa, a empresa emprega aproximadamente 4 mil trabalhadores. Foram interditadas 45 máquinas pelos auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego por estarem irregulares e apresentarem riscos à saúde e segurança do trabalhador. Dessa maneira, a produção da fábrica foi parcialmente interrompida. A força-tarefa constatou, também, que parte dos trabalhadores chegavam a movimentar, manualmente, cargas acima de 30 toneladas.
Essa é a primeira força-tarefa a reunir esforços de vários órgãos e a valorizar a Política Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador, com a unificação dos trabalhos. A partir dessa ação, serão feitas ações regressivas pelo INSS em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU), para reaverem valores gastos pela União com afastamentos de trabalhadores se comprovado que houve negligência do empregador.
Em 2013, no Paraná, o auxílio-doença por acidente do trabalho foi concedido para 20,7 mil trabalhadores, gerando gastos de mais de R$ 20,2 milhões no período. Já no ano de 2014, esse índice baixou para 19,2 mil trabalhadores afastados em todo o Estado. A região de Londrina tem o maior índice de afastamentos de trabalhadores por acidente do trabalho de todas as cinco Gerências Executivas do Paraná. Em 2013, ocorreram 5,1 mil afastamentos e, em 2014, 5,6 mil. A despesa com o pagamento dos benefícios chegou a R$ 4,9 milhões e R$ 5,7 milhões, respectivamente, nos dois anos.
A proposta de fazer a pesquisa social teve incentivo da Representante Técnica do Serviço Social, Nara Campana, do chefe da Seção de Saúde do Trabalhador (SST), Flávio Muzzi Sant´Anna, e do Gerente Executivo, Willian Douglas de Carvalho. A pesquisa social utilizou, como instrumento de coleta de dados, entrevistas e um questionário.
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Cleusa Pozzetti Siba
(ACS/PR)