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Igualdade Salarial
Brasil avança em políticas de cuidado e igualdade salarial com apoio da cooperação Sul-Sul
Foto: Luiza Frazão
A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, e a secretária Nacional de Política de Cuidados e Família, Laís Abramo, participaram na segunda-feira (14) do painel Promoção da Igualdade Salarial e Política de Cuidados , durante a 11ª Reunião Anual Sul-Sul OIT-Brasil, realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Paula e Laís discutiram os avanços das políticas brasileiras para promover a igualdade salarial e valorizar o trabalho de cuidado, com destaque para a importância da cooperação internacional.
Paula Montagner reforçou o papel do diálogo na construção de políticas igualitárias e ressaltou a transparência salarial como um mecanismo essencial para promover a igualdade de gênero. “Nem sempre pensamos iguais, mas o diálogo é fundamental, e consideramos essa troca como um dos aspectos mais importantes da experiência brasileira”, explicou. Para ela, trata-se de uma prática que valoriza a discussão sobre cuidados e igualdade salarial. “Especialmente quando falamos de transparência nas informações”, acrescentou.
A subsecretária lembrou também que a igualdade salarial é uma conquista consagrada na Constituição e que, desde os anos 1940, é um tema de destaque na legislação trabalhista brasileira. “A igualdade salarial é um preceito constitucional, reconhecido desde a CLT, que remonta aos anos 1940, uma conquista que reflete o esforço de homens e mulheres ao longo do tempo. Não conseguimos discutir igualdade salarial sem antes considerar o que é trabalho e visibilizar todo o trabalho realizado”, afirmou Paula, referindo-se também ao trabalho invisível de cuidado realizado em casa.
Laís Abramo, por sua vez, reforça o histórico da cooperação Sul-Sul no Brasil e traz benefícios ao primeiro projeto realizado em 2006. “O primeiro projeto de cooperação Sul-Sul foi realizado em 2006 com o chanceler do Brasil na época, Celso Amorim. Já se passaram 18 anos desde então, e ver o quanto evoluímos é gratificante, embora ainda haja muito a fazer” , declarou.
Ele detalhou o papel da política de cuidados no Brasil, voltado para garantir direitos e aliviar a sobrecarga das mulheres mais vulneráveis, muitas vezes responsáveis pelo cuidado familiar. “A política de cuidados visa garantir o direito ao cuidado para todas as pessoas que dele emergem, retardando, temporariamente e redistribuindo o trabalho de cuidados não remunerados, especialmente aquele realizado por mulheres mais pobres, negras, indígenas, migrantes e moradoras de áreas rurais ou periféricas” , ressaltou.
A secretária Nacional explicou que essa responsabilidade recai, de maneira desigual, sobre as mulheres, dificultando o acesso ao mercado de trabalho e perpetuando a pobreza. Segundo dados da PNAD, 66% das mulheres com filhos de até 3 anos estão fora do mercado de trabalho, sendo que a principal razão para 66% delas é a necessidade de cuidar da casa e da família. “A organização social dos cuidados é injusta e desigual. Sem transformá-la, será impossível alcançar a igualdade de gênero e a igualdade salarial, especialmente para aquelas mulheres que sequer conseguiram entrar no mercado de trabalho” , reforçou Laís.