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“Carteira de Trabalho não tira ninguém dos programas sociais”, afirma Marinho
“Carteira de trabalho não tira ninguém dos programas sociais, como o Bolsa Família”, assegurou o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, durante o 14º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido pela CNI, nessa quarta-feira (27), em Brasília. Ele defendeu os programas sociais como forma da pessoa adquirir condições de autonomia econômica conseguindo se inserir no mercado de trabalho.
Marinho afirmou que 4,8 milhões de pessoas inseridas no programa Bolsa Família foram contratadas pelo mercado de trabalho em 2023, com 2,7 milhões delas demitidas e retornando ao Programa. “Isso significa que 1,3 milhões ficaram no mercado de trabalho. Minha preocupação é com a rotatividade que existe hoje no mercado de trabalho e com o desafio da qualificação da mão de obra e da escolarização desse trabalhador para melhorar a sua empregabilidade”, explicou o ministro durante o painel Apagão de Mão de Obra no Encontro, quando foi levantado que programas sociais tiram as pessoas do mercado de trabalho.
O debate contou com a participação do diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal; o presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI), Fausto Augusto Junior; e o jornalista e economista Ricardo Amorim.
Segundo Marinho, a saída dos programas sociais se dá porque a pessoa adquiriu uma condição de sustentabilidade social e econômica. “Os programas sociais são um colchão que tem uma mola que impulsiona a pessoa para uma condição de sustentabilidade social e econômica. Caso o trabalhador não adquira essa sustentabilidade e saia do bolsa família, ele pode voltar se ficar desempregado, porque ele já está no cadastro”, pontuou.
O ministro expressou sua preocupação com a alta rotatividade no mercado de trabalho e que os trabalhadores tenham empregos de qualidade. “Precisamos discutir a qualidade do mercado de trabalho brasileiro, se estamos praticando uma boa remuneração ou não”. Ele afirmou que desemprego está em baixa, mas ainda tem muita gente que está à disposição do mercado de trabalho. Defendeu as redes de proteção como creches para formar mais oportunidades para inserir as mulheres no mercado de trabalho e dos estrangeiros que vem para o país em busca de oportunidades, que é necessário “acolhê-los”.
Aprendizes - O ministro aproveitou a ocasião para lembrar aos participantes da importância dos programas para jovens aprendizes nas empresas. “Estamos discutindo a qualidade do trabalho dos profissionais brasileiros e é sempre importante falarmos que as empresas precisam criar programas de jovem aprendiz de acordo com as próprias necessidades, para treiná-los e efetivá-los. Sem ser apenas para cumprir percentuais trabalhistas”, reforçou Marinho.
O economista Ricardo Amorim mostrou dados e lembrou que o Brasil foi um dos países que mais derrubou a taxa de desemprego nos últimos três anos. “Uma das conquistas que tivemos nos últimos anos foi o aumento de quase 20 milhões de pessoas trabalhando formalmente entre 2021 e 2024”. “Educação transforma o mundo, mas mais que educação, é importante ter uma educação que qualifica para o que está sendo demandado pelo mercado e isso, o Sistema S faz com excelência”, finalizou o jornalista.
Para o representante do SESI, Fausto Augusto, há um descasamento entre a necessidade de mão de obra e pessoas para trabalhar, mencionando a quantidade de pessoas que, atualmente, ou não trabalham e nem estudam – conhecidos como geração nem-nem – ou trabalham de maneira informal.
Fausto lembrou que grande parte da sociedade é composta por mulheres que, além de trabalhar fora, são responsáveis pelos cuidados da casa, filhos e/ou idosos. “É sobre elas que também recaem os cuidados da família, por isso nós temos que elaborar uma política nacional de cuidados, por meio da criação de mais creches e escolas para educação infantil e debater cuidados com as pessoas idosas”, frisou.